A um dia da defini��o dos candidatos nas elei��es deste ano, PSB e MDB chegam � reta final para registrar as candidaturas sem nomes definidos. Enquanto os socialistas est�o �s voltas com a interven��o da dire��o nacional para impedir a candidatura de Marcio Lacerda a governador – em prol de um acordo de neutralidade na disputa nacional –, o MDB est� dividido entre a candidatura pr�pria com a indica��o do presidente da Assembleia Legislativa, Adalclever Lopes, ou a coliga��o com o PT e a reelei��o do governador Fernando Pimentel. At� o in�cio da noite desta sexta-feira, havia possibilidade de realiza��o de duas conven��es pelo PSB hoje: uma convocada anteriormente pela dire��o da legenda, que foi destitu�da na quinta-feira � noite, e outra marcada �s pressas pelo novo comando socialista, contr�rio � candidatura dele.
Nesta sexta-feira � noite, entretanto, mais reviravoltas deram novo contorno � grave crise interna vivida pelo partido. A comiss�o provis�ria, que tem atribui��es de um diret�rio, nomeada pela dire��o nacional do PSB, cancelou a conven��o do partido marcada para hoje, ap�s an�lise preliminar feita por uma for�a-tarefa em documentos e registros arquivados na sede do partido. O presidente da comiss�o, Ren� Vilela, afirmou ao Estado de Minas que foi constatada uma s�rie de irregularidades que poderiam comprometer a seguran�a jur�dica da conven��o. Entre essas irregularidades, ele cita dirigentes municipais do partido inexistentes e delegados credenciados filiados em outras legendas. Vilela informou ainda que proje��o inicial aponta que ao menos 30% dos delegados n�o receberam comunica��o do partido para a conven��o.
“Para garantir seguran�a jur�dica das delibera��es, a comiss�o provis�ria, reunida durante todo o dia, decidiu pela anula��o da conven��o convocada para amanh� (hoje)”, afirmou Vilela. Ap�s a an�lise dos documentos, explicou o presidente da comiss�o, um relat�rio foi elaborado e encaminhado � dire��o nacional do partido, em Bras�lia. O presidente nacional da legenda, Carlos Siqueira, referendou a decis�o da comiss�o provis�ria e disse ter comunicado � antiga dire��o a nulidade da conven��o.
Nova convoca��o est� sendo feita para as 20h de amanh�, no diret�rio municipal de Contagem. Ren� Vilela informou ainda que os integrantes da nova comiss�o provis�ria e a for�a-tarefa criada para analisar os documentos se debru�ariam durante toda a madrugada de hoje para refinar o que foi levantado preliminarmente. “Acreditamos que novas irregularidades possam surgir.”
Depois do an�ncio de Vilela, por�m, Marcio Lacerda afirmou, por meio de sua assessoria, que a conven��o est� mantida para hoje e que desconhece as irregularidades apontadas pela nova comiss�o provis�ria. E ainda na noite desta sexta-feira, o juiz Nicolau Lupianhes, do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG), concedeu tutela de urg�ncia a um pedido de Lacerda e suspendeu os efeitos da destitui��o da comiss�o provis�ria do PSB e manteve a conven��o marcada para hoje, inclusive validando suas delibera��es. O magistrado ainda fixou multa di�ria de R$ 30 mil, limitada a R$ 300 mil, se houver descumprimento da decis�o judicial.
DESENTENDIMENTO A crise no partido estourou na quarta-feira, quando o presidente nacional da legenda, Carlos Siqueira, esteve em Belo Horizonte e avisou a Lacerda sobre o acordo com o PT de neutralidade do PSB na disputa nacional, em troca de apoio em Pernambuco e Minas Gerais. No estado nordestino, a dire��o nacional negociou a retirada da candidatura de Mar�lia Arraes (PT) em favor de Paulo C�mara (PSB). Em Minas, o PSB deveria retirar a candidatura de Lacerda em prol de Fernando Pimentel (PT). Lacerda, ent�o, concedeu entrevista coletiva anunciando que levaria sua candidatura “at� o fim”.
Em �udio enviado por WhatsApp a apoiadores, Lacerda disse que n�o concordou com a interven��o nacional do PSB e pediu votos na conven��o de hoje. “� muito importante que todos os delegados e apoiadores compare�am ao congresso, � conven��o do PSB no pr�ximo s�bado no Hotel Boulevard na Savassi pela manh�. A posi��o ser� de manter a candidatura”, disse. A estrat�gia � aprovar o nome na conven��o estadual e, na sequ�ncia, levar a decis�o � conven��o nacional do PSB, marcada para este domingo.
Em seguida, as declara��es de Lacerda foram rebatidas pelo deputado federal J�lio Delgado (PSB-MG). “A conven��o n�o ter� nenhuma legitimidade. Eles podem se reunir, contar hist�rias, mas n�o ter� validade nenhuma”, afirmou o parlamentar. Isso porque, segundo ele, resolu��o aprovada no 14º Congresso Nacional do PSB, realizado em mar�o, d� � dire��o nacional poder de aprovar ou n�o as coliga��es em cada estado.
