(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas POL�TICA

Diretor-geral da PF relata detalhes da pris�o de Lula

No cargo h� cinco meses, Rog�rio Galloro, relata detalhes das negocia��es para levar o petista a Curitiba naquele s�bado, 7 de abril


postado em 12/08/2018 14:00 / atualizado em 12/08/2018 17:19

Lula foi preso no dia 7 de abril deste ano(foto: AFP / Heuler Andrey )
Lula foi preso no dia 7 de abril deste ano (foto: AFP / Heuler Andrey )

Trinta homens do Comando de Opera��es T�ticas (COT), a tropa de elite da Pol�cia Federal, estavam a postos com suas armas para invadir o Sindicato dos Metal�rgicos, em S�o Bernardo do Campo. Com mandado de pris�o expedido pelo juiz S�rgio Moro, o ex-presidente Lula resistia a se entregar. Na primeira entrevista desde que assumiu o cargo, h� cinco meses, o diretor-geral da PF, Rog�rio Galloro, relata detalhes das negocia��es para levar o petista a Curitiba naquele s�bado, 7 de abril. O n�mero um da pol�cia se aproximou dos negociadores de Lula: "Acabou! Se n�o sair em meia hora, vamos entrar". Em seguida, ordenou que os agentes invadissem o pr�dio no fim do prazo estipulado.

Como foi o epis�dio da pris�o do ex-presidente Lula?

Foi um dos piores dias da minha vida. Quando eles (interlocutores de Lula) pediram detalhes da log�stica da pris�o, nos convenceram de que havia interesse do ex-presidente de se entregar ainda na sexta (6 de abril, prazo dado pelo juiz S�rgio Moro). Acabou o dia e ele n�o se apresentou. N�s n�o quer�amos atrito, nenhuma falha. Chegou o s�bado, Moro exigiu que a gente cumprisse logo o mandado. A missa (improvisada no sindicato) n�o acabava mais. Deu uma hora (da tarde) e eles disseram: 'Ele vai almo�ar e se entregar'.

O sr. perdeu a paci�ncia em algum momento?

No s�bado, n�s fizemos contato com uma empresa de um galp�o ao lado, l� tinha 30 homens do COT (Comando de Opera��es T�ticas) prontos para invadir. Ele (Lula) iria sair em sigilo pelo fundo quando algu�m, l� do sindicato, foi para a sacada e gritou para multid�o do lado de fora, que correu para impedir a sa�da. Foi um susto. A multid�o come�ou a cerc�-lo e eu vi que ali poderia acontecer uma desgra�a. Ele retornou.

Qual era o risco?

Quando tem multid�o, voc� n�o tem controle. Aquele foi o pior momento, porque eu percebi que n�o tinha outro jeito. A press�o aumentando. Quando deu 17h30, eu liguei para o negociador e disse: 'Acabou! Se ele n�o sair em meia hora n�s vamos entrar'. E dei a ordem para entrar. �s 18h, ele saiu.

Houve alguma exig�ncia?

Eles pediram para n�o haver muita exposi��o, que n�o humilhasse o ex-presidente, n�s usamos tudo descaracterizado. Ele estava quieto o tempo todo, bastante concentrado.

Por que o ex-presidente est� na superintend�ncia da PF?

Isso n�o nos agrada. Nunca tivemos preso condenado numa superintend�ncia. � uma situa��o excepcional. O juiz Moro me ligou, pediu nosso apoio, ele sabe que n�o temos interesse nisso. Mas, em prol do bom relacionamento, n�s cedemos.

Recentemente, Lula mandou chamar dirigentes do PT para discutir, dentro da superintend�ncia, a elei��o presidencial. � um tratamento diferenciado?

N�o somos n�s que organizamos isso (as regras para visitas), mas o juiz da Vara de Execu��es Penais. O Lula est� l� de visita, de favor. Nas nossas novas superintend�ncias n�o v�o ter mais cust�dia. No Paran�, n�o vamos mexer agora. S� depois da Lava Jato.

