No Rio, a jornalista Maria Eduarda Mattar, de 38 anos, deu o ponto de partida no Largo do Machado, na zona sul da capital, no feriado do dia 12. Com quatro amigos, levou uma placa que oferecia escuta atenta a quem planeja anular o voto. Chegando l�, encontrou um casal que fazia o mesmo, e exibia um cartaz com os dizeres: "Em d�vida sobre o segundo turno?" Durante 1h30, Maria Eduarda e os amigos mostraram v�deos e tiraram d�vidas sobre falas de Bolsonaro referindo-se pejorativamente a negros e pessoas LGBT.
"Eu estava cansada de ver o discurso belicoso crescer nas redes sociais. Falar olho no olho e usar bons argumentos � algo que faz muita diferen�a. Fiquei muito tempo com cada um e acho que convenci tr�s pessoas", acredita a jornalista, que trabalha com projetos sociais. "O 'n�s e eles' n�o est� dando certo. Percebi que muitas pessoas n�o sabem que o Bolsonaro j� falou coisas t�o radicais". A jornalista compartilhou sua experi�ncia no Facebook e viu sua iniciativa se disseminar.
Ela tamb�m esteve no movimentado Largo da Carioca, no centro. "D� para virar. Se cada um de n�s que votou contra o Bolsonaro conseguir virar um voto, a gente dobra o n�mero. Sigo nessa esperan�a", disse a jornalista Daniela Muzi, de 38 anos, do mesmo grupo, animada, durante a��o na semana passada. "N�o h� mais espa�o para o di�logo. Meu lado � o da democracia".
Em Porto Alegre, a psic�loga Helen Barbosa, de 37 anos, tamb�m aderiu e foi para o Parque da Reden��o. "Vi o post no Facebook e resolvi fazer o mesmo porque queremos o acolhimento. N�o temos a l�gica da panfletagem. As pessoas est�o sendo engolidas pelas fake news", justificou Helen.
A arquiteta Ana Cosentino, de 32 anos, de Belo Horizonte, e amigos estiveram numa feira de artesanato com o mesmo objetivo. "As pessoas querem ser ouvidas. A maioria se informa atrav�s do WhatsApp. Focamos no risco que o Bolsonaro traz, a possibilidade de perda de direitos e o armamento da popula��o."
Os grupos se sentem motivados pelo fato de a absten��o no primeiro turno ter sido recorde - quase 30 milh�es de pessoas no Pa�s, ou 20,3% do eleitorado, o maior �ndice desde 1998 - e de os votos nulos e brancos terem somado 8,79%; por sua vez, os resultados das pesquisas eleitorais, que mostram manuten��o da vantagem de Bolsonaro, n�o os tiram das ruas, garantiu o pedagogo Rodrigo Vinco, de 30 anos, de Nova Igua�u, na Baixada Fluminense.
Ele est� na organiza��o de um conjunto de 50 pessoas que ocupou o cal�ad�o comercial da cidade com a mesma abordagem. "A grande maioria � de professores. Usamos a paci�ncia que temos no nosso dia a dia com alunos. Muita gente deixou de ir votar no primeiro turno. Temos que mostrar que os mandatos do Bolsonaro como deputado n�o representam as mudan�as que ele promete, e expor as realiza��es do Haddad como prefeito de S�o Paulo. Esse movimento � totalmente espont�neo e � contra a epidemia de fake news", esclareceu.
No Instagram, o perfil "Vira Voto", com mais de 250 mil seguidores, re�ne hist�rias bem-sucedidas de votos novos a Haddad, em banquinhas que oferecem fatias de bolo e brigadeiro, em conversas em botecos, em corridas de Uber e at� em liga��es com atendentes de operadoras de telefonia.