S�o Paulo, 18 - Diante de um crescente distanciamento pol�tico de seu antecessor provocado por press�es partid�rias, o governador paulista M�rcio Fran�a (PSB) j� admite abertamente dar palanque em S�o Paulo a advers�rios do ex-governador e aliado Geraldo Alckmin (PSDB) na elei��o presidencial.
Embora jure lealdade ao tucano, que o escolheu como vice em 2014, Fran�a disse � reportagem que n�o vai evitar dividir espa�o em eventos de campanha com presidenci�veis de partidos que integram a sua coliga��o ao governo do Estado, como Alvaro Dias (Podemos), Paulo Rabello (PSC) e, possivelmente, Ciro Gomes (PDT), cuja sigla ainda negocia apoio � reelei��o do governador.
"Todos que est�o na minha coliga��o, se o sujeito vem aqui e vai a um evento comigo, vou fazer o qu�? Vou falar voc� n�o vai no evento? N�o d�", afirmou Fran�a ap�s Alckmin sinalizar que n�o comprar� briga com seu partido em S�o Paulo e vai apoiar exclusivamente a candidatura do ex-prefeito da capital Jo�o Doria (PSDB) ao governo.
Fran�a recebeu a reportagem na segunda-feira passada no Pal�cio dos Bandeirantes, onde falou sobre os 100 dias de governo, den�ncias de corrup��o nas obras do Rodoanel, acusa��es de uso da m�quina e advers�rios. A seguir, os principais trechos da entrevista.
100 DIAS -
Os meus n�meros apontam que 40% sabem que existe um novo governador, mas que ainda n�o conseguem identificar que sou eu. Algumas coisas que aconteceram nesses 100 dias aumentaram esse conhecimento. A greve dos caminhoneiros (Fran�a negociou com grevistas o fim da paralisa��o), o epis�dio da policial (homenageou uma PM que matou um ladr�o na porta de uma escola), s�o alguns exemplos. Com o funcionalismo, tem uma avalia��o positiva, porque abri di�logo com os sindicatos.
USO DA M�QUINA -
Isso tem quatro letras: medo. Quando voc� cruza os dados (das pesquisas) voc� percebe que, conforme vou ficando conhecido, eu posso embolar a disputa. E, se eu for para o segundo turno, sabem que passo a ter uma chance real porque os partidos de esquerda n�o apoiariam eles. Por isso, esse neg�cio de tentar impedir que eu fa�a qualquer coisa. N�o querem nem que eu fale em p�blico. Sinceramente, em nenhuma vez pedi voto, agora n�o tem como n�o falar.
ESQUERDA -
Acho que esses conceitos de direita e esquerda est�o muito ultrapassados. O partido socialista governa Portugal e o cara que desce l� nem quer saber se o governo � de esquerda ou de direita. Se preocupa��o com gera��o de emprego e oportunidade eles acham que � errado, eu n�o acho. A gente est� com 130 mil policiais e 230 mil presos. Posso estar errado, mas, embora tenhamos �ndices bons, n�o temos sensa��o de seguran�a. Precisamos inverter a l�gica de contratar mais policial e prender mais gente. J� tive a experi�ncia do alistamento civil (bolsa para jovens) em S�o Vicente e deu certo, reduziu os homic�dios. Isso est� no programa de governo do Alckmin e foi uma condi��o que coloquei para coligar com ele.
CORRUP��O -
Eu estou h� 100 dias no governo, n�o � poss�vel algu�m achar que isso � minha responsabilidade (den�ncias de desvio no Rodoanel). O que posso dizer � que, como advogado, tenho dificuldade de fazer prejulgamentos sem conhecer exatamente o caso. J� vi muitas injusti�as. As apura��es est�o sendo feitas. Se algu�m tiver de ser punido, que seja dentro da lei.
CONVERSA COM CIRO -
Sou amigo do Ciro. Fui l�der dele quando �ramos deputados e ele era do PSB. Respeito muito ele, mas meu partido n�o tem essa convic��o batida em martelo. Existem algumas decis�es pol�micas. Em Pernambuco defendem alian�a com o PT. N�o estamos ainda definidos.
APOIO DO PDT -
O componente de espa�o em TV e r�dio � muito forte. Voc� vai fazer em cima dos 56% (do eleitorado) que dizem 'n�o sei em quem voto'. Nessa disputa ficou dois patamares. O Doria, com 22 minutos, e eu, se tiver o PDT comigo, tamb�m com 22. Skaf e PT t�m 8, cada um. Tenho que acreditar que � poss�vel (vencer) a partir desse instrumento.
AJUDA DE ALCKMIN A DORIA -
Voc� leva o corpo, mas n�o leva a alma. Eles n�o t�m nada a ver, n�o s�o da mesma �ndole, n�o t�m o mesmo jeito. O Alckmin � um pol�tico, foi criado na pol�tica. Ele (Doria) tem d�bito comigo e n�o eu com ele. Eu ajudei ele na campanha a prefeito e votei nele. Admiro ele, mas tem um epis�dio inexplic�vel. Ele prometeu in�meras vezes ficar quatro anos como prefeito e renunciou. Isso vai custar caro.
APOIO A ALCKMIN -
A �nica palavra no meu dicion�rio que vem antes da lealdade � gratid�o. S� estou sentado aqui porque ele me convidou para ser o vice dele. Ele me escolheu. Agora, se o partido apoiar outro, vou fazer o qu�?
PALANQUES -
Hoje j� fa�o isso, com Alvaro Dias, Paulo Rabello. Todos que est�o na minha coliga��o, se o sujeito vem aqui e vai a um evento comigo, vou fazer o qu�? Vou falar voc� n�o vai no evento? N�o d�. � isso mais ou menos que se fala de palanque. Mas, sinceramente, as elei��es mudaram. N�o tem mais palanque, com�cio. Campanha hoje � internet e televis�o. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Fabio Leite)