
Cortejado pelos principais pr�-candidatos ao governo de Minas, o ex-deputado Dinis Pinheiro (SD), ex-presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, pretende disputar o Pal�cio da Liberdade.
Em entrevista ao Estado de Minas, ele afirma ter entre as principais propostas a revis�o da pol�tica tribut�ria no estado, taxando a renda e a riqueza e desonerando a produ��o e o consumo. Para a sa�de, o pr�-candidato fala em mutir�o para zerar a fila de exames e
Aliado dos senadores A�cio Neves e Antonio Anastasia e do PSDB, Dinis mant�m conversas com o grupo, mas se coloca como independente nesta pr�-campanha, em que vem percorrendo munic�pios mineiros, e diz que sua rela��o � com o povo. Dinis n�o poupa cr�ticas ao governador Fernando Pimentel e � ex-presidente Dilma Rousseff, do PT. Ele fala ainda sobre a rela��o com o ex-prefeito de BH Marcio Lacerda (PSB) e o deputado federal Rodrigo Pacheco (DEM).
Quais os principais problemas de Minas Gerais e como o senhor pretende resolver?
Minas est� quebrada, temos um governo que n�o cabe dentro do PIB. O rombo este ano do or�amento � de R$ 8 bilh�es. A capacidade de investimento, que poderia ser a not�cia boa, � praticamente zero. A folha hoje est� consumindo 69% do nosso or�amento, ultrapassando n�o somente o limite prudencial, mas o recomendado pela Lei de Responsabilidade Fiscal. A d�vida consolidada l�quida chega a algo em torno de 186% da Receita Corrente L�quida. Esses n�meros s�o refletidos na qualidade de vida dos mineiros. O governo de Minas est� devendo quase R$ 7 bilh�es somente na �rea da sa�de aos munic�pios e hospitais filantr�picos. J� vi estado ajudar munic�pio, estado quebrar munic�pio � a primeira vez. Valores constitucionais lamentavelmente est�o sendo retidos: IPVA, transporte escolar, ICMS. Os servidores est�o recebendo a primeira parcela l� pelo dia 15 ou 16 do m�s. O 13º parcelado em cinco ou seis vezes. � uma quest�o de respeito e dignidade, o servidor trabalhou tem o direito de receber pontualmente.
E de onde o senhor tiraria dinheiro para resolver isso tudo?
� algo t�o simples. � fazer o equil�brio entre receita e despesas. Evidentemente, tem que enfrentar corpora��es, eliminar privil�gios. O grande JK j� falava que o dinheiro sai da cabe�a do governador, � quest�o de priorizar. Tenho ideias para Minas. Quero que o ni�bio seja preferencialmente destinado � educa��o, para revolucionar a educa��o e pagar os professores bem, esse � um ponto fundamental. A gente precisa simplificar e fortalecer o sistema tribut�rio, tributar efetivamente a renda e a riqueza e desonerar a produ��o e o consumo. Vou dar um exemplo: o ICMS do querosene em Minas Gerais � de 3%, para atender as companhias a�reas. Por outro lado, o povo pobre e a popula��o pagam mais. Quando voc� compra arroz e feij�o, a tributa��o chega a 15%, est� errado. Olha a quest�o da sa�de, est� faltando capacidade gerencial. Minas Gerais hoje deve ter 430 mil pessoas na fila de cirurgias eletivas. � fazer o que S�o Paulo fez. Tem que eliminar a capacidade ociosa dos equipamentos e servi�os. Trabalhar 24 horas por dia para zerar essas filas de exames e procedimentos.
"Minas est� quebrada, temos um governo que n�o cabe dentro do PIB. O rombo este ano do or�amento � de R$ 8 bilh�es"
De onde cortar gasto e como conseguir dinheiro?
