
A presen�a de rob�s nas redes vem crescendo desde o in�cio da campanha eleitoral, em 15 de agosto, atingindo o �pice na �ltima semana. Entre 12 e 18 de setembro, a pesquisa analisou 5,3 milh�es de intera��es (retu�tes) e mais de 712 mil perfis na rede social. No per�odo, o patamar de intera��es envolvendo rob�s chegou a 12,9%. No in�cio da disputa eleitoral esse n�mero era de 4,2%.
Procuradas, as campanhas negaram a utiliza��o de rob�s nas redes sociais. "A gente n�o contrata nenhum rob�. Se est� tendo, as pessoas que est�o fazendo a�", afirmou nesta quinta-feira, 20, o filho de Jair Bolsonaro, Fl�vio Bolsonaro.
O acirramento na campanha � um dos principais motivos para explicar o aumento de rob�s na rede social, segundo um dos autores do estudo, professor Marco Aur�lio Ruediger. "Voc� tem um crescimento repentino do candidato do PT, uma contraofensiva do campo � direita, e um terceiro campo buscando a terceira via, e aumenta a tentativa de influenciar as redes. A tend�ncia dessa curva de acirramento � continuar crescendo."
Esses n�meros n�o pertencem, necessariamente, a uma campanha ou a um candidato. Segundo a metodologia de identifica��o desses rob�s, n�o h� nem mesmo como provar que sejam positivos ou negativos ao candidato, mas apenas intera��es com suas contas.
S�o considerados rob�s contas automatizadas que geram volume de intera��es nas redes. Eles podem atuar tanto para atacar um candidato, como simplesmente para fazer campanha positiva.
"H� v�rios par�metros para determinar um rob�, um deles � quando ele realiza disparos, um tu�te ou retu�te, em um curto per�odo de tempo", disse Ruediger. O professor ressaltou ainda que o Twitter tem desempenhado um papel importante no combate a esses perfis falsos. A rede social informou, por meio de nota, que n�o comenta a pesquisa, porque n�o teve acesso � base de dados da FGV.
Na "bolha" de apoiadores de Bolsonaro e Haddad, tamb�m foram identificados os maiores patamares de retu�tes suspeitos. As intera��es de rob�s na seara "bolsonarista" chega a 17,8%; do lado de Haddad, esse patamar chega a 13%. A pr�xima "bolha" com retu�tes suspeitos � de Marina Silva (Rede), bem abaixo, com 7,2%.
Proibi��o
A lei eleitoral pro�be "a veicula��o de conte�dos de cunho eleitoral mediante cadastro de usu�rio de aplica��o de internet com a inten��o de falsear identidade". Al�m disso, se os rob�s forem contratados por apoiadores, podem ser enquadrados como impulsionamento, o que tamb�m � ilegal. A multa, neste caso, vai de R$ 5 mil a R$ 30 mil.
Ao jornal, a assessoria do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirmou que n�o fiscaliza o uso de rob�s na campanha e atua apenas em caso de den�ncia, seja do Minist�rio P�blico Eleitoral ou de algum partido que se considere prejudicado. N�o h� registro de puni��o at� hoje ao uso deste artif�cio.
"A fiscaliza��o n�o cabe, de fato, ao TSE. Se uma pessoa achar alguma publica��o estranha, pode pedir para o MP investigar", disse o ex-ministro do TSE Henrique Neves, chamando a aten��o para quando esses perfis compartilham not�cias falsas. "O que � importante pontuar � que todos n�s temos de tomar muito cuidado com o que a gente compartilha ou interage. Nas elei��es, as desinforma��es tendem a aumentar."
Ataques
As campanhas negam a utiliza��o de rob�s, mas a maioria tem identificado ataques. Na equipe de Marina Silva (Rede), por exemplo, os perfis da candidata t�m recebido coment�rios que costumam associar o nome dela ao n�mero de Bolsonaro. Isso se intensificou, segundo disseram, depois do embate entre os dois presidenci�veis.
"A gente conseguiu montar uma milit�ncia digital para combater isso. A orienta��o � tentar dar visibilidade positiva � candidata", disse Lucas Brand�o, coordenador de mobiliza��o.
A assessoria de imprensa de Alvaro Dias (Podemos) identificou nesta quinta o que chamou de um "ataque violento" nas redes, depois de o candidato gravar um v�deo criticando o presidenci�vel do PSL. Na mesma linha, o coordenador de m�dias sociais de Henrique Meirelles (MDB), Daniel Braga, disse acreditar que boa parte dos ataques seja por rob�s, uma vez que v�rias contas t�m registro de fora do Brasil.
"N�o acreditamos na efici�ncia de a��es com rob�s. Eles n�o formam opini�o, apenas posicionam uma hashtag nos trending topics."
A campanha de Jo�o Amo�do (Novo) tamb�m disse ter sido atacada nas �ltimas semanas, mas admitiu n�o conseguir identificar se isso vem de rob�s.
Amplifica��o de mensagem
Os rob�s s�o usados nas redes sociais para amplificar o alcance de uma mensagem ou publica��o e conseguir gerar o engajamento de pessoas comuns a conte�do pol�tico. "Nem tudo se torna viral, mas h� situa��es em que as pessoas gostam do conte�do (compartilhado por um rob�) e tamb�m compartilham. O retu�te � feito por um humano, mas muitos tamb�m j� foram feitos antes por rob�s", explica o especialista Filippo Menczer.
"Rob�s s�o importantes em amplificar o alcance de uma mensagem para ganhar a rea��o de humanos", afirma o professor, um dos autores de estudo sobre o uso de rob�s nas elei��es americanas de 2016. Os rob�s, chamados nos EUA de bots, s�o contas automatizadas que geram e compartilham conte�do simulando a��o humana.
Menczer � professor de Ci�ncia da Computa��o e Inform�tica e diretor do Centro para Pesquisa de Redes Complexas e Sistemas da Universidade de Indiana, com pesquisas sobre o modo de disseminar informa��o e desinforma��o nas redes.
O uso de contas automatizadas e a influ�ncia delas em campanhas � um tema explorado nos EUA, onde plataformas sociais e autoridades investigam a interfer�ncia de russos em 2016. Pelas investiga��es, russos usaram "trolls" - pessoas pagas para gerar conte�do ou com cren�a sobre o que est�o compartilhando - para criar conte�do contr�rio a Hillary Clinton.
Os rob�s tamb�m retuitaram mensagens de Trump durante as elei��es. Segundo apura��o interna do pr�prio Twitter, rob�s russos retuitaram cerca de 470 mil vezes postagens de Trump no per�odo eleitoral.
Ao analisar as elei��es americanas, Menczer pesquisou o caminho de conversas que pareciam geradas artificialmente para identificar o uso dos rob�s para retuitar outra conta artificial de forma sequencial. A ideia, segundo ele, � levar o tema aos "trending topics" - assuntos mais comentados do Twitter.