A frente democr�tica sonhada pelo candidato do PT, Fernando Haddad, para tentar virar o jogo eleitoral no segundo turno, est� cada vez mais distante da realidade. A sigla, que havia conseguido a ades�o formal do PSol e do PSB, al�m do PCdoB, foi surpreendida por fortes cr�ticas feitas por expoentes do PDT — partido do candidato derrotado Ciro Gomes — ao comportamento do PT durante a campanha e nos governos petistas. A rebeli�o causou um rebuli�o entre as for�as de esquerda.
A divis�o foi exposta de forma contundente na noite de segunda-feira, em Fortaleza. Durante um ato p�blico, com petistas, o senador eleito Cid Gomes (PDT-CE), irm�o de Ciro, afirmou que o PT deveria fazer um mea-culpa se n�o quiser perder a elei��o. “N�o tenho raiva do PT. Acho que o Haddad � o melhor. E, para ele ter a m�nima possibilidade de ganhar, a companheirada teria de fazer uma autocr�tica, um pedido de desculpas”, disse.
“N�o admitir os erros que cometeram � para perder a elei��o. E � bem feito. V�o perder feio, porque fizeram muita besteira, porque aparelharam reparti��es p�blicas, porque acharam que eram donos de um pa�s, e o Brasil n�o aceita ter dono, � um pa�s democr�tico”, disse Cid. Quando petistas na plateia come�am a gritar o nome do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, Cid elevou o tom: “O Lula est� preso. E vai fazer o qu�? Isso � o PT, e o PT desse jeito merece perder”.
Ontem, Haddad tentou minimizar o epis�dio. “Tenho uma amizade pessoal com o Cid. Ele fez elogios � minha pessoa. Prefiro sempre olhar para o lado positivo”, disse a jornalistas, em S�o Paulo, durante evento de campanha. Mais tarde, em entrevista a uma r�dio, o presidenci�vel afirmou que “Ciro e Cid ficaram ressabiados com o PT por raz�es locais”. “Eu sei que n�o � comigo o problema. Entendo essas arestas, que t�m que ser aparadas. Meu desejo de que eles participem da campanha continua o mesmo. Vamos seguir a vida”, completou.
Por meio do Facebook, Cid voltou � carga. Ele disse que n�o tinha o objetivo de se vingar de ningu�m. Afirmou, contudo, que o povo brasileiro quer virar duas p�ginas do passado recente: o PSDB e o PT. “Creio que a �nica forma de ajudar a evitar que essa �nsia popular coloque o pa�s numa aventura obscurantista seria uma profunda autocr�tica da companheirada, seguida de um sincero pedido de desculpas. E, na sequ�ncia, uma palavra firme do Haddad de que governar� suprapartidariamente. Ser� pedir demais? Muita ingenuidade?”, questionou.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, respondeu com uma cr�tica velada ao PDT. “Se o PT n�o estivesse no segundo turno, apoiaria o advers�rio do deputado Bolsonaro, porque ele n�o vai promover a democracia no pa�s. Esper�vamos que isso fosse um movimento natural e estou vendo que n�o �. Adiante, a hist�ria avaliar� a todos n�s”, escreveu no Twitter.
O senador eleito Jaques Wagner (PT-BA), que integra a equipe da campanha de Haddad, foi mais comedido: “N�s j� mandamos o recado para todo mundo. Fica na consci�ncia de cada partido, de cada pessoa. Se eles derem a declara��o (de apoio), seria melhor. Mas, se n�o derem e j� disserem que n�o votam no Bolsonaro, j� demarcaram um campo”.
Veja v�deo com Cid Gomes criticando o PT e Lula