A campanha ao governo de Minas inaugura este ano novo estilo. Velhas promessas de um lugar ao c�u cederam lugar ao “choque de realidade” mais pr�ximo ao inferno: cortes de investimentos, cortes em contrata��es, cortes de cargos comissionados, depend�ncia da recupera��o econ�mica do pa�s para o aumento da arrecada��o, para n�o falar da depend�ncia dos favores do governo federal. Tudo isso para sinalizar ao eleitor com ojeriza � pol�tica que o “discurso � sincero”: o que se tem pela frente ser� um d�ficit estimado ontem pelo pr�-candidato ao Pal�cio da Liberdade e senador Antonio Anastasia (PSDB) de R$ 20 bilh�es, mas, que na avalia��o do tamb�m pr�-candidato e ex-prefeito Marcio Lacerda (PSB) ser� de R$ 30 bilh�es contra um or�amento de aproximadamente R$ 100 bilh�es.
"As medidas para colocar o estado em ordem, no seu equil�brio financeiro, v�o demorar. Essa demora ser� de oito meses, um ano? N�o sei. Vamos aguardar o conhecimento pleno da realidade" - Senador Antonio Anastasia, pr�-candidato do PSDB ao governo de Minas
Ao abrir o encontro, o presidente da Granbel e prefeito de Nova Lima, V�tor Penido (DEM), chegou a considerar “quase um suic�dio” quem se arrisca a vencer as elei��es. J� o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), prenunciou elei��es “muito duras”, “amargas” , que longe de seduzir o eleitor, cumprir�o o efeito contr�rio.
“D�ficit or�ament�rio de R$ 30 bilh�es, d�vida com munic�pios, atrasos de pagamentos de toda ordem. Infelizmente, o governo estadual n�o tomou medidas que precisava, deixou o carro desgovernar ladeira abaixo e at� aumentou despesas desnecessariamente”, criticou Marcio Lacerda. Segundo ele, diante do “desastre financeiro”, os atrasos de pagamento v�o continuar por algum tempo. “N�o existe m�gica, o que se pode fazer, e h� muito, � primeiro dar o exemplo. Por que um governo faz licita��o para comprar alimentos e bebidas importadas para servir o Pal�cio? Eu, se fosse governador, suspenderia por tr�s anos at� essas entregas de medalha”, afirmou Marcio Lacerda, que, antes de iniciar a sua exposi��o, declarou � imprensa que vai concorrer ao governo de Minas, est� elaborando o seu plano de governo, descartando vir a se integrar como vice a chapa ao Pal�cio do Planalto de Ciro Gomes (PDT).
No mesmo tom, prometendo medidas duras e o “corte mais profundo que j� se viu na hist�ria de Minas”, Antonio Anastasia projetou d�ficit no estado de R$ 20 bilh�es. “Esta � a expectativa, o n�mero que corre informalmente. Temo que o valor seja mais alto do que R$ 8 bilh�es informado pelo atual governo”, considerou Anastasia. “H� os restos a pagar que se somam a outras atrocidades. O Poder Executivo tirou do Poder Judici�rio R$ 6 bilh�es das contas judiciais de pessoas privadas. Esse � o drama. Dizem que o d�ficit � de R$ 20 bilh�es, quantia extraordin�ria para um or�amento que n�o chega a R$ 100 bilh�es”, afirmou.
SEM BOLA DE CRISTAL Assim como Lacerda, Anastasia afirmou que no curto prazo n�o haver� como reverter o atual quadro fiscal. “Isso � imposs�vel, n�o existe m�gica para isso. As medidas para colocar o estado em ordem, no seu equil�brio financeiro, v�o demorar”, afirmou, descartando “bola de cristal” com previs�es de quando as contas estar�o em equil�brio. “Essa demora ser� de oito meses, um ano? N�o sei. Vamos aguardar o conhecimento pleno da realidade”, disse, defendendo medidas que chamou de “converg�ncia” com o governo federal.
"D�ficit or�ament�rio de R$ 30 bilh�es, d�vida com munic�pios, atrasos de pagamentos de toda ordem. O governo estadual n�o tomou medidas que precisava, aumentou despesas desnecessariamente" - Ex-prefeito Marcio Lacerda, pr�-candidato do PSB ao governo de Minas
“� imprescind�vel uma alian�a forte com o governo federal”, disse Anastasia citando situa��es como a necessidade da revis�o da Lei Kandir e da recupera��o dos cr�ditos de Minas junto ao governo federal. O tucano tamb�m condicionou a recupera��o de Minas ao crescimento econ�mico do pa�s. “Se continuamos em depress�o, o ICMS vai continuar caindo e n�o conseguiremos recuperar. Com crescimento e fazendo o dever de casa teremos condi��es a m�dio prazo de avan�ar”, salientou, frisando que nos pr�ximos quatro anos, o governo conseguir� no m�ximo “colocar ordem na casa”.
O novo estilo de campanha, que em outros tempos seria chamado de “sinceric�dio”, foi inaugurado em Minas por Alexandre Kalil quando concorreu � Prefeitura de Belo Horizonte em 2016. “Quem levar a mensagem verdadeira, sem mirabolismos, vai ser eleito governador. Levei uma mensagem, tinha o que falar. Falei a verdade. Disse que n�o �amos fazer metr�, que era mentira. Os problemas est�o a�, avisei durante as elei��es”, disse o prefeito.