Tem que cortar gastos, ser duro. Administra��o nenhuma pode dar tr�gua ao desperd�cio e � improbidade. J� viu um governo de Minas ter 23 secretarias? � no m�ximo 10. Cargos comissionados, um secret�rio de estado ganhar R$ 70 mil, carros oficiais para todo lado e todo o canto. Governar � escolher prioridades. Sonho com um estado sem excel�ncias, sem privil�gios e mordomias. Quando voc� reduz gastos e desperd�cios, o desenvolvimento econ�mico � praticamente uma fatalidade. Veja, por exemplo, a quest�o das obras paradas. A tese que advogo � a institui��o de um mecanismo jur�dico que se chama performance bond, que � usado nos Estados Unidos para acabar com aditivos, superfaturamento, com os esqueletos e a corrup��o. � um seguro-garantia que assegura a plena execu��o da obra. Est� certo ficar jogando essa juventude no sistema prisional, que � uma f�brica de criminosos? Tem que buscar pena alternativa, botar uma tornozeleira para aquele de baixa periculosidade trabalhar. Defendo a desonera��o de rem�dios para idosos carentes. Na sa�de, defendo que o estado, atrav�s da Uemg e da Unimontes, ofere�a oportunidades a estudantes carentes para cursar medicina e que, depois de formados, eles restituam � sociedade, trabalhando prioritariamente nas comunidades mais carentes.
O senhor v� um prazo para resolver os problemas do escalonamento, a d�vida com os prefeitos e o d�ficit?
Evidentemente, tem que fazer um diagn�stico, mas isso � pra ontem, porque ningu�m suporta mais. Voc� trabalhou e tem que receber. Essa quest�o de munic�pio � algo que n�o pode ser retido em hip�tese alguma. Todas as medidas t�m que ser tomadas urgentemente, tem que tomar as medidas certas.
Qual avalia��o o senhor faz do governo Pimentel?
N�o reprovo a sua boa inten��o, ele tentou, se esfor�ou, mas n�o conseguiu, o resultado n�o tem sido positivo. O mineiro est� insatisfeito, indignado e revoltado. N�s temos um governo tributarista e n�o desenvolvimentista. A cada ano que passa, esse governo Pimentel tributa mais o cidad�o, o pobre paga mais imposto, e a popula��o tem que bancar a aposentadoria e a inefici�ncia de um governo. Ele teve a oportunidade e agora � hora de mudar, de buscar outro caminho. O mineiro quer um governo transformador, deseja um governo vencedor.
A falta de experi�ncia do senhor em cargos no Executivo � fator de desvantagem neste momento em que o estado passa por toda essa dificuldade?
J� imaginou Dinis Pinheiro � frente do Executivo? Com a coragem e moral para fazer o que � certo com experi�ncia de vida que absorveu no parlamento de Minas. Se no Legislativo j� fiz tanta coisa boa a favor de Minas, imagina no Executivo? Minas est� querendo algu�m com coragem moral e pulso firme para fazer o que � necess�rio. O povo est� cansado, muito machucado com tudo isso que est� havendo em Minas e no Brasil.
"Nossos pol�ticos, nossa elite burocr�tica, ainda n�o ca�ram na real, se distanciaram do povo"
Em 2014, o senhor abriu m�o de uma reelei��o praticamente garantida para ser candidato a vice na chapa do Pimenta da Veiga. O senhor se arrependeu? Como foi esse per�odo sem mandato?
Gratificante. Deixei a boa marca, demos � Assembleia uma dimens�o �tica, mission�ria, que cuida dos pobres, perseguiu o desenvolvimento, foi uma Casa de exemplos. � isso que o povo est� precisando. Nossos pol�ticos, nossa elite burocr�tica, ainda n�o ca�ram na real, se distanciaram do povo. L� sempre tive esse cuidado de devotar respeito ao cidad�o porque ele que depositou a esperan�a. Sou muito grato �quele momento, miss�o cumprida.
O senhor vai ser candidato ao governo ou ao Senado? A disputa para deputado est� descartada?
Miss�o cumprida, ficha limpa, vida honrada, decente, sempre muito pr�ximo da realidade das pessoas, acho isso uma qualidade imprescind�vel a quem quer exercer vida p�blica. Tem que estar pr�ximo dos pobres, sentir a dores do cidad�o comum. Ali (como deputado) a minha miss�o est� muito bem cumprida. O partido est� muito determinado na quest�o majorit�ria no nosso nome para o governo de Minas. Se essa for a determina��o, n�o vai faltar a mim a coragem, Deus me poupou do sentimento do medo. N�o estou buscando cargo, estou buscando miss�o. � miss�o de renovar Minas Gerais e buscar novo caminho.
