A pol�tica externa do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) ser� uma esp�cie de imagem invertida do que foi feito nos governos do PT, no entendimento de colaboradores. Na via contr�ria � aproxima��o com os pa�ses ditos "bolivarianos" e ao projeto sul-sul, que pretendia criar um n�cleo de poder alternativo aos EUA, Bolsonaro j� deixou clara sua admira��o pelo presidente americano, Donald Trump, e por Israel. Tamb�m mostrou restri��es � China. E afirmou que n�o pretende se relacionar com "ditaduras" como a Venezuela.
Pela mesma raz�o, Bolsonaro deixou de lado a ideia de sair do Acordo de Paris, que trata do corte na produ��o dos gases do efeito estufa, ou de deixar a Organiza��o das Na��es Unidas (ONU).
A avalia��o dos colaboradores do presidente eleito � que o Pa�s abdicou de ter uma pol�tica externa dedicada a dinamizar a economia. E � a� que est� o centro das propostas em formula��o. Bolsonaro j� disse que quer acordos bilaterais, trilaterais e multilaterais para fazer mais com�rcio. E n�o hesitar� em propor mudan�as no perfil do Mercosul se esse se mostrar um obst�culo a novos acordos.
N�o est� descartada, por exemplo, a negocia��o de um acordo de livre-com�rcio com os EUA, como sugerida em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo pelo ex-conselheiro da Casa Branca Fernando Cutz. Tamb�m em entrevista ao Estado, um dos colaboradores de Bolsonaro, o professor de Columbia Marcos Troyjo, disse que n�o existe "deseconomia" maior do que o baixo volume de trocas entre os dois pa�ses.
'Trump tropical'
A ideia da equipe de Bolsonaro � se aproximar dos EUA tendo como porta de entrada o fato de o presidente eleito ter sido apresentado como "Trump tropical" na imprensa internacional. A forma de fazer isso, entretanto, ainda causa discord�ncia. Em 2017, Bolsonaro esteve em Nova York em visitas a agentes do mercado financeiro - no que foi posteriormente reconhecido por sua equipe como uma estrat�gia eficiente. J� em 2018, em agosto, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente eleito, esteve no pa�s e se encontrou com o ex-estrategista de campanha de Trump, Steve Bannon.
Agenda
No Brasil, conselheiros avaliam que � preciso mostrar autonomia e anunciar em 2019 um calend�rio de visitas aos principais parceiros, e n�o s� � Casa Branca.
Um ex-integrante do governo americano ponderou que Trump � um homem aberto a acordos de com�rcio, mas n�o necessariamente de livre acordo. � por isso que a equipe do novo presidente deve perseguir concord�ncias pontuais com o americano, em setores com mais chance de que isso d� resultado r�pido, como acordos para acabar com casos de bitributa��o, facilitar o fluxo de pessoas para neg�cios e sinalizar com o fim das amea�as sobre cotas de importa��o de a�o brasileiro, al�m de acordos de facilita��o de com�rcio pontuais.
No campo pol�tico, os planos s�o de promover uma mudan�a. A estrutura do Itamaraty, na avalia��o dos colaboradores, est� "aparelhada". Diplomatas que ocuparam lugar de destaque nos governos do PT, como o ex-chanceler Celso Amorim e o ex-ministro da Defesa Jos� Viegas s�o alvos da equipe do PSL. H� tamb�m planos para reduzir o n�mero de embaixadas.
De certa forma, o governo de Michel Temer j� fez a inflex�o agora ambicionada por Bolsonaro. O primeiro chanceler de Temer, o senador Jos� Serra (PSDB-SP), chegou ao posto falando numa modifica��o do perfil do Mercosul e em abrir novas frentes de negocia��o. Esse trabalho foi impulsionado pelo atual chanceler Aloysio Nunes (PSDB), que na semana passada estava no Canad� tratando do acordo com o Mercosul.
Foram iniciadas tamb�m negocia��es com Cingapura, Coreia do Sul, Efta (Su��a, Noruega, Luxemburgo e Liechtenstein) e um in�cio de tratativas com o Jap�o. Foi conclu�da uma atualiza��o do acordo do Brasil com o Chile e, em 2019, o com�rcio brasileiro com quase toda a Am�rica do Sul ter� tarifa zero.
A expectativa na equipe � que Bolsonaro exer�a uma diplomacia presidencial mais enf�tica para fortalecer o combate ao crime na fronteira. Hoje, o combate ao tr�fico de drogas e de armas, ao contrabando e � lavagem de dinheiro � feito na forma de coopera��o.
Apesar da ret�rica de campanha, uma a��o militar na Venezuela est� descartada. H� preocupa��o com a crise dos refugiados, mas as medidas n�o dever�o ir al�m do que j� vem sendo feito pelo governo, com apoio do Ex�rcito: receber os migrantes, cadastr�-los e interioriz�-los.
Ainda se recuperando do atentado sofrido em setembro e com uma cirurgia planejada, Bolsonaro n�o dever� ter condi��es de ir ao exterior por alguns meses, mas j� faz contatos telef�nicos com presidentes.