
Motoristas de empresas de transporte confirmaram ontem que a orienta��o de seus patr�es � que permane�am onde est�o at� que o movimento paredista chegue ao fim. Na sexta-feira, o caminhoneiro paulista H�lio Pianc�, disse que seu patr�o, de S�o Paulo, orientou que permanecesse parado. “Ele disse que se n�o houver redu��o de impostos e pre�os, ele fechar� a empresa”. Pianc� contou que percorreu 3.500 quil�metros trazendo carga de Fortaleza para Belo Horizonte, onde descarregou no domingo e aderiu ao movimento na segunda feira. Segundo o motorista, o pre�o do frete foi de R$ 3.500. Ele recebeu R$ 3 mil de adiantamento ao sair de S�o Paulo. “Cheguei em BH com R$ 30 no bolso com a carga de embalagens trazida de Fortaleza”, conta.
Alguns motoristas, que pediram para n�o serem identificados, apontaram uma carreta, parada no trevo de acesso � Refinaria Gabriel Passos (Regap), como sendo de uma empresa de grande porte de �nibus de viagens interestaduais. Segundo eles, a carreta fica parada no local, mas h� revezamento de motoristas. Eles confirmaram que algumas empresas adotaram esses procedimentos ao longo da rodovia.
Um grupo de cinco caminhoneiros ga�chos que est� parado desde a madrugada de domingo passado em um posto de combust�veis �s margens da BR-381, em Betim, disseram que a empresa, que fica no Rio Grande do Sul, n�o se manifestou sobre o posicionamento deles. “Resolvemos aderir ao movimento por conta pr�pria, mas n�o houve qualquer press�o de nossos patr�es para que voltemos � estrada”, relatou o motorista Vanderlei Vargas. As carretas est�o carregadas de vergalh�es.
Giovani Cristiano, que carrega carga com produtos de tratamento de �gua para uma empresa prestadora de servi�os de saneamento, tamb�m disse que n�o recebeu qualquer determina��o de seus empregadores para que voltasse ao trabalho. Ele disse apoiar “totalmente” o movimento e que assim permanecer� at� que se chegue a um acordo com a categoria. Ontem, ele participava com outros colegas de um churrasco com produtos doados por apoiadores.
Na tarde de sexta-feira, o chefe do N�cleo de Policiamento e Fiscaliza��o da Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF) em Minas, Alexandre Pinheiro, disse que a PRF garantiria a sa�da daqueles que manifestassem o desejo de retirada do movimento. Mas, at� a tarde de ontem, nenhum motorista pediu o apoio da for�a policial para seguir na estrada.
Mesmo com o an�ncio de que a for�a de seguran�a federal se dirigia a BR-381 em dire��o a S�o Paulo, o s�bado foi tranquilo nas imedia��es da Refinaria Gabriel Passos, em Betim. Alguns comboios de tanques foram escoltados pela Pol�cia Militar, mas n�o houve qualquer tentativa de impedimento pelos manifestantes. Eles disseram se tratar de combust�veis destinados ao abastecimento de servi�os b�sicos como hospitais, viaturas, ambul�ncias entre outros.
O an�ncio do presidente da Rep�blica sobre a aplica��o de multas de at� R$ 100 mil para quem estiver parado nas rodovias foi recebido com um misto de deboche e revolta. Pedro Gon�alves Braga, com 30 anos de estrada, morador de BH, desdenhou da amea�a: “N�o sei de onde tirar�amos esse dinheiro. A� que vamos ficar parados mesmo”. Ele e o amigo Wellington Lopes, de Contagem, disseram estar no local em solidariedade aos colegas.
APOIAM
A solidariedade da popula��o vem marcando os protestos. Em grupos ou individualmente, moradores das imedia��es onde h� pontos de concentra��o levam alimentos, �gua e at� agasalhos. Churrascos, marmitas, frutas, refrigerantes e sucos chegavam a todo momento. Grupos de ciclistas, de motoristas de vans, que aderiram ao movimento, de motoristas de coletivos e motociclistas tamb�m se juntaram aos manifestantes.
Um grupo de motoristas de caminh�es de combust�vel se divertia em torno do viol�o tocado pelo caminhoneiro Eder Cavalcanti. De acordo com o grupo, est�o parados, sem abastecer os tanques de transporte desde ter�a-feira e n�o receberam qualquer notifica��o de seus empregadores. Eles garantiram que as “amea�as oficiais” n�o provocaram nenhum impacto no movimento. “O movimento n�o � s� nosso � de todo o Brasil, haja vista o apoio que estamos recebendo de todos os setores do Brasil”.
NEVES
O caminhoneiro R. C., da transportadora Reiter, n�o estava envolvido diretamente nos atos que fecharam a BR-040, na altura do Km 517, em Ribeir�o das Neves, na Grande BH, mas cruzou os bra�os e se juntou a dezenas de outros que estavam na mesma situa��o. Ele disse que, at� amanh�, n�o voltar� a circular. “Recebemos telefonema da firma que disse que at� segunda n�o devemos nos mexer do lugar”, disse.
Segundo ele, o an�ncio do governo para zerar a Contribui��o de Interven��o do Dom�nio Econ�mico (Cide) sobre o diesel n�o atende as expectativas da categoria. “Queremos que o pre�o do diesel esteja pr�ximo ao pre�o cobrado em pa�ses vizinhos ao Brasil”, afirmou. De acordo com o site Global Petrol Prices, que monitora os pre�os de combust�veis no mundo, o diesel era vendido a R$ 4,28, em 21 de maio, no Brasil. Na lista considerando 11 pa�ses sul-americanos o litro do diesel brasieiro � o segundo mais caro, atr�s do Uruguai (R$ 5,91). Na Argentina, o litro � (R$ 4,14).
Apoio at� de criminosos no Rio
Al�m de caminhoneiros em Minas, colegas do Rio de Janeiro confirmaram estar recebendo apoio dos patr�es com dinheiro e comida. Na Rodovia Presidente Dutra, na altura de Serop�dica, na Baixada Fluminense, h� grande aglomera��o de caminh�es parados no acostamento. “Se n�o fosse o apoio do patr�o, poucos estariam aqui”, disse Evandro, que conta ser caminhoneiro h� 15 anos. As quentinhas de comida s�o vendidas por R$ 10 e disputadas entre os motoristas em greve. Muitos contam que precisam tamb�m da ajuda de moradores da regi�o para se alimentarem.
Na sexta-feira, segundo informou um grupo de caminhoneiros, quem ajudou a “tirar a barriga da mis�ria” foram criminosos. “At� os milicianos trouxeram p�o com mortadela pra ajudar a gente. Foi a minha sorte, porque n�o consegui comprar comida porque meu dinheiro acabou”, afirmou Roberto, caminhoneiro h� mais de 40 anos.
Ele informou que o patr�o deposita o dinheiro em sua conta para que se manter durante os dias de paralisa��o, mas ele n�o conseguiu sacar o valor. Roberto, ao contr�rio de colegas, negou que a greve seja manipulada pelos patr�es, mas revelou que tem recebido total apoio do dono da empresa em que trabalha.