Alvo de fogo amigo nos �ltimos dias com declara��es controversas de integrantes do seu partido, o candidato do PT, Fernando Haddad (PT), chega na reta final da campanha no primeiro turno vendo o crescimento de sua rejei��o, a segunda maior entre os concorrentes ao Pal�cio do Planalto. A campanha petista sofre agora com a pol�mica levantada pelo ex-ministro Jos� Dirceu, de que seria “quest�o de tempo para o PT tomar o poder”. Antes, a presidente da legenda, senadora Gleisi Hoffmann, tamb�m havia feito declara��o controversa ao defender o indulto ao ex-presidente Lula, que seria concedido por Haddad caso vencesse a elei��o. Outro tema que pode ter influenciado negativamente a campanha seria a convoca��o de uma Constituinte, inclu�da na campanha petista e que foi criticada pelo candidato do PDT, Ciro Gomes. Ele criticou Haddad durante o �ltimo debate na TV afirmando que n�o � prerrogativa do presidente da Rep�blica convocar Constituinte.
Pouco conhecido no in�cio da campanha em muitas regi�es do Brasil, Haddad viu sua rejei��o aumentar de 27% para 38% na nova pesquisa do Ibope e de 32% para 41% na do Datafolha. Declara��es pol�micas de aliados podem explicar o aumento do n�mero de eleitores que afirmaram n�o votar em Haddad de jeito nenhum. A de Bolsonaro subiu de 41% para 45% no Ibope e oscilou de 46% para 45% no Datafolha. Na semana passada, Jos� Dirceu disse em entrevista ao jornal El Pa�s que era quest�o de tempo para o PT tomar o poder. Dois dias depois, em outra entrevista pol�mica, o ex-ministro petista defendeu a retirada de poderes do Minist�rio P�blico e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Outra declara��o pol�mica envolveu a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, que afirmou em entrevista ser favor�vel a um indulto para que o ex-presidente Lula deixe a pris�o caso Haddad ven�a as elei��es. A hip�tese, no entanto, vem sendo descartada pelo pr�prio Haddad, que afirma que Lula n�o quer indulto para ganhar sua liberdade, uma vez que se considera inocente e quer ver seu processo julgado pelas cortes superiores. O petista, que vinha crescendo nas �ltimas pesquisas de inten��o de voto, passando de 4% para 21% em um m�s de campanha, se manteve no �ltimo levantamento com o mesmo percentual.
Nesta semana, a campanha petista sofreu novo rev�s, dessa vez do Poder Judici�rio. Ap�s o juiz S�rgio Moro autorizar a divulga��o da dela��o do ex-ministro Ant�nio Palocci, o esquema do petrol�o voltou � tona. Entre os citados por Palocci est�o caciques do PT e um dos coordenadores da campanha de Haddad � Presid�ncia, o ex-presidente da Petrobras Jos� S�rgio Gabrielli. O partido negou as den�ncias do ex-ministro petista e afirmou que a abertura da dela��o foi mais um ato pol�tico de Moro.
13º SAL�RIO E CPMF L�der nas pesquisas, Jair Bolsonaro tamb�m enfrentou fogo amigo pesado nas �ltimas semanas e foi obrigado a rebater falas de seus aliados ainda no hospital – de onde teve alta no �ltimo s�bado. A primeira pol�mica foi criada pelo economista Paulo Guedes, que o capit�o reformado do Ex�rcito tem apontado como seu ministro da Fazenda. Em palestra a empres�rios, Guedes afirmou que seria necess�ria a cria��o de um imposto para equilibrar as contas p�blicas e citou a possibilidade da volta da CPMF. A resposta de Bolsonaro foi imediata, em v�deo postado nas redes sociais garantindo que, se eleito, n�o vai aumentar impostos.
Mas a muni��o mais pesada partiu da caserna. O candidato a vice-presidente de Bolsonaro, general Hamilton Mour�o, criticou o pagamento do 13º sal�rio e do b�nus das f�rias, considerando esses direitos assegurados pela Constitui��o “jabuticabas brasileiras”. No mesmo dia, o candidato do PSL rebateu as declara��es do vice, desautorizando suas posi��es publicamente. Ontem, Mour�o voltou a dar declara��es pol�micas: “Se voc� for olhar, seu empregador te paga um dozeavos a menos (por m�s). No fim do ano, ele te devolve esse sal�rio. E o governo, o que faz? Aumenta o imposto para pagar o meu. No final das contas, todos sa�mos prejudicados”, afirmou o general.
O fogo amigo de Bolsonaro e Haddad vem sendo aproveitado pelos advers�rios, que endureceram o tom das cr�ticas feitas nas propagandas eleitorais desde a semana passada. O candidatos do PSDB, Geraldo Alckmin, e da Rede, Marina Silva, criticaram as declara��es do general Mour�o, citando que a elei��o de Bolsonaro representar� “retrocesso” para os trabalhadores brasileiros. J� o candidato do PDT, Ciro Gomes, afirmou em debate que Haddad faz proposta parecida com a de Mour�o ao sugerir a convoca��o de uma Assembleia Constituinte.
Votos consolidados
Para o cientista pol�tico e professor em�rito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) F�bio Wanderley Reis, a manuten��o de Haddad e Bolsonaro � frente das pesquisas, mesmo com grande ataque dos advers�rios, demonstra que ambos s�o candidatos com eleitorado j� consolidado. “Esse cen�rio de crescimento e manuten��o dos votos para os dois ficou claro nas �ltimas semanas. As posi��es de Bolsonaro, com o discurso de que bandido bom � bandido morto, por exemplo, conquistou parte da popula��o que estava procurando uma figura como ele. O crescimento do PT acompanha tend�ncia parecida, ao contr�rio da direita. Desde a pris�o do Lula houve forte mobiliza��o e o candidato do partido recebeu esse eleitorado. Sobra pouco espa�o para os demais candidatos, mesmo com tantas pol�micas repercutindo fortemente”, diz F�bio Wanderley.
Num cen�rio de segundo turno entre os dois candidatos com maior rejei��o, as pesquisas do Ibope e do Datafolha mostram empate t�cnico entre Bolsonaro e Haddad. Na primeira, o capit�o da reserva o petista t�m 42%. Na segunda, Bolsonaro t�m 44% e Haddad, 42%.