
No fim de semana passado, em uma transmiss�o ao vivo nas redes sociais, Huck disse que nunca votaria no PT. As falas no v�deo deram a entender que apoiaria Jair Bolsonaro, o que ele n�o confirma. Na seguinte entrevista, ele afirma que Fernando Haddad � "um cara �timo", mas "est� inserido em um contexto do PT, que cometeu erros muito grandes nos �ltimos anos."
Acredita que o Pa�s pode se reconciliar depois de uma elei��o t�o polarizada?
Acho que a gente n�o tem outra op��o. Est� sendo um processo muito dolorido para todos, mesmo quem est� em campos opostos ou quem n�o se sente representado, ningu�m gosta desse clima polarizado, divergente. A gente precisa fazer um esfor�o para conseguir uma concilia��o. Se n�o, v�o ser tempos muitos dif�ceis.
Esse esfor�o depende de quem?
Sem a menor d�vida, do presidente eleito, qualquer um dos dois. Ele vai estar representando todos os brasileiros, inclusive quem n�o votou nele.
Voc� v� isso acontecendo?
Eu tenho que tentar ver. A filosofia budista diz que n�o adianta voc� desejar o que voc� n�o tem, � preciso extrair o melhor do que voc� tem. Ent�o, o nosso papel, enquanto sociedade, de quem n�o se sentia representado por nenhum dos dois, � de ser uma resist�ncia positiva, atuante, que vai cobrar e exigir cada passo. Ver se a democracia vai ser preservada, se as liberdades ser�o respeitadas, se a imprensa vai ter liberdade, se as institui��es estar�o funcionando, se o Congresso e o cidad�o ser�o respeitados. Se isso tudo acontecer, eu acho que a gente tem que apoiar as agendas positivas, seja quem for eleito.
Voc� diz que tem gente que n�o se sente representada por nenhum dos dois. � o seu caso?
� o meu caso, sem d�vida. Eu vejo problemas graves nos dois lados, mas a beleza da democracia � respeitar o resultado. A agenda social n�o � exclusividade de nenhum partido, nem da esquerda, nem da direita. E a gente s� vai conseguir equalizar a desigualdade, se a gente tiver dinheiro pra gastar na educa��o, na sa�de.
Acredita que h� essa preocupa��o social nos dois candidatos?
Eu li os dois planos de governo. O que me angustia e eu digo que n�o me sinto representado � porque a gente est� discutindo a fia��o, mas n�o qual a casa quer construir. Eu n�o enxergo hoje qual � o projeto novo de Pa�s, um projeto maior, disruptivo, que coloque o Brasil em um patamar em que voc� consiga enxergar uma menor desigualdade, inova��o, educa��o. Mas eu vejo coisas boas, como a renova��o legislativa, que foi onde eu me propus a ficar. Tem muita gente boa, nova.
Se arrepende de n�o ter sido candidato a presidente?
Nunca foi um projeto pessoal meu. Depois de tudo que aconteceu nesses dois anos, eu n�o consigo voltar pra caixinha que eu estava, eu quero ajudar a construir um Pa�s mais justo. Uma pessoa como eu, que est� h� 20 anos rodando o Pa�s, eu sei onde est�o os problemas, eu vi, ningu�m me contou. Eu sei como esse Pa�s � injusto, como as pessoas moram mal. Eu n�o consigo passar por um problema e n�o me sentir parte dele. N�o tem arrependimento. Acho que a gente tem um problema iminente, mas vamos ter que encarar. Vai estar todo mundo a fim de contribuir com uma agenda positiva, com ideias, trabalho, nas coisas que a gente entende que s�o inadi�veis.
Pretende contribuir com qualquer um dos dois?
N�o tenho a menor d�vida. Ganhando Bolsonaro ou Haddad, se respeitarem a democracia, se abrirem para a sociedade civil, entenderem que reformas t�m de ser feitas, projetos que tem que ser implantados, a gente vai estar disposto a conversar com qualquer um.
Qual a sua opini�o sobre Fernando Haddad?
Eu acho um cara �timo, uma boa pessoa, tenho uma excelente rela��o com ele.
Mas n�o vota nele?
O PT cometeu erros muito graves e tenho dificuldade em confiar em algu�m que n�o tenha autocr�tica e n�o consiga aprender com seus pr�prios erros. Ele est� inserido em um contexto do PT.
E sobre Jair Bolsonaro?
Minha preocupa��o � quanto as ideias e as falas do passado dele v�o influenciar o futuro. Voc� n�o negar com veem�ncia algumas coisas pode endossar comportamentos muito perigosos na sociedade.
Ele representa o novo?
O novo est� no Congresso, s�o os 16 deputados eleitos pelo RenovaBR, o novo s�o os movimentos c�vicos, novo � a Tabata Amaral (eleita deputada federal pelo PDT), novo � o Poit (Vin�cius Poit, eleito deputado federal pelo Novo).
Voc� defende o voto nulo?
Um dos dois vai ganhar. De novo, n�o adianta contar com o que a gente n�o tem.
N�o vai votar nulo ent�o?
N�o vou responder.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.