Paris, 17 - O maior jornal da Fran�a, Le Monde, abriu em sua edi��o desta quinta-feira, 17, um artigo publicado pelo ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, condenado e preso na Opera��o Lava Jato, no qual ele defende o seu direito a ser candidato � presid�ncia em outubro. No texto, Lula se defende das acusa��es pelas quais foi condenado, denuncia a Justi�a brasileira e reitera o legado de seus governos. A publica��o acontece em meio a uma s�rie de manifestos em seu favor, incluindo uma tribuna assinada pelo ex-presidente da Fran�a Fran�ois Hollande.
O texto de Lula ocupa um espa�o nobre no jornal, na capa e em sua editoria de an�lise e opini�es. Intitulado "Porque eu quero ser mais uma vez presidente do Brasil", o ex-presidente repete o discurso que vem empregando: � inocente e vem sendo perseguido pela Justi�a, que o afasta da disputa eleitoral. "Eu sou candidato � presid�ncia do Brasil, nas elei��es de outubro, porque n�o cometi nenhum crime e porque sei que posso fazer com que o pa�s retome o caminho da democracia e do desenvolvimento para nosso povo", afirma Lula, que foi "Homem do Ano de 2009" do jornal Le Monde.
O ex-presidente tamb�m frisa as conquistas de seu governo, antes de atacar a Justi�a. "N�s tiramos da extrema mis�ria 36 milh�es de pessoas e permitimos que 40 milh�es se juntassem � classe m�dia. Nosso pa�s conheceu um prest�gio internacional excepcional", lembra. "Sete anos depois de deixar a presid�ncia e ap�s uma campanha de difama��o contra mim e meu partido da mais poderosa empresa de imprensa brasileira e dos setores judici�rios, o pa�s vive outro momento: recuos da democracia e uma crise econ�mica prolongada", diz ele.
Lula tamb�m acusa os magistrados que o condenaram de ter revirado sua casa, de seus filhos, de suas contas pessoais e do Instituto Lula "sem ter encontrado nenhuma prova contra mim, nenhum crime". "Um juiz notoriamente parcial me condenou a 12 anos de pris�o por 'fatos indeterminados'. Ele alega, falsamente, que eu seria o propriet�rio de um apartamento no qual jamais dormi, jamais tive a propriedade, n�o aproveitei e nem mesmo tive as chaves", diz, referindo-se a Sergio Moro.
Na mesma p�gina, o Monde publica tamb�m um trecho de um texto escrito pelo ex-presidente da Fran�a, Fran�ois Hollande, que pede a liberdade e a presen�a de Lula nas elei��es de outubro. O manifesto foi subescrito por seis chefes de Estado e de governo de esquerda na Europa, que j� deixaram seus cargos. S�o eles o ex-primeiros-ministros da B�lgica Elio di Rupo, da It�lia Massimo d�Alema, Enrico Letta e Romano Prodi e da Espanha, Jos� Luis Rodriguez Zapatero. "A luta leg�tima e necess�ria contra a corrup��o n�o pode justificar uma opera��o que questiona os princ�pios da democracia e o direito dos povos de eleger os seus governantes", diz o texto. "N�s pedimos solenemente que o presidente Lula possa se submeter em liberdade ao sufr�gio do povo brasileiro."
Tamb�m nessa quinta-feira, o jornal Lib�ration publicou um outro manifesto suprapartid�rio, desta vez coordenado pela senadora Laurence Cohen, do Partido Comunista e presidente do grupo parlamentar Fran�a-Brasil, e assinado por dezenas de parlamentares franceses e europeus, no qual os autores questionam os rumos da democracia no pa�s. "Depois do golpe de Estado institucional contra Dilma Rousseff em 2016, a pris�o sem provas de Lula n�o pode deixar nenhum democrata indiferente. O que aconteceu com o respeito ao estado de direito no Brasil?", questionam os autores.
� reportagem, a senadora argumentou que a condena��o de Lula seria "incompat�vel com os fatos que lhe s�o imputados". "Que a Justi�a siga seu curso, que os fatos sejam comprovados, que a Justi�a fa�a seu trabalho. N�o digo que n�o � verdade. O que questiono � o processo", argumentou. "Creio que Lula n�o era um perigo para o Brasil, e temo que ele tenha sido condenado � pris�o para evitar que venha a ser candidato nas elei��es presidenciais."
(Andrei Netto, correspondente)