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Estado de Minas POL�TICA

'Homofobia de Bolsonaro � da boca para fora', diz Regina Duarte

Para a atriz Regina Duarte, as declara��es de Bolsonaro contra gays tem a ver com o "humor brincalh�o" do candidato


postado em 26/10/2018 07:36 / atualizado em 26/10/2018 08:11

(foto: Reprodução/Instagram)
(foto: Reprodu��o/Instagram)

T�o logo postou uma foto ao lado do candidato � presid�ncia Jair Bolsonaro (PSL), a atriz Regina Duarte viu sua p�gina no Instagram ganhar 300 mil seguidores em apenas quatro dias. Nas ruas, � festejada e cumprimentada, tornando-se um dos raros nomes da classe art�stica a abra�ar a candidatura bolsonarista. "Ele tem uma alma democr�tica", garante Regina, que interpreta as declara��es consideradas homof�bicas e racistas do candidato como frutos de um homem com um "humor brincalh�o t�pico dos anos 1950, que faz brincadeiras homof�bicas, mas que s�o da boca pra fora, coisas de uma cultura envelhecida, ultrapassada".

A situa��o � diferente da vivida por ela em 2002, quando foi muito criticada ao revelar seu temor pela primeira elei��o de Luiz In�cio Lula da Silva � Presid�ncia. "Eu estava completamente alienada, pois o Lula j� havia ganhado", afirma. "N�o me arrependo, mas, se pudesse voltar no tempo, teria me informado melhor sobre o que estava acontecendo naquele momento. O Pa�s queria o Lula e fui dar a cara a tapa � toa."

Veja os principais trechos da entrevista, concedida no apartamento da atriz, na regi�o dos Jardins, em S�o Paulo.

Quando voc� se sentiu � vontade para falar de Bolsonaro?

Foi h� uns dois ou tr�s meses. Eu estava "no arm�rio", e meu filho mais novo come�ou a me contestar: j� que sempre fui uma pessoa democr�tica, aberta, justa, como eu podia me fechar no conceito de que Bolsonaro � bruto, tosco, ignorante, violento. "Voc� j� chegou perto dele?" Respondi: "N�o preciso me aproximar, sinto que � o candidato da raiva, da impot�ncia, do �dio, contra a corrup��o e n�o quero votar no emiss�rio da raiva". Mas, quando conheci o Bolsonaro pessoalmente, encontrei um cara doce, um homem dos anos 1950, como meu pai, e que faz brincadeiras homof�bicas, mas � da boca pra fora, um jeito masculino que vem desde Monteiro Lobato, que chamava o brasileiro de pregui�oso e que dizia que lugar de negro � na cozinha. Eu tinha algumas op��es de voto, como o (Geraldo) Alckmin e o (Jo�o) Amo�do, mas, nesse momento, me ca�ram fichas inacredit�veis, como as omiss�es do PSDB. Foi tudo ficando muito feio. Quantos equ�vocos, quantos enganos! Foi quando notei o tamanho da ades�o desse pa�s ao Bolsonaro e pensei: eu sou esse pa�s, eu sou a namoradinha desse pa�s.

Bolsonaro passa a imagem de ser truculento quando o assunto � homossexualidade, feminismo, quando fala sobre �ndios e nega efeitos negativos da ditadura.

S�o imagens montadas, pois mostram a rea��o dele, mas n�o a de quem provocou a rea��o. � unilateral. Quando souberam que ele ia se candidatar, come�aram a editar todas as grava��es e tamb�m a provoc�-lo para que reagisse a seu estilo, que � brincalh�o, mach�o. Da� fica a imagem de um homem tosco, bruto. Acredito que 80% dessas rea��es eram brincadeiras dele: voc� manda uma porrada e ele devolve outra. O homem com quem conversei durante 65 minutos quer chegar l� democraticamente, seguindo todas as regras das nossas institui��es. Ele n�o estudou filosofia, mas o importante � seu preparo para nos proteger da roubalheira descarada. Bolsonaro � fruto do Pa�s, � resultado dos erros monstruosos do PT e da falta de mea-culpa.

Voc� abriu uma porta para outros artistas ao defender abertamente o Bolsonaro?

Algu�m me falou que eu estou fazendo muito artista sair do arm�rio, o voto envergonhado. Hoje, se tivesse de dizer alguma coisa para a juventude, usaria minha experi�ncia do depoimento de 2002, quando disse ter medo do Lula. Eu estava completamente alienada, pois o Lula j� havia ganhado a elei��o. A� fui botar a cara na TV, feito uma tonta, para falar de um sentimento, de uma intui��o t�o particular. N�o me arrependo, mas, se pudesse voltar no tempo, teria me informado melhor sobre o que estava acontecendo naquele momento. O Pa�s queria o Lula e fui dar a cara a tapa � toa.

Qual deveria ser o primeiro passo do novo governante?

Resolver a impunidade, que � inadmiss�vel, pois n�o se acaba com a viol�ncia em um pa�s de impunidade. Meu filho perguntou por que eu estava novamente me envolvendo com pol�tica. Respondi que era por ele, pelos filhos dele e por todos n�s. N�o quero angariar votos para o Bolsonaro, at� porque ele n�o precisa. Mas porque quero ficar com a consci�ncia em paz, ao gritar em nome dos sem voz, dos milh�es de brasileiros humilhados por n�o poderem dar um berro de dor e indigna��o. � como assinar um cheque em branco. Mas prefiro um cheque em branco da esperan�a.


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