Em mais uma estrat�gia para tentar desgastar a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL), l�der isolado das pesquisas de inten��o de voto para a Presid�ncia da Rep�blica, seus principais advers�rios aderiram nos �ltimos dias ao movimento #Elen�o, liderado por mulheres e contr�rio ao deputado.
A campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) usou a hashtag no seu programa eleitoral veiculado na noite desta ter�a-feira, 25, para "alertar" as mulheres sobre em quem votar. Marina Silva (Rede), Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSOL) avaliam participar de atos agendados para o fim de semana no Pa�s.
O eleitorado feminino - que representa 52% do total de eleitores - se tornou uma barreira a Bolsonaro. O �ndice de rejei��o ao capit�o da reserva entre as mulheres chegou a 54% na mais recente pesquisa Ibope/Estado/TV Globo - entre os homens este �ndice � de 37%.
O candidato do PSL � r�u de uma a��o penal por incita��o ao estupro e j� fez declara��es pol�micas envolvendo mulheres. Disse, por exemplo, que n�o v� problema no fato de mulheres ganharem sal�rios menores do que os dos homens.
No s�bado, estar�o presentes no ato programado no Largo da Batata, na capital paulista, Boulos e a candidata a vice na chapa do PT, Manuela d'�vila (PCdoB). Os demais estudam participar ou enviar representantes.
Criado no in�cio do m�s, o grupo "Mulheres unidas contra Bolsonaro", o principal desse movimento nas redes sociais, soma 3,2 milh�es de participantes. De l� para c�, ganhou notoriedade progressiva e chegou a ser hackeado no dia 16 - foi transformado em "Mulheres com Bolsonaro". No fim de semana est�o previstos atos em 24 Estados e em outros dez pa�ses.
A ida ao protesto n�o � consenso nas campanhas de Ciro e Marina. O receio � de que a participa��o deles possa transmitir a ideia de "instrumentaliza��o" eleitoral do ato. O evento n�o est� previsto na agenda do candidato do PDT. J� na campanha da Rede, interlocutores afirmam que Marina, como a �nica candidata na disputa, tem legitimidade para participar.
Entre os candidatos que representam o campo antipetista, Alckmin � o que mais busca claramente se favorecer do movimento. No programa eleitoral do tucano, � exposta a frase: "Ele n�o (em men��o a Bolsonaro). Geraldo Alckmin, sim".
Ao longo de cinco minutos e meio, a campanha de Alckmin ainda cita que apoiadores de Bolsonaro atacam e querem tirar, das redes sociais, o perfil "Mulheres unidas contra Bolsonaro". Tamb�m usa declara��es pol�micas de aliados e do pr�prio deputado, como quando ele chama uma rep�rter de "analfabeta" e a deputada federal Maria do Ros�rio (PT-RS) de "vagabunda" ou afirma que "ningu�m gosta de homossexual, s� suporta".
A frase do general Hamilton Mour�o (PRTB), candidato a vice na chapa de Bolsonaro, na qual afirmou que fam�lias apenas com m�es e av�s s�o "f�bricas de desajustados" tamb�m � destacada como "alerta" para as mulheres.
Marina tem usado, em suas redes, a hashtag #Elasim, em analogia ao movimento feminino espont�neo que j� conta com a ades�o de mais de 3 milh�es de perfis no Facebook e contr�rio a Bolsonaro. A hashtag da presidenci�vel alcan�ou os trending topics do Twitter na semana passada.
Para Marina, o eleitorado feminino � especialmente importante. Primeiro, porque pesquisas mostravam, antes de a candidata come�ar a cair nas pesquisas, uma lideran�a sua neste segmento. Segundo, porque as mulheres ainda representam a maior parte do voto indeciso, especialmente as que t�m mais de 40 anos e ganham at� dois sal�rios m�nimos.
K�tia Abreu
Se Ciro tem usado com parcim�nia o tema em sua conta oficial de Twitter, a vice em sua chapa, a senadora K�tia Abreu (PDT-TO), tem sido mais direta. Embora n�o confirme a participa��o nos atos de s�bado, ela j� usou material relativo � campanha #Elen�o, demonstrou apoio � cantora Mar�lia Mendon�a (que sofreu amea�as depois de apoiar o #Elen�o) e postou um meme invertendo o mote do movimento, o #Elesim e uma foto de Ciro. A presen�a dele nos atos n�o est� prevista.
Ex-mulher
A ex-mulher do candidato � Presid�ncia Jair Bolsonaro (PSL), a advogada Ana Cristina Valle, afirmou a um funcion�rio da embaixada do Brasil na Noruega ter sido amea�ada de morte por ele, segundo um telegrama interno do Itamaraty. O epis�dio ocorreu em 2011 e foi confirmado ao Estado pelo ent�o embaixador em Oslo, Carlos Henrique Cardim. O relato foi registrado no telegrama do Itamaraty revelado nesta ter�a-feira pelo site do jornal "Folha de S.Paulo".
Cardim afirmou que, em julho daquele ano, recebeu um telefonema de Bolsonaro pedindo ajuda para lidar com uma situa��o familiar. O parlamentar disse que sua ex-mulher havia viajado para a Noruega com o filho do casal, Jair Renan, acompanhada de seu ent�o companheiro. "Ele queria saber a situa��o do filho menor", disse.
O telefonema ao embaixador ocorreu no fim de semana. No dia seguinte, Cardim recebeu um telegrama da sede do Itamaraty pedindo aten��o para o caso. Ele incumbiu o ent�o vice-c�nsul, Mateus Henrique Zoqui, para entrar em contato com Ana Cristina. Por telefone, Zoqui foi informado de que o filho estava com ela e estava bem. Ele ent�o afirmou que Bolsonaro poderia solicitar o retorno dele ao Brasil, com base na Conven��o de Haia, j� que a resid�ncia do garoto era com o pai.
Foi quando Ana Cristina teria dito que havia sa�do do Brasil por ter sido "amea�ada de morte" por Bolsonaro e, que, por isso, poderia pedir asilo pol�tico na Noruega. Um relato da conversa foi enviado por telegrama ao Itamaraty em Bras�lia.
Segundo Cardim, todo esse trabalho � parte da rotina das embaixadas e consulados do Brasil no exterior. Prestar assist�ncia a brasileiros no exterior � uma das fun��es do Itamaraty. "A gente ouve os cidad�os, orienta conforme a legisla��o brasileira", disse. Nem mesmo o fato de ele haver telefonado diretamente para o embaixador no fim de semana � visto como um tratamento privilegiado. "� um cidad�o brasileiro."
Nega��o
Na noite desta ter�a-feira, em v�deo divulgado nas redes sociais de apoiadores do presidenci�vel, Ana Cristina negou ter sido amea�ada por Bolsonaro. "Nunca. Pai do meu filho, meu ex-marido. Ele � muito querido por mim e por todos. Ele n�o tem essa �ndole para poder fazer tal coisa", afirmou a advogada. Atualmente, Ana Cristina � candidata a deputado federal no Rio pelo Podemos e usa o sobrenome Bolsonaro na campanha. Mateus Zoqui n�o foi localizado pela reportagem. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
POL�TICA