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Estado de Minas

Elei��es em MG revelam o fiasco dos prefeitos como cabos eleitorais

Resultado da disputa em Minas, com a vit�ria de Romeu Zema em 832 dos 853 munic�pios, derruba a cren�a de que o apoio dos prefeitos � fundamental para que um candidato se eleja governador


postado em 05/11/2018 06:00 / atualizado em 05/11/2018 08:10

Os resultados que sa�ram das urnas no segundo turno derrubaram algumas m�ximas das elei��es no pa�s. Uma delas � que o candidato que tem maior tempo na TV leva vantagem na disputa e tem mais chance de ser eleito.


Foram v�rios os casos de candidatos que ganharam a elei��o aparecendo bem menos que os advers�rios no hor�rio de propaganda na televis�o. O maior exemplo � o pr�prio presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).

Outro mito que ruiu – e esse desabou em Minas – � que os prefeitos s�o os grandes cabos eleitorais dos candidatos ao governo do estado e que o apoio deles � meio caminho andado para uma vit�ria. N�o foi o que se viu no estado.

O tucano Antonio Anastasia passou boa parte da campanha destacando que a maioria dos prefeitos mineiros apoiava a sua candidatura. Ainda no primeiro turno, ele chegou a calcular o tamanho dessa sustenta��o.

“Estimo que dos 853 prefeitos de Minas Gerais, devemos ter pelo menos hoje o apoio de 600. Temos apoio expressivo de prefeitos que est�o contr�rios ao governo do estado”, disse em um encontro com lideran�as da Zona da Mata, em 22 de agosto.

Na �ltima semana de campanha no segundo turno, Anastasia participou de uma sabatina na Associa��o Mineira de Munic�pios (AMM) e foi ovacionado pelas lideran�as municipais presentes no audit�rio da entidade. O “estreante” na pol�tica – e agora governador eleito – Romeu Zema (Novo), que concorria com ele, faltou ao encontro – explicou que teve problemas de agenda – e a comunica��o de sua aus�ncia � plateia acabou em uma sonora vaia.

Apesar da afinidade entre Anastasia e os chefes de executivo municipais, Romeu Zema ‘atropelou’ o candidato do PSDB e os prefeitos na elei��o. Dos 853 munic�pios mineiros, ele venceu em nada menos que 832, ficando com 71,8% dos votos contra 28,2% do tucano no segundo turno. Em algumas cidades das regi�es do Tri�ngulo e Alto Parana�ba, o empres�rio venceu com mais de 90% dos votos. Ele tamb�m foi vitorioso nos oito maiores col�gios eleitorais do estado, incluindo a capital.

DESGASTE
As dificuldades financeiras das prefeituras, agravadas com os atrasos nos repasses do Governo do Estado e a for�a das redes sociais s�o citadas pelos prefeitos como os fatores que diminu�ram o poder de transfer�ncia de votos deles. Alegam ainda que as limita��es da propaganda eleitoral, como a proibi��o do uso de carro de som para divulga��o dos candidatos, tamb�m contribu�ram para que deixassem de ser os fortes cabos eleitorais de outrora.

Para o presidente da Associa��o Mineira de Munic�pios (AMM), Julvan Lacerda (MDB), os prefeitos de Minas perderam a capacidade de transfer�ncia de votos na elei��o por causa do desgaste provocado pelas dificuldades financeiras ocasionadas pelo atraso de verbas do governo do estado para as prefeituras na gest�o Fernando Pimentel. “Sofremos o efeito Pimentel”, afirma Julvan, que administra o munic�pio de Moema, de 71, mil habitantes, no Centro-Oeste do estado.

Segundo o presidente da AMM, os repasses em atraso do governo para os 853 munic�pios mineiros j� chegam a R$ 9,5 bilh�es, envolvendo recursos do Imposto sobre Circula��o de Mercadorias e Servi�os (ICMS) e de outras transfer�ncias obrigat�rias.

Julvan Lacerda salienta que sem o repasse do estado os munic�pios ficaram de m�os atadas para realizar obras e atender �s reivindica��es da popula��o. Assim, os chefes dos executivos municipais perderam a for�a pol�tica. “O prefeito ficou sem poder pedir votos porque n�o estava cumprindo com o seu dever. Quem na elei��o iria querer acompanhar o prefeito que n�o estava fazendo sua obriga��o?”, comenta.

Efeito das redes sociais


No Norte de Minas, tradicionalmente, os candidatos aos cargos majorit�rios apoiados pelos prefeitos vencem as elei��es. Mas, no segundo turno do pleito de 2018, Romeu Zema venceu com folga em quase todas as cidades da regi�o, apesar de n�o ter o apoio dos gestores municipais. O prefeito de Gr�o Mogol, Hamilton Nascimento (PPS), avalia que os prefeitos ficaram “enfraquecidos” por causa das restri��es da lei eleitoral, que proibiu, por exemplo, o uso de carros de som na campanha pol�tica, sem a presen�a do candidato. Ele acha que as redes sociais tamb�m tiraram a for�a eleitoral dos prefeitos.

Nascimento lembra que a as mensagens pela internet e pelo WhatsApp chegam “mais r�pido” do que a propaganda e a divulga��o de candidaturas no trabalho corpo-a-corpo. “Aqui no munic�pio existem comunidades distantes da sede. Enquanto eu rodo seis quil�metros de estrada, a propaganda do candidato j� chegou h� muito tempo em localidades a 100 quil�metros de dist�ncia pela rede social”, compara o prefeito norte-mineiro.

Gr�o Mogol � um exemplo de vota��o em peso em Romeu Zema no segundo turno por parte de eleitores que votaram em Fernando Pimentel (PT) no primeiro turno da elei��o.

O petista foi o vencedor do primeiro turno no munic�pio, com 3.216 votos (45,66%) seguido de Antonio Anastasia, que recebeu 2.625 votos (37,27%), enquanto Zema ficou em terceiro lugar com 1.122 votos (15.93%).

No segundo turno o empres�rio “pulou” para primeira coloca��o em Gr�o Mogol, com 3.653 votos (59,02%) contra 2.536 votos (40,98%). O prefeito conta que no munic�pio existem v�rios assentamentos de trabalhadores sem-terra, cujos integrantes teriam votado em peso em Pimentel no primeiro turno e em Zema, no segundo turno.

Tamb�m no Norte de Minas, o prefeito de Jana�ba (71,5 mil habitantes), Carlos Isaildon Mendes (PSDB), diz que os chefes de executivos municipais n�o transferem votos como em elei��es passadas porque os eleitores mudaram de comportamento e n�o seguem mais as lideran�as pol�ticas.

Ele ressalta que na elei��o de 2018 nomes j� conhecidos, como o do senador Antonio Anastasia foram derrotados devido ao “sentimento de mudan�a” do eleitorado. “O houve foi um recado do desejo de mudan�a pelo povo. O Anastasia n�o perdeu a elei��o por causa da falta de prest�gio dos prefeitos”, assegura Isailson.

O chefe do Executivo de Jana�ba declarou que no segundo turno tirou f�rias e n�o fez campanha para o candidato a governador pelo seu partido. “N�o pedi voto nem para minha mulher”, confessa Isaildon. “Mas, mesmo se eu tivesse feito campanha (para Antonio Anastasia), talvez iria melhorar um pouquinho, mas n�o daria para ganhar a elei��o”, reconhece. No segundo turno, Romeu Zema venceu f�cil em Jana�ba, com 23.710 votos (78,49%) contra 6.498 votos (21,51%) para o tucano.

 

 


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