
Janones, que j� era refer�ncia nas redes sociais para muitos usu�rios do sistema p�blico de sa�de por cobrar judicialmente direito ao tratamento, hesitou, mas n�o por muito tempo. Saiu de casa e, � beira da rodovia, tr�mulo, gravou conclamando brasileiros a apoiar a paralisa��o, criticando o Movimento Brasil Livre (MBL), que tentava pelas redes sociais desqualificar a mobiliza��o. “Eu sabia que iria repercutir, mas jamais imaginei que alcan�aria 17 milh�es de visualiza��es s� na minha p�gina e 50 milh�es no Brasil inteiro. Obtive durante a greve 50 milh�es de engajamentos, o maior de uma �nica pessoa j� registrado no mundo”, lembra ele. Janones, que mantinha cerca de 70 mil seguidores devido � advocacia gratuita, saltou da noite para o dia para um milh�o.
E ele, que j� disputara sem sucesso a Prefeitura de Ituiutaba em 2016, obteve agora 178.660 votos, o terceiro deputado mais votado da bancada mineira. Concorreu pelo Avante, legenda pequena. “N�o tive apoio de nenhum vereador, nenhum prefeito e fui votado em todos os 853 munic�pios. Minha campanha custou R$ 150 mil e 90% foi digital”, afirma Janones, que abre a s�rie de entrevistas do EM com os deputados federais mais bem votados em Minas. “A maior parte dos meus gastos foram com santinhos distribu�dos na minha cidade. Mas se n�o tivesse gasto nada com eles, o resultado teria sido o mesmo”, diz.
A que o senhor atribui a sua vota��o para deputado federal? Foi mesmo a greve dos caminhoneiros que lhe deu notoriedade?
N�o acho que seja a greve. Veja o Chor�o, (Wallace Landim Chor�o), que foi um dos l�deres do movimento dos caminhoneiros. Era o homem da greve. Ele concorreu para deputado federal por Goi�s pelo Podemos e s� teve 14.171 votos. N�o se elegeu. Eu tinha um trabalho desde 2009, de advocacia popular. Tenho ajudado milhares de pessoas, propondo a��es judiciais, garantindo-lhes acesso ao tratamento de sa�de p�blico. Sou procurado por pessoas na fila do SUS que aguardam exames, cirurgia. Ingresso com a a��o na Justi�a gratuitamente para essas pessoas carentes na fila do SUS. Ganho as liminares, a Justi�a determina que o poder p�blico cumpra essa decis�o. A Defensoria P�blica oferece esse apoio ao cidad�o, mas eu divulgo as situa��es nas redes, o que leva o poder p�blico a cumprir �s vezes at� antes de precisar entrar com a a��o. H� posts que chegam a um milh�o de visualiza��es.
Como foi a decis�o de entrar para a pol�tica institucional?
Comecei a milit�ncia pol�tica em 2007 como l�der estudantil. Participei das jornadas no Rio de Janeiro “Une de volta pra casa”. Ocupamos o terreno na Praia do Flamengo, 132 (endere�o da Une at� 1º de abril de 1964, o pr�dio foi incendiado e nos anos 80 demolido) para retom�-lo. Tenho a democracia como valor, um grande apre�o por esta luta. A partir de 2009 comecei a desenvolver esse trabalho de advocacia popular comprando a briga com o poder p�blico. Por exemplo, em Ituiutaba, minha cidade, falta UTI neonatal, um problema recorrente. Por diversas vezes ganhamos na Justi�a decis�es favor�veis para transferir crian�as para BH ou Uberl�ndia. Tamb�m atendia a muitas demandas populares para a��es contra aumento abusivo do IPTU. Por um ano, atuei em Belo Horizonte atendendo na sala de apoio do advogado. Atualmente, atendo a pedidos no estado inteiro, embora 80% das demandas estejam concentradas no Tri�ngulo. S� que antes da greve, apenas as fam�lias beneficiadas sabiam disso. O que aconteceu foi que a greve deu visibilidade ao meu trabalho.
� muito frequente que candidatos a deputado federal fa�am dobradinha com candidatos a deputado estadual. O senhor dobrou com algu�m?
Dobrei com o Cleitinho Azevedo (PPS), de Divin�polis, que foi o quarto mais votado no estado. Ele tamb�m est� sempre usando as redes sociais. Temos trajet�ria parecida. Sou advogado agora, mas fui cobrador de �nibus, me formei com bolsa de estudos. Cleitinho era vendedor de tomate, se elegeu vereador e agora foi eleito deputado estadual. Ele tamb�m briga pelas causas populares, apoiando as pessoas nas demandas contra o estado.
Politicamente, qual ser� a sua principal bandeira na C�mara dos Deputados?
Embora seja crist�o evang�lico, da Igreja Batista da Lagoinha, n�o me escorei em religi�o. Defendo o Estado laico e nunca entrei numa igreja para pedir votos. Cada um com a sua f� e pretendo atuar em defesa dos direitos de todos os brasileiros, de todas as religi�es. Sou democrata, defensor da liberdade de imprensa. Vou trabalhar muito pela sa�de p�blica e o combate � corrup��o, dentro dos marcos legais e constitucionais. Como advogado me qualifico como legalista. A lei tem de ser cumprida e ponto final. Abusos de autoridade, quando ocorrem, devem ser punidos. Acho muito importante, e vou trabalhar nesse sentido, introduzir no��es de direito na grade curricular das crian�as brasileiras, para que possam coibir situa��es de abuso em todos os campos – do estado sobre o indiv�duo, do indiv�duo enquanto consumidor. No longo prazo, � uma iniciativa que tem o poder de revolucionar e garantir direitos.
Como o senhor pretende se posicionar no segundo turno da disputa presidencial?
Como em 2014, o Brasil sai das urnas dividido. N�o pretendo me posicionar publicamente. Vou ser coerente, n�o quero ser base de apoio nem oposi��o. Serei independente. Quero votar o que for do interesse do povo, serei favor�vel. O que n�o, serei oposi��o ferrenha.