S�o Paulo, 22 - O engenheiro H�lio Roberto Correa, fiscal da Dersa (Desenvolvimento Rodovi�rio S/A) na constru��o do Trecho Norte do Rodoanel, confirmou � Opera��o Pedra no Caminho, a "press�o pela mudan�a de pre�o" das obras. Os investigadores calculam desvios de R$ 600 milh�es no empreendimento. Nesta quinta-feira, 21, a Pol�cia Federal prendeu o ex-diretor-presidente da estatal paulista Laurence Casagrande Louren�o, que foi secret�rio de Log�stica e Transportes do Governo Alckmin (PSDB).
H�lio Correa tamb�m teve a pris�o tempor�ria decretada pela ju�za Maria Isabel do Prado, da 5.� Vara Criminal Federal, a pedido da PF. Al�m dele e do ex-diretor-presidente da Dersa, a magistrada mandou prender o diretor de Engenharia da estatal, Pedro da Silva, e outros 12 investigados.
Aos investigadores, o engenheiro relatou que foi subordinado a Em�lio Urbano Squarcina, gerente de Obras 11, respons�vel pela constru��o do Rodoanel at� sua sa�da. Pressionado a mudar custos da obra, Em�lio se negou a assinar tais altera��es contratuais e perdeu o cargo.
"Em�lio foi substitu�do por Pedro Paulo Dantas do Amaral em setembro de 2015, em raz�o da press�o pela mudan�a de pre�o; que Pedro Paulo j� era gerente da Divis�o de Obras I, relacionadas a outras obras que n�o a do Rodoanel, por exemplo, Tamoios e contorno", contou o engenheiro H�lio Correa.
"Pedro Silva, diretor de Engenharia da Dersa, determinou a dissolu��o da Ger�ncia de Obras II ocupada por Em�lio diante da discord�ncia dele em rela��o � mudan�a de pre�os em todos os lotes e a consequente sa�da de Em�lio para o Departamento Hidrovi�rio", revela o engenheiro.
Ele afirmou que "as ger�ncias de obra I e II foram unificadas e passaram a ser ocupadas por Pedro Paulo Dantas do Amaral".
H�lio Correa declarou que "n�o concordou com os aditamentos ao contrato que as empresas pretendiam".
"Laurence Casagrande, presidente da Dersa, editou uma portaria unificando as ger�ncias; que n�o detectou queda de produtividade da extra��o de materiais do Lote 5 que justificasse a mudan�a de pre�os", disse.
"N�o haveria necessidade de aumentar o valor de R$ 646 milh�es no Lote 5 porque existem folgas, gorduras nas quantidades previstas no projeto executivo e que o crit�rio de medi��o de pre�os unit�rios viabiliza isso (s� paga o que � medido)."
Defesas
Em nota, o criminalista Daniel Bialski, que defende Pedro Paulo Dantas do Amaral Campos, gestor do Centro de Opera��es do trecho Norte da Dersa, ressalta que "a pris�o � desnecess�ria". "N�o podemos esquecer que a cust�dia em qualquer modalidade � uma exce��o e n�o h� demonstra��o de que era imprescind�vel. Pedro � exemplar funcion�rio de carreira na Dersa, com elogios e sem qualquer m�cula. Ele prestar� todos os esclarecimentos necess�rios, j� que n�o praticou qualquer ilicitude e aguardar� a revoga��o da medida imposta", finaliza Bialski.
Para o criminalista Eduardo Carnel�s, que defende Laurence Casagrande, "a pris�o de Laurence � ilegal, injusta." "Por que o sr. Laurence n�o foi ouvido antes? Tem cabimento prender antes de ser ouvido? Ele teria prestado todos os esclarecimentos. Depois, eles poderiam confirmar ou n�o as informa��es dadas por ele", diz Carnel�s em nota divulgada ontem.
De acordo com Carnel�s, o "sr. Laurence Casagrande � alvo de uma grande injusti�a. Ele � um profissional exemplar, uma vida patrimonial absolutamente correta. � uma pessoa met�dica, foi auditor da Kroll. Em seu depoimento na Pol�cia Federal nesta quinta-feira ele respondeu a todas as quest�es que lhe foram feitas pela Pol�cia Federal. E entregou documentos que demonstram n�o ter havido ilegalidade em seus atos."
O presidente nacional do PSDB, Geraldo Alckmin, reitera seu total apoio �s investiga��es. Se houve desvio, Alckmin defende puni��o exemplar. Caso contr�rio, que o direito de defesa prevale�a. Com rela��o ao caso mencionado pela reportagem, o ex-governador de S�o Paulo refor�a que todas as informa��es solicitadas foram prestadas pela DERSA ao TCU, que ainda n�o julgou o caso.
A Dersa afirma em nota: "A DERSA - Desenvolvimento Rodovi�rio S/A e o Governo de S�o Paulo s�o os maiores interessados acerca do andamento do processo. Havendo qualquer eventual preju�zo ao er�rio p�blico, o Estado adotar� as medidas cab�veis, como j� agiu em outras ocasi�es".
Em nota divulgada ontem, a OAS afirmou que "agentes da Pol�cia Federal estiveram nesta manh� na sede da OAS em S�o Paulo, numa opera��o de busca e apreens�o de documentos relativos a obras do Rodoanel paulista, das quais � respons�vel pelos Lotes 2 e 3 do trecho Norte. Um ex-executivo da empresa que esteve � frente do projeto - fora dos quadros da companhia desde 2016 - tamb�m teve pris�o tempor�ria decretada."
"Em raz�o desses acontecimentos, a nova gest�o da OAS esclarece � opini�o p�blica, aos nossos colaboradores, aos nossos credores e aos nossos fornecedores que considera relevante n�o deixar pairar d�vidas ou suspeitas sobre os neg�cios anteriores � sua chegada ao comando da empresa. Em raz�o disso, os atuais gestores da construtora t�m prestado �s autoridades todos os esclarecimentos a respeito de atividades e contratos sobre os quais haja questionamentos - no projeto do Rodoanel em particular e em todos os outros que realiza", afirma na nota.
"A OAS j� firmou acordos com o Cade e vem trabalhando com outros �rg�os fiscalizadores para acertar contas com o Estado e o povo brasileiro. A nova gest�o da OAS entende que colaborar para elucidar tais questionamentos � um imperativo para dar continuidade a suas opera��es de acordo com os mais elevados padr�es de �tica e transpar�ncia corporativa, �nico caminho poss�vel para recuperar o lugar de excel�ncia que sempre ocupou na engenharia do pa�s", conclui.
J� a Assessoria de Imprensa do Governo de S�o Paulo afirmou que "determinou � Corregedoria Geral da Administra��o a abertura de sindic�ncia para apurar os fatos hoje revelados. Laurence Casagrande renunciou � presid�ncia da Cesp para poder se defender. No seu lugar assume interinamente o diretor financeiro Almir Fernando Martins".
O criminalista Marcelo Leonardo, constitu�do pela empreiteira Mendes Junior, disse que ainda n�o teve acesso aos autos da Opera��o Pedra no Caminho. "Como ainda n�o tivemos acesso aos autos n�o temos nada a declarar por enquanto."
Em nota, a Assessoria de Imprensa da CESP afirmou: "A Companhia Energ�tica de S�o Paulo n�o vai se pronunciar porque os fatos, alvos da opera��o, n�o aconteceram no �mbito da Empresa, nem no per�odo em que o sr. Laurence Casagrande Louren�o preside a Companhia."
(Julia Affonso, Fabio Leite e Luiz Vassallo)