
O deputado federal Rodrigo Pacheco (DEM-MG), de 41 anos, chegou a anunciar sua candidatura ao governo do estado, mas pouco antes do in�cio da campanha eleitoral desistiu para apoiar o senador Antonio Anastasia (PSDB). Lan�ou ent�o sua candidatura para uma das duas vagas de Minas no Senado. Obteve resultado expressivo, com 3.616.864 votos (20,49%) e garantiu cadeira no Parlamento federal ao lado do jornalista Carlos Viana, que ficou com a segunda vaga. Agora, confrontado com a grave crise financeira do estado, Pacheco diz que vai trabalhar no Senado para cobrar maior aten��o do governo federal para Minas. Em entrevista exclusiva ao Estado de Minas, ele afirmou: “Pol�tica � a arte de escolher. E o que tem acontecido em Minas � que as escolhas do governo federal s�o todas para outros estados, menos para Minas. Quero exigir o que o tenha de recursos, mesmo numa crise financeira, possa vir tamb�m para Minas”. O senador eleito diz tamb�m que vai lutar pela reforma tribut�ria, mudan�a na Lei de Licita��o e combate aos privil�gios.
Dos 54 atuais senadores, apenas oito permanecem na Casa. Qual foi o recado das urnas, na avalia��o do senhor?
Mudan�a, que � aquilo que preguei na minha campanha, a necessidade de fazermos mudan�as no Senado, de deixar de ser Casa de homenagens para ser uma Casa de a��es. As pessoas compreenderam isso e deram um recado nas urnas pretendendo mudan�as. Essa pretens�o de mudan�a tem como consequ�ncia retirar quem deve ser mesmo substitu�do e, �s vezes, retirar at� quem estava tendo bom trabalho. Isso pode acontecer tamb�m, mas necessariamente houve mudan�a e considero que no final das contas isso � muito bom para o Brasil.
As pesquisas davam como certa a elei��o de Dilma Rousseff (PT) para o Senado e uma disputa acirrada entre o senhor e outros dois candidatos pela segunda vaga. O que aconteceu para um resultado t�o diferente? As pesquisas erraram ou o eleitor trocou o voto em cima da hora?
As duas coisas. Houve erro na realiza��o dessas pesquisas eleitorais e houve na �ltima semana um movimento de conscientiza��o de Minas Gerais, que n�o aceitou candidatura imposta por um projeto de partido pol�tico exclusivamente, que era a candidatura da ex-presidente Dilma. Houve concentra��o de esfor�os dos candidatos que na compreens�o do povo de Minas Gerais tinha condi��es de representar Minas no Senado.
Qual ser� o primeiro projeto do senhor no Senado?
N�o h� necessariamente um primeiro projeto. Vamos dar continuidade ao trabalho do Anastasia, que tem muitos projetos elaborados e muitos que ele � relator. Pretendo ser o relator desses projetos que o Anastasia tem l� ou � relator, considerando que ele vai para o governo. Estou admitindo a hip�tese que ele ser� o nosso governador. Continuarei tamb�m o trabalho com os projetos que tenho na C�mara dos Deputados e v�o necessariamente para o Senado e que j� tem temas pertinentes tamb�m no Senado. E trabalhar no Senado pela aprova��o desses projetos tanto que sou autor como relator. E trabalhar muito para dar a governabilidade para o pa�s, para permitir que sejam adotadas as mudan�as de que tanto precisamos: reforma tribut�ria, altera��o da Lei de Licita��es, corre��o de distor��es e de privil�gios, que s�o muitos e temos que trabalhar nessa linha. Simplifica��o da legisla��o, menos burocracia, projetos que priorizem quem empreende no pa�s para gerar emprego e trabalho para as pessoas. Ent�o, vamos fazer esse apanhado geral muito tecnicamente para poder ter uma produ��o legislativa de qualidade no Senado.
O senhor falou em corre��o de distor��es e privil�gios. Est� se referindo aos penduricalhos pagos no Legislativo, Judici�rio e Minist�rio P�blico, como aux�lio-moradia, aux�lio-sa�de e verba do palet�?
Considero privil�gios e regalias em todos os poderes e todas as inst�ncias de governo. Temos que identific�-las para poder realmente acabar com isso no pa�s. O que temos que trabalhar � permitir, quando voc� se refere � magistratura e ao Minist�rio P�blico, que eles tenham boas condi��es de trabalho. E h� possibilidade de adicionais de tempo de servi�o, de valoriza��o por tempo de magistratura, tudo isso s�o mecanismos mais adequados do que aux�lio-moradia.
O senhor ent�o considera o aux�lio-moradia regalia?
