O efeito imediato do atentado contra o candidato do PSL � Presid�ncia, Jair Bolsonaro, foi frear o clima beligerante que marcava a disputa pelo Pal�cio do Planalto. A campanha presidencial volta �s ruas neste s�bado, 8, - dois dias ap�s Bolsonaro (PSL) ser esfaqueado durante um ato em Juiz de Fora (MG) - com um novo foco: o apelo ao di�logo e o rep�dio � viol�ncia.
O ataque ser� abordado pelos presidenci�veis com tom de concilia��o em novos programas de TV e r�dio, gravados �s pressas sob orienta��o dos marqueteiros. Agendas p�blicas preveem carreatas e uma caminhada pela paz.
Se em outras elei��es a tens�o entre os candidatos ia subindo, gradativamente, com a aproxima��o das semanas decisivas, nesta campanha mais curta e em meio a um cen�rio pol�tico acirrado a fase de ataques j� estava em curso. Bolsonaro, que se notabilizou por um discurso antipetista, era alvo constante de advers�rios. Agora, a ordem geral � evitar qualquer tipo de cr�tica mais pesada � biografia do candidato do PSL.
A c�pula da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) se reuniu na sexta-feira, 7, e decidiu gravar um programa quase todo dedicado ao atentado em Juiz de Fora e com a mensagem de uni�o e pacifica��o do Pa�s. Haver� falas de Alckmin e da candidata a vice, Ana Am�lia (PP).
At� a agress�o, o tucano era o que mantinha a linha mais agressiva contra Bolsonaro na TV e no r�dio, com comerciais que citavam seu hist�rico agressivo, especialmente contra mulheres. Os ataques foram suspensos, ao menos temporariamente.
Pesquisas qualitativas definir�o o rumo dos comerciais veiculados pela campanha de Alckmin a partir da semana que vem. Por ora, o plano prev� uma fase mais propositiva.
A campanha de Marina Silva (Rede) agendou para o in�cio da tarde deste s�bado, 8, uma "caminhada pela paz" na rua mais popular de S�o Paulo, a 25 de Mar�o.
Alvaro Dias, do Podemos, tamb�m mudou o planejamento. Ele regravou o programa eleitoral que ser� veiculado neste s�bado. A agress�o a Bolsonaro vai tirar Dias do seu discurso principal, de exaltar a Opera��o Lava Jato.
"Interrompo hoje a campanha no r�dio e na TV por causa do atentado contra Bolsonaro, espero que ele se recupere logo. Eu sempre soube que n�o � na faca e na bala que vamos resolver os problemas", diz o candidato do Podemos no programa. "Minha vida inteira foi de combate contra a corrup��o, as mordomias e os vagabundos, mas indigna��o e raiva s�o coisas bem diferentes. Com �dio ningu�m constr�i nada."
Ciro Gomes, do PDT, programou caminhadas em seu reduto eleitoral. Ciro, que tamb�m suspendeu cr�ticas mais duras a Bolsonaro, estar� em Juazeiro do Norte, no Cear�.
At� a quinta-feira, 6, o tom belicoso era uma arma eleitoral adotada sem constrangimento por parte dos candidatos.
A avalia��o � de que a campanha mais curta e a percep��o de que o eleitor estaria seduzido por uma postura "mais extremada e radical" potencializavam o ambiente eleitoral agressivo.
"Na pol�tica, n�o temos direito de passar com palet� limpo", afirmou Ciro Gomes durante a sabatina Estad�o-Faap, na ter�a-feira passada, quando questionado sobre seu temperamento intempestivo.
Dois dias depois, horas antes do atentado contra Bolsonaro em Minas, Alckmin - tamb�m na sabatina Estad�o-Faap - foi questionado sobre a estrat�gia de sua campanha de usar metade do seu tempo TV com uma campanha negativa contra o candidato do PSL. "Campanha pol�tica � para p�r o dedo na ferida. � para isso que tem campanha", respondeu o tucano.
Nos �ltimos dias, Bolsonaro, por exemplo, falou em "fuzilar a petralhada" e mand�-la para a Venezuela, em evento no Acre. O clima de campanha est� t�o fora do tom costumeiro que o pr�prio presidente da Rep�blica, Michel Temer, gravou v�deos atacando Alckmin e o petista Fernando Haddad, prov�vel substituto do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, condenado e preso na Opera��o Lava Jato, como candidato do partido � Presid�ncia.
'Hegemonia'
Para o cientista pol�tico Vitor Oliveira, a quebra de hegemonia entre PT e PSDB � um dos fatores desse acirramento. "Esse ano a campanha � curta. E j� estamos na metade dela. Al�m disso, houve uma quebra de hegemonia das duas for�as mais relevantes nos �ltimos anos. Tudo isso somado acirrou a disputa, abriu espa�o para competi��o. Mais competi��o, mais calor, mais ataques e tentativas de desconstru��o. N�s temos exemplos em elei��es passadas de que bater funciona."
Carlos Manhanelli, especialista em marketing pol�tico, avaliou que a elei��o "est� contaminada pelas redes sociais".
O cientista pol�tico Rodrigo Prando (Mackenzie) v� nesta campanha resqu�cios de 2014. "Ainda � uma heran�a da disputa entre 'n�s ou eles' ou 'coxinhas contra mortadelas' e outras divis�es criadas pelos pr�prios partidos", disse. "Se o candidato evita esse embate mais duro, pode ser taxado de covarde - o que seria a morte eleitoral. O brasileiro gosta desse elemento virulento." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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POL�TICA
Ataque a Bolsonaro freia agress�es na campanha
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