Os candidatos mais votados para disputar o segundo turno das elei��es presidenciais, Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), v�o ao segundo turno com altos �ndices de rejei��o. Segundo �ltima pesquisa Ibope/Estad�o/TV Globo divulgada no dia 6 de setembro, o deputado federal contabilizou 43% da rejei��o, enquanto o ex-prefeito petista somou 36%. Para analistas, se quiserem conquistar novos votos, os dois ter�o que suavizar parte das narrativas adotadas na campanha at� o momento.
"S�o duas posi��es irreconcili�veis entre si", avalia o cientista pol�tico e professor da FAAP, Jos� Correa. Enquanto dois espectros da sociedade seguir�o convictos a respeito dos seus candidatos, a maior parte dos brasileiros, segundo ele, estaria em um terceiro bloco: "Essa elei��o n�o est� aproximando o conjunto da popula��o da pol�tica, est� afastando. Isso vai marcar o segundo turno", afirma.
Tal parcela da popula��o, tomada por um desencanto, votaria no "mal menor". "O entusiasmo � estritamente dos partid�rios dos dois candidatos", avalia.
Os eleitores que mais rejeitam Bolsonaro e Haddad t�m perfis completamente opostos. O candidato do PSL tem maior dificuldade entre as mulheres (49%), entre os jovens (48% de 16 a 24 anos), com baixa escolaridade (46% at� a quarta s�rie do ensino fundamental), pobre (53% at� um sal�rio m�nimo), cat�lica (46%), preta e parda (47%) e do nordeste (58%).
O petista tem rejei��o entre os homens (43%), entre os eleitores de 25 a 34 anos (39%), escolarizados (52% com ensino superior), ricos (57% com mais de cinco sal�rios m�nimos), evang�licos (45%), brancos (45%) e sulistas (48%).
"A raz�o para a disputa eleitoral ter sido levada ao segundo turno � responsabilidade das mulheres de renda mais baixa, avalia o diretor do Datafolha, Mauro Paulino. "Elas t�m peso no eleitorado, seguraram a vit�ria de Bolsonaro no primeiro turno". Por�m, entre as mulheres de classe m�dia, os votos ao capit�o alcan�aram 47% segundo pesquisa do instituto. "Ele venceria no primeiro turno se dependesse s� delas", defende Mauro.
Apesar da avalia��o de analistas, nos primeiros movimentos ap�s o resultado, tanto Bolsonaro quanto Haddad n�o deram sinais que v�o flexibilizar seus discursos. Nesta segunda-feira, 8, Bolsonaro afirmou que n�o vai mudar o discurso: "N�o posso virar Jairzinho para e amor e me violentar". J� Haddad foi � Curitiba visitar o ex-presidente Luiz In�cio Lula Silva , preso e condenado na Lava Jato. Os eleitores que mais rejeitam o candidato do PT s�o exatamente os com o perfil mais antipetista.
"Uma nova elei��o": Essa � a defini��o da corrida presidencial a partir de agora, avalia o especialista. "Pode ser que tenha no segundo turno uma taxa maior de brancos e nulos do que em outras elei��es. Teremos eleitores que preferem posi��es menos extremas e estar�o diante de dois extremos. As rejei��es tamb�m podem mudar".
O professor Maur�cio Fronzaglia, do Mackenzie, avalia que a alta rejei��o limita o poder de atra��o dos candidatos. Segundo ele, muitos dos eleitores no segundo turno estar�o "desconfiados" em rela��o �s propostas dos extremos, o que dificulta a migra��o de votos. "Os dois ter�o de fazer acenos para um eleitorado mais amplo do que a base que apresentam. O risco � deixarem descontentes a milit�ncia que os levou ao segundo turno".
Ele acredita que a campanha de Bolsonaro vai tentar atrair aqueles que s�o contr�rios a Lula mas discordam do "radicalismo" em quest�es sociais proposto pelo capit�o reformado. "Sinaliza��es de cortes em pol�ticas sociais e quest�es trabalhistas, como feitas por parte dos seus apoiadores na campanha, podem lhe custar esses votos", afirma.
Em rela��o a Haddad, o professor entende que o candidato deve adotar o discurso mais pr�ximo do mercado. "O candidato deve acalmar o mercado e sinalizar uma aproxima��o com a agenda da classe m�dia e dos pequenos e m�dios empres�rios que veem as propostas do seu partido com extrema desconfian�a", afirma.
Na sua avalia��o, a tarefa � mais dif�cil para o PT porque ter� que enfrentar o forte sentimento contr�rio ao partido e fazer a autocr�tica aos erros das gest�es anteriores.
POL�TICA