Considero o aux�lio-moradia em alguns casos desencess�rio, e para cada caso temos que fazer um estudo para poder superar isso. Aux�lio-moradia n�o pode ser usado para fazer compensa��o de d�ficit salarial de qualquer categoria. Eu considero que as categorias t�m que ser bem remuneradas, t�m que ter boas condi��es de trabalho, quando mais tempo de trabalho mais valorizado deve ser, por�m sem esse subterf�gio de criar algum tipo de vantagem para fazer qualquer tipo de compensa��o. Temos que ser claros com a popula��o nesse sentido.
A atual bancada de Minas Gerais foi muito criticada durante a campanha pelos candidatos a governador, inclusive acusada de n�o lutar pelo estado junto ao governo federal. O senhor concorda?
Considero que a bancada federal poderia ter feito mais mesmo, poderia ter sido melhor organizada, mais concatenada e mais unida para defender os assuntos de Minas Gerais. O grande problema � que uma bancada lidera, e precisa ter a lideran�a de um governador, o que o Fernando Pimentel n�o fez. Acredito muito que o Antonio Anastasia sendo governador possa liderar esse movimento de reconstru��o de Minas Gerais e de representatividade do nosso estado junto a bancada federal de deputados e senadores.
O que o senhor faria de diferente em rela��o � atual bancada?
Vou exigir mais do governo federal, seja quem for o presidente da Rep�blica, que possa realizar em Minas Gerais aquilo que aguardamos e esperamos. � mais um trabalho de unifica��o, unir a bancada, abstrair quest�es relativas a partidos pol�ticos, linhas ideol�gicas e ter o interesse comum de defesa de Minas Gerais. Fazer uma exig�ncia proporcional ao tamanho de Minas no cen�rio nacional, proporcional � import�ncia de Minas para a governabilidade do presidente da Rep�blica. Temos que exigir do governo federal com bastante veem�ncia que possam vir para c� os recursos de que precisamos para poder superar nossa crise.
Mas como exigir dinheiro que o governo federal diz n�o ter?
Temos que ajudar na governabilidade para ajudar a superar a crise econ�mica do estado e do pa�s, n�o h� d�vida alguma. Agora, na pol�tica, h� crit�rios de escolha. Pol�tica � a arte de escolher. E o que tem acontecido em Minas Gerais � que as escolhas do governo federal s�o todas para outros estados, menos para Minas. Quero exigir que o que tenha de recursos, mesmo numa crise financeira, possa vir tamb�m para Minas Gerais.
A nova bancada de Minas Gerais mant�m perfil conservador. Como o senhor acredita que vai ser a atua��o dos mineiros com o Pal�cio do Planalto em caso de vit�ria de Jair Bolsonaro ou de Fernando Haddad?
Digo que, independentemente de quem seja o presidente, vou estabelecer di�logo, estabelecer a conversa muito clara para a defesa de Minas Gerais. Com um pode ser mais f�cil, com outro pode ser um pouco mais dif�cil, mas ser� poss�vel. A minha experi�ncia na Comiss�o de Constitui��o e Justi�a da C�mara dos Deputados me permite dizer que vou ter di�logo muito tranquilo com quem for o presidente da Rep�blica para defender os interesses de Minas Gerais. E espero que o pr�ximo presidente tenha a responsabilidade de reconhecer as nossas necessidades em Minas e possa cumprir com a d�vida hist�rica que o governo tem com o nosso estado.
No segundo turno, que o senhor vai apoiar para presidente?
Vou votar no Jair Bolsonaro para presidente, porque entendi que em Minas Gerais houve um n�o muito forte a esse modelo do Partido dos Trabalhadores, tanto no estado quanto no Brasil. Tenho que fazer realmente valer o que � a vontade do povo de Minas Gerais, quando nega a ida para o segundo turno do governador do PT, quando confere uma derrota a uma ex-presidente da Rep�blica que � candidata ao Senado pelo PT, tenho que ser a voz e vontade de Minas Gerais nesse momento.
O senhor j� disse que o governo federal tratou a reforma da Previd�ncia da forma errada. Qual � a forma correta?
Primeiramente, n�o atribuir � reforma da Previd�ncia � solu��o de todos os males do Brasil, como fez o presidente Michel Temer. Foi um erro. Segundo, explicar para a popula��o que a corre��o das distor��es da Previd�ncia Social para adequ�-la ao momento que temos, que � de aumento na expectativa de vida do brasileiro, n�o � sacrif�cio de direitos das pessoas que recebem menos. Temos que atingir as distor��es do sistema previdenci�rio nacional. Terceiro, preservar o m�ximo poss�vel os direitos adquiridos e estabelecer regra de transi��o mais longa para evitar aquela situa��o de uma pessoa, pronta j� para se aposentar, ter que trabalhar, em vez de mais um ano, trabalhar 10 anos para poder se aposentar. Isso � uma injusti�a e demonstra a imprevisibilidade do pa�s e inseguran�a jur�dica. S�o esses pontos que temos que tratar. E ter conversa muito aberta com a sociedade de modo geral para que todos possam compreender quais os pontos que merecem ser preservados e que os precisam ser alterados.