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Estado de Minas

Por que Bolsonaro foi eleito presidente do Brasil

O capit�o reformado do Ex�rcito se tornou porta-voz das insatisfa��es de grande parte da popula��o


postado em 29/10/2018 06:00 / atualizado em 29/10/2018 07:40

(foto: Facebook/Reprodução da Internet )
(foto: Facebook/Reprodu��o da Internet )

As declara��es controversas do deputado Jair Bolsonaro aos poucos se transformaram de piadas compartilhadas nas redes sociais em ideias defendidas por milh�es de apoiadores. Em momento de grave crise pol�tica que o pa�s atravessa, o capit�o reformado do Ex�rcito se tornou porta-voz das insatisfa��es de grande parte da popula��o.

Essas duas situa��es s�o apontadas por especialistas ouvidos pelo Estado de Minas para explicar as raz�es que levaram o parlamentar ao Pal�cio do Planalto. Eles comentaram tamb�m os desafios que aguardam o presidente eleito a partir de 2019.

O principal obst�culo ser� amenizar um pa�s que vem de uma forte polariza��o e cumprir algumas propostas que s�o consideradas populistas. “No palanque, ou melhor, nos v�deos de celular, ele prometeu o 13º sal�rio do Bolsa-Fam�lia e aumentar o benef�cio.

Como vai conjugar a redu��o de gastos com essas promessas?”, questiona Gaud�ncio Torquato, especialista em marketing. Para o cientista pol�tico da UFMG F�bio Wanderley, os ataques aos advers�rios ao longo de sua trajet�ria pol�tica, apostando no sentimento de raiva dos brasileiros com a classe pol�tica em geral, foram decisivos para sua elei��o.

 

Eleitores cansados

 

Gaud�ncio Torquato

Especialista em marketing pol�tico

 

Durante a campanha, Bolsonaro e sua equipe fizeram v�rias a��es que deixam claro que ele n�o tem a inten��o de unificar o pa�s. Seu filho falou em fechar o Supremo, e ele falou sobre expurgar advers�rios pol�ticos. Essas falas encontraram apoio de seus eleitores, a maioria cansados de pol�ticos tradicionais. S�o falas preocupantes, mas Bolsonaro apostou nesse tipo de declara��o ao longo de sua carreira pol�tica. A popula��o brasileira continuar� dividida a partir de 2019. E isso trar� dificuldades ao governo de Bolsonaro. Seu maior desafio ser� conjugar uma pol�tica dura de conten��o de gastos com o discurso populista de campanha. No palanque, ou melhor, nos v�deos de celular, ele prometeu o 13º sal�rio do Bolsa Fam�lia e aumentar o benef�cio em falas para os eleitores do Nordeste. Como combinar� a redu��o de gastos com essas promessas? Outra d�vida: at� onde ir�o as privatiza��es? Como militar, ele defende o nacionalismo e um Estado forte e intervencionista. Mas seu guru econ�mico, Paulo Guedes, � liberal e quer privatizar as estatais. At� onde poder� ir? Eletrobras? Petrobras? Bolsonaro tamb�m garante que reduzir� os minist�rios, mas ter� que enfrentar a realpolitik, em que os partidos querem abocanhar espa�o em troca da governabilidade. Ele promete que n�o far� uma gest�o compartilhada. Como ser� sua rela��o com o Congresso? Ou seja, pairam muitas d�vidas sobre nosso futuro. Aposto que ser� uma pol�tica andando sobre o fio da navalha, agradando a gregos e troianos.

 

M�ltiplos fatores

 

jos� Murilo de carvalho

historiador e membro da academia brasileira de letras

 

Uma s�rie complexa de fatores explica a vit�ria de Jair Bolsonaro. Os protestos embutidos nas manifesta��es de 2013, a crise econ�mica, a Lava-Jato, o desgaste dos 14 anos de governo do PT, a descren�a em rela��o aos pol�ticos e � pol�tica, a viol�ncia, a legisla��o que atingiu valores tradicionais relativos � fam�lia e � defini��o de g�nero. As manifesta��es de 2013 foram o primeiro sintoma de que havia algo errado em nosso sistema representativo: havia novos interesses que n�o estavam sendo representados pelos pol�ticos e necessidades que n�o estavam sendo atendidas. As manifesta��es foram logo esquecidas, sem que nada se fizesse. A insatisfa��o foi crescendo em sil�ncio. O eleito foi legitimado pela maioria dos eleitores. Mas podem-se esperar de seu governo desafios a valores e pr�ticas caracter�sticos da democracia. Se o eleito mantiver as posi��es radicais, expressas em linguajar grosseiro, contra certos grupos e pr�ticas sociais e hostilizar ou ignorar as institui��es que sustentam nossa democracia, poder� ter mandato curto, como tiveram J�nio Quadros e Collor de Mello. S�o os tr�s (J�nio, Collor e Bolsonaro) um tipo de aventureiros oportunistas que se aproveitam de situa��es de crise para aparecer como salvadores. A corrup��o foi ingrediente nos tr�s casos. J�nio tinha como s�mbolo uma vassoura, Collor atacava os maraj�s, Bolsonaro tem como refer�ncia a Lava-Jato. A tarefa da oposi��o ser� fazer com que o eleito se mantenha dentro desses limites. 

 

Ataques encampados

 

F�bio Wanderley reis

cientista pol�tico e professor em�rito da ufmg

 

Para explicar a chegada de Bolsonaro ao poder temos que entender o momento de radicaliza��o na pol�tica brasileira e de crescimento do extremismo na sociedade de forma geral. Como candidato, ele manteve um clima de ataques e ofensas que muitos encamparam. Acredito que o governo de Bolsonaro manter� esse clima de agressividade e trar� enorme incerteza ao cen�rio pol�tico a partir de 2019. Ao longo da campanha, ele apostou em um tom de �dio para tratar advers�rios pol�ticos. O clima de �dio pode se intensificar, mas o quadro est� imprevis�vel no momento. Algumas propostas retr�gradas que ele sempre defendeu, como ataques ao movimento LGBT, podem representar grave problema no pa�s, mas, ao longo dos anos, foram ganhando mais adeptos entre grupos conservadores. Ao rotular como comunistas todos que defendem propostas progressistas, ele se mostra inconsistente no entendimento da sociedade brasileira – isso tamb�m preocupa. Ele n�o se posicionou de forma clara sobre as quest�es econ�micas na campanha, o que demonstra certa inconsist�ncia, j� que n�o domina as propostas para a economia. No cen�rio das rela��es com o Congresso, mais uma incerteza, uma vez que ele ser� obrigado a negociar apoio com os partidos, mesmo dizendo que n�o faria isso. A alternativa a essa negocia��o seria uma a��o truculenta diante dos outros poderes. Em 2019, o PT se manter� como o quadro mais consolidado de oposi��o a Bolsonaro e agora com um l�der mais conhecido, que � Fernando Haddad. 

 

 


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