Os extratos banc�rios do ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza revelam que ele fez "transa��es importantes e regulares" na Su��a, coincidindo com o per�odo em que supostos crimes de desvio de dinheiro na companhia paulista teriam ocorrido.
As informa��es fazem parte da decis�o do Tribunal Penal Federal da Su��a que, em 21 de agosto, j� havia dado o primeiro sinal verde para que a documenta��o fosse enviada ao Brasil.
Em setembro, foi a vez de a Suprema Corte da Su��a rejeitar mais um recurso de Vieira de Souza e dar in�cio � prepara��o para a transmiss�o dos extratos ao Minist�rio P�blico brasileiro.
Os extratos sobre o suspeito poderiam apontar para novos implicados no esquema e identificar quem teria feito pagamentos a uma conta que ele manteve na Su��a.
Procurada pela reportagem nesta segunda-feira, 15, a defesa de Vieira de Souza indicou que n�o ir� se pronunciar sobre as informa��es contidas nos documentos do Tribunal e ir� esperar o tr�mite legal da coopera��o entre os su��os e o Brasil.
Desde novembro de 2017 o caso vem sendo alvo de uma briga nos tribunais su��os. A defesa do ex-diretor apresentou dois recursos ao longo dos �ltimos meses. Mas todos eles foram recusados. No processo su��o, o caso � descrito como envolvendo um suspeito por "desvio, corrup��o e participa��o em um grupo criminoso".
Para justificar a colabora��o com o Brasil, os ju�zes su��os concordaram que existiu uma coincid�ncia entre as transa��es realizadas nas contas dos bancos no exterior e as suspeitas que pairam sobre o ex-diretor da Dersa sobre desvios de recursos na empresa.
"Resulta do dossi� que as contas em causa, das quais o requerido � o �nico benefici�rio, foram abertas em 2007 e encerradas em 2017, sendo os ativos suspeitos de terem sido posteriormente transferidos para outro banco domiciliado em Nassau, nas Bahamas", explicou o Tribunal Penal Federal.
Em mar�o deste ano, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que os su��os tomaram a decis�o de cooperar com o Brasil na coleta de dados com os bancos, com o objetivo de repassar as informa��es que poderiam revelar eventuais beneficiados ou quem teria feito dep�sitos. O objetivo era o de desvendar a origem e o destino das transfer�ncias realizadas pelo brasileiro apontado como operador do PSDB.
Os recursos chegaram a somar R$ 113 milh�es, antes de terem sido transferidos das contas su��as para o Caribe.
"A documenta��o, de fato, mostra transa��es importantes e regulares no momento em que os fatos incriminados ocorreram em favor de v�rias empresas", constatou a Justi�a su��a.
"Nessas circunst�ncias, existe uma rela��o objetiva suficiente entre o recorrente, as contas sob lit�gio e as infra��es que s�o objeto de investiga��o brasileira", disse o Tribunal.
"N�o existe nenhuma d�vida que a documenta��o solicitada (pelo Brasil) � adequada a permitir que as autoridades investigadoras brasileiras tracem o caminho do produto das eventuais infra��es e descobrir uma grande parte dos comportamentos incriminados", estimam os ju�zes su��os.
Berna confirma que foram eles quem primeiro repassaram, de forma espont�nea, a informa��o da exist�ncia das contas ao Brasil envolvendo Vieira de Souza. Em 2017, as autoridades su��as encontraram R$ 113 milh�es (35 milh�es de francos su��os) em quatro contas no pa�s europeu em nome do ex-diretor da Dersa. Ele comandou a estatal paulista entre 2007 e 2010, per�odo que compreende o mandato do ex-governador Jos� Serra (2007-2010), do PSDB.
Poucos meses depois do primeiro contato entre os su��os e o Brasil, no entanto, em novembro de 2017, a Procuradoria em Berna indicou que recebeu um pedido de coopera��o por parte do Minist�rio P�blico Federal para que os dados fossem aprofundados. "O Escrit�rio do Procurador-Geral da Su��a pode confirmar que, nesse contexto, o Departamento de Justi�a Federal nos delegou um pedido de assist�ncia legal por parte do Brasil em novembro de 2017", disse o MP su��o, num e-mail � reportagem.
O trabalho dos su��os foi o de coletar, no Banco Bordier & Cia, todos os extratos e documentos de transa��es relativas �s quatro contas, desde o dia de sua abertura, em 2007, at� hoje.
As contas est�o vinculadas a uma offshore panamenha chamada Groupe Nantes e, ainda no ano passado, o suspeito teria transferido os ativos para um outro para�so fiscal, nas Bahamas. A suspeita dos investigadores � de que o dinheiro teria sa�do da Su��a diante do avan�o das apura��es do MP su��o contra brasileiros citados em casos da Lava Jato.
As contas, mesmo assim, passaram a ser congeladas e, mesmo que os valores j� n�o estejam mais na Su��a, a esperan�a dos procuradores � de que os extratos e documentos banc�rios ajudem a elucidar a origem dos recursos e quem, durante quase uma d�cada, teria sido benefici�rio de dep�sitos com origem nessas contas.
Defesas
Procurada pela reportagem nesta segunda-feira, 15, a defesa de Paulo Vieira de Souza indicou que n�o ir� se pronunciar sobre as informa��es contidas nos documentos do Tribunal Penal Federal da Su��a e ir� esperar o tr�mite legal da coopera��o entre os su��os e o Brasil.
"A DERSA - Desenvolvimento Rodovi�rio S/A e o Governo do Estado de S�o Paulo t�m reiterado que s�o os grandes interessados acerca do andamento das investiga��es. Todas as obras realizadas pela Companhia foram licitadas obedecendo-se � legisla��o em vigor. Se houve conduta il�cita com preju�zo aos cofres p�blicos, o Estado ir� cobrar as devidas responsabilidades, como j� agiu em outras ocasi�es. A Companhia refor�a seu compromisso com a transpar�ncia e se mant�m, como sempre o faz, � disposi��o dos �rg�os de controle para colaborar com o avan�o das investiga��es."
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