Caso seja candidato ao Senado, o senhor deve enfrentar a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Como v� a participa��o dela na disputa?
Dilma n�o tem intimidade com Minas Gerais. Acho (a candidatura dela) um desrespeito � intelig�ncia dos mineiros. Qual o legado ela deixou para n�s? S�o 14 milh�es de desempregados. O mineiro � inteligente, altru�sta, tem um esp�rito vencedor, sabe muito bem o que quer.
O ex-prefeito Marcio Lacerda dizia que voc�s tinham um pacto de disputar juntos as elei��es. Isso est� mantido?
Lacerda � um homem trabalhador e honesto, ficha limpa. Temos muita comunh�o de valores e, se ele vier a ser governador, algo vai estar consagrado, assegurado. Os valores da dec�ncia, da �tica, do esp�rito p�blico. Tenho muito respeito por ele.
O que mudou para o senhor com a entrada do ex-governador Anastasia como pr�-candidato ao governo? Poderia retirar sua candidatura para apoi�-lo?
Anastasia tem uma vida p�blica reta, um homem p�blico digno, de intelig�ncia vers�til. Tenho por ele grande admira��o. Essa quest�o est� sendo conduzida pelo partido, que est� muito motivado em conduzir esse processo de renova��o de Minas Gerais. Estamos muito sintonizados com o pensamento do mineiro. O mineiro quer vida nova, um caminho novo.
O senhor � muito ligado ao senador A�cio Neves e ao PSDB. Nessa elei��o em que todos estar�o ligados na quest�o da Lava-Jato e questionando os pol�ticos, isso pode atrapalhar? Como explicar ao eleitor?
Sou um homem de princ�pios e ideias. Se voc� olhar um pouquinho minha hist�ria, vai ver que fui eleito a primeira vez pelo PSD, com 26 anos. Depois fui eleito pelo PL, que naquele momento apoiou Lula e Jos� Alencar. Em 2006, fui eleito pelo PSDB e reeleito depois. Nessas duas �ltimas elei��es, fui o mais votado da hist�ria de Minas e exerci a presid�ncia da Assembleia. O PSDB fez um bom governo, transforma��es importantes. Mas a minha identifica��o � com o povo, com a sociedade. Convivo bem com todos e at� nossas diverg�ncias s�o no campo das ideias. Cada um tem um jeito de encarar a vida p�blica, a gente n�o pode diminuir quem quer que seja. Quem quiser servir a Minas merece o nosso respeito, independentemente da cor partid�ria. O PSDB tem um candidato de elevada qualifica��o.
"Dilma n�o tem intimidade com Minas Gerais, acho (a candidatura dela) um desrespeito � intelig�ncia dos mineiros"
A Assembleia aceitou pedido de impeachment do governador Pimentel. Como ex-presidente da Casa, o senhor v� motivo para o afastamento?
Algo grave compete t�o somente � Assembleia se manifestar.
Sua sa�da do PP foi traum�tica, em meio a uma briga no partido para apoiar Rodrigo Pacheco. Como est� a rela��o com a legenda?
Boa. Olho para frente. Agora, esse jogo de Bras�lia, do caciquismo, de bastidor, mi�do, vou perder de 10 a zero sempre. Quero ser vencedor na minha rela��o com as pessoas e no exerc�cio da minha vida p�blica. Eu quero aqui discutir a quest�o da sa�de, da educa��o, dos jovens, dos munic�pios, do ni�bio, que � a grande riqueza que Minas tem e tem que ser melhor explorada.
Na �poca, o senhor disse que Rodrigo Pacheco seria adepto dessa pol�tica mi�da. J� conversou com ele. Como o v� hoje?
Tenho uma conviv�ncia muito boa com ele, que representa uma nova gera��o, tem tido um desempenho bom em Bras�lia, a gente tem que reconhecer. Acho que ele est� com muita energia e disposi��o para servir a Minas, � algo muito saud�vel.