O vice-procurador-geral da Rep�blica, Luciano Mariz Maia, disse na tarde desta ter�a-feira, 28, que as declara��es do candidato do PSL � Presid�ncia, Jair Bolsonaro, em palestra no Clube Hebraica do Rio, configuram o crime de racismo, expondo um discurso de �dio racial que exterioriza "preconceito e incita a discrimina��o".
Em abril deste ano, a Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR) encaminhou ao STF uma den�ncia contra Bolsonaro pelo crime de racismo, sob a alega��o de que em palestra realizada no Clube Hebraica do Rio de Janeiro, o parlamentar "se manifestou de modo negativo e discriminat�rio sobre quilombolas, ind�genas, refugiados, mulheres e LGBTs".
Na palestra, Bolsonaro disse: "Algu�m j� viu um japon�s pedindo esmola por a�? Porque � uma ra�a que tem vergonha na cara. N�o � igual essa ra�a que t� a� embaixo ou como uma minoria t� ruminando aqui do lado." Na ocasi�o, o parlamentar tamb�m afirmou que visitou um quilombola em El Dourado Paulista, onde "o afrodescendente mais leve l� pesava sete arrobas. N�o fazem nada! Eu acho que nem para procriador eles servem mais. Mais de um bilh�o de reais por ano gastado com eles."
�dio racial
Para o vice-procurador-geral da Rep�blica, Luciano Mariz Maia, est�o presentes na fala de Bolsonaro "todos os elementos de um discurso de �dio racial, baseado no racismo, sendo pr�tica que exterioriza preconceito e incita a discrimina��o".
"Se somos com os outros e pelos outros, somos essencialmente pelas palavras, que aproximam ou separam. Palavras constroem mundos ou destroem vidas. A palavra tem poder - e o poder tem limites. O discurso de �dio racista � desumanizador, intrinsecamente antidemocr�tico, nega a igualdade e nega o reconhecimento do outro como pessoa merecedora dos mesmos atributos decorrentes da dignidade humana", ressaltou Mariz Maia.
"A arroba n�o � s� uma unidade de medida, mas uma unidade de medida usada para pesar animais para abate. Seres humanos n�o s�o pesados em arrobas; n�o se trata de hip�rbole, e sim de racismo", frisou o vice-procurador-geral da Rep�blica.
Luciano Mariz Maia destacou durante a sess�o que os perfis de Bolsonaro possuem milh�es de seguidores no Facebook, Twitter e no Instagram, com suas postagens sendo curtidas "�s centenas de milhares" por pessoas que disseminam sua forma de pensar.
Eleg�ncia
Para o defensor de Bolsonaro, advogado Antonio Sergio Pitombo, o caso n�o diz respeito a racismo, e sim � preserva��o do direito de liberdade de express�o.
"O que n�o se pode eliminar � o direito de express�o, de opini�o, gostemos ou n�o. Deputados n�o t�m a eleg�ncia devida para se manifestar. N�o escrevem nem falam como os cultos ministros, mas representam o povo. Ainda que o vocabul�rio seja horr�vel e por mais grosseiros que sejam os adjetivos, isso se chama democracia", disse Pitombo.
"O que se est� a julgar n�o � crime de racismo. � a liberdade de express�o. A liberdade de express�o como direito individual e como pilar da democracia. N�o estar�amos transformando o discurso do �dio ao �dio ao discurso?", questionou o defensor de Bolsonaro.
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