
Bras�lia – Em busca de sobreviv�ncia, pol�ticos profissionais reagem � possibilidade de rejei��o e buscam novas alternativas para se eleger. Em todas as esferas do poder, garantem especialistas, pipocam candidatos em busca de cargos eletivos. Essa polariza��o cria dificuldades eleitorais aos que n�o t�m uma base forte nem trazem consigo grandes realiza��es durante a vida p�blica. Quem n�o se garante ter� que recuar e encontrar novas maneiras, ainda que com menos votos e, decorrente disso, menos poder, para n�o deixar o jogo e perder seu capital pol�tico.
A lista de exemplos � enorme, especialmente entre os petistas. Com claras dificuldades para se reeleger no Paran�, a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, que responde por corrup��o e lavagem de dinheiro no �mbito da Lava-Jato, dever� disputar uma vaga na C�mara dos Deputados. Pesquisas apontam que h� poucas chances de a porta-voz do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva sobreviver � disputa eleitoral sem ajuda dele.
"O candidato n�o quer correr o risco de se sujeitar a uma vota��o baixa porque, al�m de fragilizar a imagem, pode o deixar sem nada"
Rui Tavares, cientista pol�tico
A ex-presidente Dilma Rousseff (PT-MG), que sofreu impeachment h� dois anos, chegou a mudar o domic�lio eleitoral para tentar uma vaga no Senado. �, inclusive, a mais bem cotada para representar os mineiros na Casa, com mais de 25% das inten��es de voto. Tamb�m deve passar pelo “downgrade” o senador Humberto Costa (PT-PE), que, com baixa popularidade, sai do Senado rumo � C�mara.
A dificuldade nas urnas alcan�ou tamb�m o senador A�cio Neves (PSDB-MG), que outrora candidato a presidente, deve transitar em alguma vaga no Congresso e corre o risco at� de n�o se candidatar a nada. Essa �ltima possibilidade � falada entre os tucanos, que defendem o descanso da imagem dele. “Ele precisa tentar voar mais baixo. Os tempos de gl�ria, quando se tentava subir para a Presid�ncia da Rep�blica, passaram”, explica um assessor do partido no parlamento.
Na C�mara, a deputada federal Brunny (PR-MG), que trocou o domic�lio eleitoral de Minas Gerais para o Distrito Federal, ilustra uma prov�vel fraqueza nas urnas. Em vez de ficar sem mandato, ela vai se candidatar a deputada estadual em Bras�lia. A parlamentar disse que “apenas aceitou o convite”, mas, internamente, seus pr�prios assessores duvidavam de reelei��o em �mbito federal.
O ex-governador Beto Richa (PSDB-PR), cuja imagem foi arranhada por causa de uma dela��o premiada, tamb�m v� mais viabilidade em uma disputa “menor”. Vai tentar ocupar uma das 81 cadeiras do sal�o azul. “Sem d�vida, um passo para tr�s. Mas a ideia � dar dois � frente”, declararam aliados.
Para o cientista pol�tico Rui Tavares Maluf, da Funda��o Escola de Sociologia e Pol�tica de S�o Paulo, o movimento demonstra que a velha f�rmula de governar � ineficaz. “O candidato n�o quer correr o risco de se sujeitar a uma vota��o baixa porque, al�m de fragilizar a imagem, pode o deixar sem nada. O que os pol�ticos profissionais sabem fazer al�m de governar e legislar?”, questionou.
Segundo Maluf, o movimento n�o � in�dito mas est� mais vis�vel que nos �ltimos anos. “Pode ser a t�nica das elei��es, que t�m um contorno particular. Quando o sistema ainda n�o estava t�o tumultuado, houve movimentos que ningu�m reparou. A mudan�a foi a ordem pol�tica e a grandeza dessas quedas exposta pela imprensa”.