'Vaquinhas' n�o rendem 1% do teto das campanhas

S�o Paulo - O total arrecadado pelos presidenci�veis com o financiamento coletivo � inferior a 1% do total que uma campanha pode gastar. Segundo levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo, a soma total da arrecada��o virtual, dispon�vel desde maio, foi de R$ 957.173 - n�mero contabilizado at� esta segunda-feira, 30. O valor � uma fra��o �nfima do teto de gastos previsto pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para uma elei��o presidencial, que � de R$ 70 milh�es, acrescido de R$ 35 milh�es caso haja segundo turno.

Assim, na primeira elei��o geral em que doa��es de empresas para campanhas pol�ticas est�o proibidas, o financiamento dever� ocorrer pelo dinheiro dos fundos partid�rio e eleitoral.

Segundo analistas, a dissemina��o da ideia de doa��o entre os brasileiros ainda levar� tempo. Para o diretor da Faculdade de Ci�ncias Humanas e Sociais da Universidade Estadual Paulista J�lio de Mesquita Filho (Unesp), Murilo Gaspardo, o primeiro entrave para o modelo da "vaquinha online" est� na cultura. Segundo ele, o brasileiro n�o tem o h�bito de doar. Al�m disso, a crise pol�tico-econ�mica e os casos de agentes p�blicos envolvidos em corrup��o colaboram para que os eleitores n�o doem.

"Se �s vezes a pessoa n�o quer nem votar, quanto mais dar dinheiro", diz. Para ele, alguns partidos menores tendem a levar vantagem, j� que est�o com a imagem menos desgastada do que as grandes siglas.

Isso pode explicar o sucesso da arrecada��o de Marina Silva. A vaquinha online da pr�-candidata da Rede come�ou no domingo, 22, e, em apenas cinco dias, foi capaz de ultrapassar a meta inicial de R$ 100 mil em doa��es. No total, j� s�o R$ 158.553 gra�as � contribui��o de 1.259 pessoas.

Outra vantagem est� na identidade ideol�gica da Rede, capaz de atrair mais simpatizantes dispostos a fazer uma doa��o, explica o coordenador do curso de especializa��o em marketing pol�tico da Universidade Metodista de S�o Paulo, Kleber Carrilho. "S� doa quem enxerga identifica��o program�tica ou partid�ria em uma campanha. Na Rede isso ocorre gra�as ao apelo da sustentabilidade, deixando o partido mais pr�ximo da sociedade."

Essa mesma rela��o pode ser observada com o PT, com o PSOL e PSTU, aponta o professor. "No caso do PT, � uma sigla que perdeu seu poder nos �ltimos anos com a Lava Jato e teve importantes quadros condenados, mas foi capaz de retomar certo prest�gio com a narrativa do Lula Livre", avalia.

Mesmo condenado e preso na Lava Jato, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva � o campe�o das vaquinhas virtuais at� agora. S�o R$ 440.819 arrecadados, vindos de 4.657 doadores.

Atr�s dele est� Jo�o Amo�do (Novo), que recebeu R$ 265.086 de seus 2.059 doadores, seguido de Marina. Guilherme Boulos (PSOL) conseguiu 214 doa��es que totalizam R$ 28.450, enquanto Manuela d'�vila (PCdoB) tem R$ 43.931,65. Entre todos os pr�-candidatos com sistema de doa��o online, Ciro Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro (PSL) s�o os �nicos que n�o divulgam o total arrecadado. Geraldo Alckmin (PSDB) e Henrique Meirelles n�o lan�aram plataformas de arrecada��o online.

Valores

Murilo Gaspardo, da Unesp, ressalta a import�ncia de n�o comparar os valores conquistados por cada um dos postulantes ao Pal�cio do Planalto. Para ele, essa equival�ncia n�o existe. "Considere o tamanho do PCdoB ou do PSOL em termos de estrutura partid�ria. Os valores deles podem parecer pequenos, mas n�o s�o. � preciso considerar o tamanho da sigla."

Para o professor de ci�ncias pol�ticas do Instituto Presbiteriano Mackenzie Maur�cio Fronzaglia, as doa��es online devem se popularizar mais, mesmo com o resultado pouco expressivo at� o momento. "Tem limites e n�o vai atrair todo mundo porque as pessoas precisam estar envolvidas, serem engajadas politicamente. Mas tende a evoluir no m�dio prazo e nas elei��es seguintes."