PERNAMBUCO Aliados de Lacerda contam com a aprova��o do nome dele na conven��o que ter� a participa��o de cerca de 160 delegados do partido. “A conven��o foi convocada pela dire��o anterior em uma �poca que ela era v�lida. A convoca��o � legal e o que a maioria decidir ser� deliberado”, argumentou uma fonte do grupo do ex-prefeito. A tese conta ainda com poss�vel inviabiliza��o da alian�a entre PSB e PT em Pernambuco, o que repercutiria nas conversas envolvendo Minas. Para garantir o acordo nacional entre PT e PSB, a dire��o nacional negociou a retirada da candidatura de Mar�lia Arraes (PT) em prol de Paulo C�mara (PSB).
Em Minas, o PSB deveria retirar a candidatura de Lacerda em favor de Fernando Pimentel. Na quinta-feira, no entanto, o PT de Pernambuco aprovou a candidatura de Mar�lia por 230 votos a 20. Como o estado tem diret�rio, n�o cabe interven��o da dire��o nacional na legenda pernambucana.
Indefini��o at� a prorroga��o
O MDB de Minas deixou para as �ltimas horas a defini��o sobre que caminho vai tomar na elei��o estadual. A comiss�o provis�ria da legenda se re�ne hoje, a partir das 9h, na sede do partido, para escolher se lan�ar� a candidatura do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Adalclever Lopes, ao governo de Minas ou se retomar� a alian�a com o PT e apoiar� a candidatura de Fernando Pimentel (PT). Alguns parlamentares defenderam at� uma poss�vel composi��o com o candidato do DEM, deputado Rodrigo Pacheco, caso sua candidatura seja confirmada – Pacheco pode integrar a chapa de Antonio Anastasia, do PSDB, como candidato ao Senado.
Nesta sexta-feira, ap�s muitas horas em reuni�es e almo�os, os emedebistas n�o conseguiram bater o martelo sobre o destino do partido. “N�o conseguimos definir nada. Uma parte quer aguardar a defini��o do PSB, se Lacerda vai ou n�o conseguir se candidatar, outra parte quer fechar o acordo com o governador e outra ainda defende que � necess�rio uma terceira via nesta elei��o, e neste caso poderia ser o Adalclever”, explicou o deputado Mauro Lopes.
A maioria da bancada federal do MDB defende a repeti��o da coliga��o proporcional com o PT, o que permitiria � legenda aumentar o n�mero de cadeiras na C�mara dos Deputados. Um dos pontos que ficou definido em reuni�o da Executiva Nacional do partido em Bras�lia foi que os diret�rios regionais devem buscar alian�as que garantam o maior n�mero poss�vel de espa�o no Parlamento, uma vez que o total de eleitos define quanto dinheiro o partido ter� direito no fundo partid�rio para as pr�ximas elei��es.
“A melhor condi��o para nossa bancada � a coliga��o com o PT. Ser� suic�dio pol�tico dos deputados escolher voo solo que n�o elege ningu�m”, afirma o deputado F�bio Ramalho. Segundo o parlamentar, os deputados que desejavam a coliga��o com Marcio Lacerda j� consideram a possibilidade remota, uma vez que a quest�o pode ser decidida apenas na Justi�a.
TERCEIRA VIA A decis�o sobre o lan�amento da candidatura de Adalclever Lopes depender� tamb�m de acertos com outros partidos que ainda n�o definiram sua posi��o na elei��o. “A situa��o pode mudar completamente em poucas horas. At� amanh� (hoje) a situa��o fica em aberta, j� que v�rios partidos est�o com seu futuro indefinido. Se os partidos que apoiariam Lacerda ou que negociavam como outra legenda fecharem com a gente, podemos ter uma terceira via forte para a elei��o e Adalclever entraria na disputa”, diz Lopes. No entanto, o lan�amento de um nome do MDB representaria grande risco para a reelei��o da bancada federal, que pode cair de cinco deputados para tr�s ou dois deputados na C�mara – segundo c�lculos dos pr�prios parlamentares.
“Adalclever � um grande nome do partido, mas n�o � o momento para disputar elei��o sozinho. N�o constru�mos isso ao longo do ano. O caso do ministro Meirelles (candidato � Presid�ncia da Rep�blica pelo MDB) � diferente porque ele tem muito dinheiro para a pr�pria campanha. Estamos longe do poder financeiro dele. Adalclever vai concordar amanh� (hoje) com o cen�rio que � melhor para o partido”, avalia Fabio Ramalho, ap�s encontro com outros emedebistas na tarde desta sexta-feira.
Na reuni�o deste s�bado, os sete integrantes do MDB que comp�e a comiss�o provis�ria (grupo que assumiu o controle da legenda desde o in�cio de julho, quando o vice-governador Ant�nio Andrade foi destitu�do) decidir�o o futuro do partido. Participam da comiss�o os deputados federais Saraiva Felipe (presidente), Leonardo Quint�o e Newton Cardoso Jr, e os estaduais Tadeu Leite, Leon�dio Bou�as, Jo�o Magalh�es e Iran Barbosa.