Moro usou fake news para me condenar, diz Lula em carta lida por Haddad

Depois de integrar a comitiva que entregou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o pedido de registro de candidatura de Luiz In�cio Lula da Silva � Presid�ncia pelo PT, o ex-prefeito Fernando Haddad, que por enquanto integra a chapa petista como vice-presidente, come�ou a ler, do alto de um trio el�trico, uma carta do ex-presidente. Lula cumpre, na carceragem da Pol�cia Federal, em Curitiba, pena de pris�o de 12 anos e um m�s por corrup��o e lavagem de dinheiro.

Na carta, o ex-presidente insiste em classificar sua pris�o como um "ato pol�tico" do juiz S�rgio Moro, a quem acusa de uso de "fake news" para conden�-lo e tir�-lo da campanha eleitoral. "Sou v�tima de uma ca�ada judicial que j� est� registrada na hist�ria", diz Lula.

A seguir, a �ntegra da carta do ex-presidente:

"Registrei hoje a minha candidatura � Presid�ncia da Rep�blica, ap�s meu nome ter sido aprovado na conven��o do PT e com a certeza de que posso fazer muito para tirar o Brasil de uma das piores crises da hist�ria.
A partir dessa aprova��o do meu nome pelas companheiras e companheiros do PT, do PCdoB e do Pros, passei a ter o direito de disputar as elei��es.
H� um ano, um m�s e tr�s dias, S�rgio Moro usou do seu cargo de juiz para cometer um ato pol�tico: ele me condenou pela pr�tica de 'atos indeterminados' para tentar me tirar da elei��o. Usou de uma "fake News" produzida pelo jornal O Globo sobre um apartamento no Guaruj�.
Desde ent�o o povo brasileiro aguarda, em v�o, que Moro e os demais ju�zes que confirmaram a minha condena��o em segunda inst�ncia apresentem alguma prova material de que sou o propriet�rio daquele im�vel. Que digam qual foi o ato que eu cometi para justificar uma condena��o. Mas o que vemos, dia ap�s dia, � a revela��o de fatos que apenas refor�am uma atua��o ileg�tima de agentes do Sistema de Justi�a para me condenar e me manterem na pris�o.
Chegou-se ao ponto em que uma decis�o de um desembargador que restabelecia a minha liberdade n�o foi cumprida por orienta��o telef�nica dada por Moro, pelo presidente do TRF4 e pela procuradora Geral da Rep�blica ao Diretor-Geral da Pol�cia Federal.
Como defender a legitimidade de um processo em que conspiram contra a minha liberdade desde o juiz de primeira inst�ncia at� a Procuradora-Geral da Rep�blica?
Sou v�tima de uma ca�ada judicial que j� est� registrada na hist�ria.
Tenho certeza de que se a Constitui��o Federal e as leis desse pa�s ainda tiverem algum valor serei absolvido pelas Cortes Superiores.
A expectativa de que os recursos apresentados pelos meus advogados resultem na minha absolvi��o no STJ ou no STF � o que basta, segundo a legisla��o brasileira, para afastar qualquer impedimento para que eu possa concorrer.
N�o estou pedindo nenhum favor. Quero apenas que os direitos que vem sendo reconhecidos pelos tribunais em favor de centenas de outros candidatos h� anos tamb�m sejam reconhecidos para mim. N�o posso admitir casu�smo e o ju�zo de exce��o.
O Comit� de Direitos Humanos da ONU j� emitiu uma decis�o que impede o Estado brasileiro de causar danos irrevers�veis aos meus direitos pol�ticos - o que refor�a a impossibilidade de impedirem que eu dispute as elei��es de 2018.
Quero que o povo brasileiro possa decidir se me dar� a oportunidade de, junto com ele, consertar este pa�s.
A partir de amanh�, vamos nos espalhar pelo Brasil para nas ruas, no trabalho, nas redes sociais, mas principalmente olhando nos olhos das pessoas, lembrar que esse pa�s um dia j� foi feliz e que os mais pobres estavam contemplados no or�amento da Uni�o como investimento, e n�o como despesa.
Cada um de voc�s ter� que ser Lula fazendo campanha pelo Brasil, lembrando ao povo brasileiro que nos governos do PT o povo trabalhador teve mais emprego, maiores sal�rios e melhores condi��es de vida.
Que um nordestino que mora no Sul podia visitar sua fam�lia de avi�o e n�o somente de �nibus.
Que um pobre, um negro, ou um �ndio podia ingressar na universidade.
Que o pobre podia ter casa pr�pria e comer tr�s vezes ao dia.
Que a luz el�trica era acess�vel a todos.
Que o sal�rio m�nimo foi aumentado sem causar infla��o.
Que foi posto em pr�tica aquele que a ONU considerou o melhor programa de transfer�ncia de renda do mundo, beneficiando 14 milh�es de fam�lias e tirando o Brasil do mapa da fome.
Que foram criadas novas universidades e novos cursos t�cnicos.
Para recuperar o direito de fazer tudo isso e muito mais � que sou candidato a Presidente da Rep�blica.
Vamos dialogar com aqueles que viram que o Brasil saiu do rumo, est�o sem esperan�a mas sabem que o pa�s precisa resolver o seu destino nas urnas, n�o em golpes ou no tapet�o.
Lembrar que com democracia, com nosso trabalho, o Brasil vai voltar a ser feliz.
Enquanto eu estiver preso, cada um de voc�s ser� a minha perna e a minha voz. Vamos retomar a esperan�a, a soberania e a alegria desse nosso grande pa�s.
Companheiras e companheiros, o Moro tinha at� hoje para mostrar uma prova contra mim. N�o apresentou nenhuma! Fato indeterminado n�o � prova! Por isso sou candidato.
Repito: com meu nome aprovado na conven��o, a Lei Eleitoral garante que s� n�o serei candidato se eu morrer, renunciar ou for arrancado pelo Justi�a Eleitoral. N�o pretendo morrer, n�o cogito renunciar e vou brigar pelo meu registro at� o final.
N�o quero favor, quero Justi�a. N�o troco minha dignidade por minha liberdade.
Um forte abra�o,
Lula"