Bras�lia, 30 - Estagnado nas pesquisas de inten��o de voto, Henrique Meirelles far� uma aposta de risco para obter apoio e conseguir ser oficializado como candidato do MDB ao Pal�cio do Planalto. Sob desgaste de ter sido ministro da Fazenda do governo de Michel Temer, campe�o no quesito impopularidade, Meirelles vai engrossar o discurso e usar na campanha o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), que, apesar de condenado e preso na Lava Jato, ainda lidera
pesquisas de inten��o de voto quando seu nome � testado.
A mudan�a de tom come�ou na quinta-feira, ap�s a equipe de comunica��o de Meirelles concluir que, para crescer nas pesquisas, onde tem 1%, ele precisa �surpreender�, criar fatos pol�ticos e chamar a aten��o. O ataque aos advers�rios Jair Bolsonaro (PSL) e Ciro Gomes (PDT) faz parte da estrat�gia. A etapa seguinte ser� explorar a �heran�a� de Lula.
A ideia � destacar que Meirelles foi presidente do Banco Central nos dois mandatos do petista (2003 a 2010). Enquanto a defesa do legado de Temer aparece nas pesquisas como um �fardo� dif�cil de carregar, a vincula��o com Lula � vista como um �trunfo�. O ex-ministro faz quest�o, por�m, de separar Lula da ex-presidente Dilma Rousseff.
Na sexta � noite (29) � noite, em palestra para empres�rios do Distrito Federal, Meirelles culpou Dilma pelo agravamento da crise. Ao criticar Bolsonaro e Ciro, sob o argumento de que h� candidatos que desejam acabar com o teto de gastos, ele deu uma estocada em Dilma. �Isso me lembra de uma reuni�o de 2006, na qual a ent�o chefe da Casa Civil (do governo Lula) fez uma afirma��o impressionante. Ela disse: �Despesa p�blica � vida��, afirmou Meirelles. Em seguida, deixou clara sua diverg�ncia com a petista. �Precisa ver para quem, n�o �?�, provocou.
Na pr�tica, a campanha quer mostrar que o ex-chefe da equipe econ�mica � um homem t�o �preparado� para tirar o Brasil da crise que est� acima de ideologias e partidos. N�o ser� uma tarefa f�cil, mesmo porque dirigentes do MDB n�o o liberaram da miss�o de defender o �legado� de Temer, reprovado por 79% dos eleitores, de acordo com pesquisa CNI/Ibope.
�O primeiro princ�pio de um candidato cr�vel � ser fiel � sua biografia e o Meirelles est�, cada vez mais, assumindo o que fez�, afirmou o ministro Moreira Franco (Minas e Energia). �Ele foi chamado novamente para tirar o Brasil de uma situa��o de crise, assim como foi chamado pelo Lula quando a situa��o era grav�ssima. E ele n�o fugiu do chamamento�, completou.
Em carta de pr�prio punho divulgada nas redes sociais, Meirelles diz que nunca aceitou a divis�o do Pa�s. �Atendi ao convite de Lula e tenho orgulho de ter comandado o Banco Central e a economia no per�odo mais pr�spero da hist�ria recente. Tenho orgulho de que meu trabalho naquele per�odo possibilitou que tantas pessoas sa�ssem da pobreza rumo � classe m�dia�, escreveu.
O figurino que o MDB quer vestir em Meirelles, a 99 dias da elei��o, � o de candidato de centro com bom tr�nsito em v�rias alas, al�m de ter �equil�brio� e �pulso firme� para apagar inc�ndios. Por isso a campanha � ancorada pelo mote #ChamaOMeirelles. O problema � que, ao contr�rio do que ele pr�prio previa, a economia n�o reagiu e o desemprego continua muito alto.
A manuten��o do ex-ministro no p�reo depende agora das circunst�ncias pol�ticas e do seu crescimento nas pesquisas. A portas fechadas, dirigentes do MDB afirmam que Meirelles somente ser� levado � conven��o do partido - prevista para o fim de julho ou in�cio de agosto - se houver uma avalia��o interna de que ele tem potencial para se tornar competitivo.
Se o quadro n�o mudar, a tend�ncia do MDB ser� a de n�o apresentar chapa pr�pria e liberar arranjos regionais.
(Vera Rosa. Colaboraram Julia Lindner e Anne Warth)