
Quando disputou a Presid�ncia em 2014, Marina tinha desempenho acima da m�dia entre evang�licos: 43%, 12 pontos porcentuais a mais do que a taxa registrada entre os cat�licos. Se ela n�o tivesse perdido apoio entre os fi�is de sua religi�o, poderia liderar a corrida presidencial. No cen�rio sem o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, Marina tem 12% das prefer�ncias no eleitorado total. Ela est� oito pontos porcentuais atr�s de Jair Bolsonaro, do PSL.
O eleitorado evang�lico, que j� tinha peso significativo em 2014, expandiu-se desde ent�o, segundo pesquisas realizadas agora e h� quatro anos. Naquela �poca, os evang�licos eram aproximadamente um em cada cinco eleitores. Agora, s�o um em cada quatro. Al�m de j� n�o ter um eleitorado marcadamente evang�lico, a candidata da Rede n�o � a preferida nesse grupo - no cen�rio sem Lula, Bolsonaro tem 26% no segmento, desempenho superior ao registrado entre cat�licos (17%).
Em 2014, Marina come�ou a campanha como candidata a vice-presidente de Eduardo Campos (PSB), e assumiu a cabe�a de chapa ap�s a morte do titular. Na �poca, ela se envolveu em pol�micas relacionadas a aborto e casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Sobre o primeiro tema, se declara contr�ria, mas defendeu e continua defendendo a realiza��o de um plebiscito sobre legaliza��o. Em rela��o ao segundo, logo ap�s publicar seu programa de governo, a campanha trocou "casamento gay" por "uni�o civil" no cap�tulo que discutia direitos dos homossexuais. A altera��o foi interpretada como tentativa de evitar rea��es negativas no eleitorado religioso.
'Trai��o'
"Acredit�vamos que ela era nossa candidata. Quando chegou a quest�o do aborto, do casamento homoafetivo, ela n�o se posicionou", disse o deputado Marco Feliciano (Podemos), um dos principais nomes da bancada evang�lica na C�mara. "Com a hist�ria do plebiscito, ela traiu a quest�o evang�lica."
Agora, a candidata n�o parece t�o preocupada com a possibilidade de desagradar a esses eleitores. Sem meias-palavras, seu programa defende garantir por lei o casamento entre pessoas do mesmo sexo e direitos iguais para ado��o. Com um programa mais � esquerda que o de 2014 - elaborado em conjunto com o PSB - o atual partido de Marina busca seduzir eleitores que podem ficar "�rf�os", ap�s a prov�vel declara��o de inelegibilidade de Lula - condenado em 2.ª inst�ncia e preso desde abril.
As pesquisas mostram que Marina, neste momento, � quem mais se beneficia da sa�da de Lula da corrida eleitoral. A ex-ministra sai de 6% para 12%, no cen�rio com e sem o petista, respectivamente. Seu eleitorado � marcadamente feminino, nordestino e pobre.
Distante de religiosos mais conservadores, Marina tenta se aproximar de pastores que se contrap�em � agenda da bancada evang�lica do Congresso e a bandeiras de Bolsonaro. Em entrevista ao canal do YouTube do pastor Caio F�bio, no in�cio do m�s, Marina afirmou que "o Estado � laico, gra�as a Deus".
Cabo eleitoral declarado de Marina, o pastor disse que a queda de apoio a ela entre evang�licos se deve mais aos pr�prios eleitores do que �s propostas de Marina. "Isso tem a ver com o embrutecimento religioso."
Di�logo
� reportagem, Marina disse que "a comunidade evang�lica � grande e relevante no Brasil, s�o cidad�os dignos de respeito nas suas demandas de sa�de, educa��o, seguran�a p�blica como qualquer outro cidad�o".
Questionada sobre a perda de apoio entre eles, disse que vai "dialogar com todos os brasileiros, independentemente do credo, cor e condi��o social". Eduardo Jorge (PV), vice de Marina, afirmou que n�o vale tudo para vencer a elei��o, e que a candidata "paga o pre�o de manter sua f� intacta e ter abertura para conversar com os diferentes".