Marina se aproxima de pastores contr�rios � bancada evang�lica

S�o Paulo, 14 - Na busca pelo eleitorado evang�lico, a pr�-candidata da Rede � Presid�ncia da Rep�blica, Marina Silva, deu uma demonstra��o, na noite desta sexta-feira, 13, de aproxima��o com pastores de igrejas hist�ricas que se distanciam da pauta defendida pela bancada evang�lica no Congresso Nacional.

O movimento foi visto por interlocutores e l�deres religiosos como contraponto a Jair Bolsonaro (PSL), presidenci�vel que vem recebendo apoio de figuras evang�licas cr�ticas a Marina.

Marina se reuniu, na capital paulista, com um grupo de pastores composto em sua maioria por presbiterianos, batistas e luteranos que j� a apoiaram em elei��es anteriores. No discurso, ela defendeu pontos de uma reforma pol�tica apresentada pelo movimento Reforma Brasil, encabe�ado pela Primeira Igreja Presbiteriana Independente de S�o Paulo.

"Tenho a felicidade de ter o voto de evang�lico, voto de cat�lico, voto de esp�rita, voto de quem cr� e voto de quem n�o cr�. Porque eu me dirijo aos cidad�os brasileiros e respeitando a f� de cada um e, sobretudo, n�o negando tamb�m minha identidade", disse a pr�-candidata, quando perguntada por um jornalista se ela se considerava detentora do voto evang�lico assim como Jair Bolsonaro. Ela fez quest�o de citar que h� pesquisas apontando que os fi�is n�o tendem a votar em quem o pastor pede, mas com base em uma escolha livre.

Enquanto Marina falava de reforma pol�tica e insistia que n�o queria "rotular" seu eleitorado entre os evang�licos, pastores ouvidos pelo

Estad�o/Broadcast Pol�tico

apontaram a pr�-candidata como porta-voz de um programa amplo de governo que a coloca, na vis�o desses l�deres, como alternativa a um discurso extremista de Jair Bolsonaro.

Para a ocasi�o, Marina levou uma claque composta pelos principais articuladores de sua pr�-campanha. Estavam a coordenadora de campanha, Andrea Gouvea, o coordenador de alian�as, Pedro Ivo, e os coordenadores de mobiliza��o, Lucas Brand�o e Lais Garcia, al�m de integrantes de movimentos sociais que apoiam a presidenci�vel e pr�-candidatos da Rede em S�o Paulo.

Chamada de "linda" por um dos pastores quando subiu ao palco, Marina arrancou aplausos no momento em que se posicionou contra a proposta de armar os cidad�os. Tamb�m recebeu uma ora��o em que se pedia "esperan�a em dias melhores" para o Pa�s.

Na palestra, Marina concordou com o manifesto do movimento que pedia o fim do foro privilegiado, e ainda sugeriu um plebiscito para consultar a popula��o sobre a prerrogativa. Tamb�m se posicionou favor�vel ao voto distrital misto e defendeu mandatos para presidente da Rep�blica com dura��o de cinco anos sem reelei��o, a partir de 2022.

Ela finalizou sua participa��o com cr�ticas ao bloco do "Centr�o", que negocia uma alian�a eleitoral com Ciro Gomes (PDT) ou Geraldo Alckmin (PSDB). "Para a face do Centr�o, vamos apostar na popula��o", disse.

Respondendo a perguntas de l�deres na plateia, Marina se posicionou contra convocar uma nova assembleia constituinte, al�m de defender a nomea��o de ministros para o Supremo Tribunal Federal (STF) com "testemunho �tico" e que n�o tomem decis�es de "natureza pol�tica". Sobre economia, disse que o teto dos gastos p�blicos "n�o est� funcionando" e que � preciso fazer a reforma da Previd�ncia.

Amigo de Marina, o reverendo Valdinei Ferreira, um dos l�deres do movimento, disse que v� na pr�-candidata e no empres�rio Jo�o Amo�do (Novo) as alternativas para a renova��o pol�tica na elei��o presidencial. No manifesto lan�ado pela igreja de Valdinei, h� uma cr�tica a pol�ticos que usam t�tulos religiosos como "pastor" e "mission�rio" para fazer campanha e trabalhar em Bras�lia. Ele afirma que � preciso apresentar � sociedade outras propostas defendidas no meio crist�o, e n�o se restringir a temas morais.

Tamb�m presente no evento, o pastor Ed Ren� Kivitz, l�der da Igreja Batista de �gua Branca e conselheiro de Marina, afirmou que a presidenci�vel � a melhor alternativa contra a polariza��o entre Jair Bolsonaro e os outros candidatos da esquerda na elei��o de outubro. "Ela � uma tr�gua para um Pa�s divido", disse Kivitz, que declarou voto � ex-ministra na �ltima elei��o.

Na avalia��o dele, se Marina for eleita, a probabilidade de partidos trabalharem para derrub�-la do governo � bem menor do que se o presidente for de uma legenda protagonista da polariza��o esquerda/direita.

Outro pastor aliado a Marina � Caio F�bio d'Ara�jo Filho, l�der da igreja Caminho da Gra�a, em Bras�lia, que tamb�m aconselha a presidenci�vel. Por telefone, ele disse � reportagem que o apoio � pr�-candidata vai crescer no eleitorado evang�lico com o voto de "crist�o silenciosos", que n�o v�o para as redes sociais como os apoiadores do presidenci�vel do PSL.

"Os que apoiam o Bolsonaro apoiam por raz�es simplistas, s�o pessoas profundamente homof�bicas", disse o pastor. "O pessoal que entende, pensa e escolhe sem fanatismo n�o � 'minion' da Marina, s�o pessoas modestas e tranquilas, uma multid�o enorme que vai crescer avassaladoramente nos pr�ximos dois meses."

(Daniel Weterman e Marianna Holanda)