O sr. conversou com o ex-presidente na pris�o?

Eu estive na superintend�ncia, mas n�o fui v�-lo. � um simbolismo muito ruim.

O segundo momento tenso para a PF envolveu a ordem de soltar Lula dada pelo desembargador Rog�rio Favreto e a contraordem de Moro e dos desembargadores Gebran Neto e Thompson Flores, do TRF-4.

Eu estava no Park Shopping, em Bras�lia, dei uma mordida no sandu�che, toca o telefone. Avisei para a minha mulher: 'Acabou o passeio'.

Em algum momento a PF pensou em soltar o ex-presidente?

Diante das diverg�ncias, decidimos fazer a nossa interpreta��o. Conclu�mos que ir�amos cumprir a decis�o do plantonista do TRF-4. Falei para o ministro Raul Jungmann (Seguran�a P�blica): 'Ministro, n�s vamos soltar'. Em seguida, a (procuradora-geral da Rep�blica) Raquel Dodge me ligou e disse que estava protocolando no STJ (Superior Tribunal de Justi�a) contra a soltura. 'E agora?' Depois foi o (presidente do TRF-4) Thompson (Flores) quem nos ligou. 'Eu estou determinando, n�o soltem'. O telefonema dele veio antes de expirar uma hora. Valeu o telefonema.

O ministro Lu�s Roberto Barroso, do Supremo, blindou o delegado da PF Cleyber Malta Lopes ao autorizar a prorroga��o do inqu�rito dos Portos, que investiga o presidente Michel Temer. O sr. tentou trocar o delegado?

N�o. Eu estive com o Cleyber antes de me tornar diretor-geral. Depois disso sequer o vi. Houve um momento em que eu coloquei 25 policiais para ajud�-lo. Foi no per�odo anterior � decis�o do ministro de prorrogar por mais 60 dias.

N�o lhe pareceu um recado o fato de o ministro especificar em sua decis�o que o delegado deveria continuar � frente do caso?

Acho que o ministro quis dizer que Cleyber toca bem o caso. Na linha: 'Olhe, n�o tire ele, n�o. Se ele entrar de f�rias, n�o p�e outro no lugar'.

A PF est� perseguindo professores da UFSC que fizeram protestos contra agentes da opera��o que investigou o ex-reitor Luiz Carlos Cancellier?

Depois que o reitor se suicidou, uma situa��o terr�vel, come�ou um movimento de muita cr�tica �s autoridades que participaram da investiga��o, a delegada, a ju�za, o corregedor da universidade. Foram colocadas fotos deles dizendo: 'autoridades que cometeram abuso de poder e mataram o reitor'. E essa faixa � exposta toda vez que fazem uma manifesta��o. E essas autoridades se sentiram ofendidas.

Houve necessidade de abertura de inqu�rito?

� a mesma coisa de colocar, por exemplo, a foto de servidores e dizer: 'Esses indiv�duos estupraram algu�m'. � uma acusa��o ser�ssima. E esses indiv�duos, cada vez que saem da oitiva, dizem que est�o sendo perseguidos. N�o � uma investiga��o contra a universidade. � de crime contra a honra.

Mas o inqu�rito n�o pode ser uma forma de censura?

Tem outros meios de protestar que n�o acusar uma autoridade de abuso.

O sr. � um gestor, um t�cnico. Como evitar que o pr�ximo presidente nomeie um delegado amigo para a diretoria da PF?

Tem policial com vi�s pol�tico. E isso � legal. Mas ser� que um desses, se tornando diretor-geral, � bom para a institui��o? A gente teve um exemplo recente que se provou que n�o �. Se o gestor n�o tiver legitimidade interna, ele n�o consegue permanecer. Eu n�o tenho influ�ncia nas investiga��es. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)