
O juiz S�rgio Moro afirmou, nesta ter�a-feira, que aceitou o convite feito pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), para ser ministro da Justi�a para dar continuidade ao trabalho que vinha fazendo de combate � corrup��o. Ele negou que a nomea��o para a pasta tenha ocorrido devido como compensa��o pela atua��o no julgamento do ex-presidente Lula. O petista est� preso desde 7 de abril, pelos crimes de corrup��o passiva e lavagem de dinheiro.
“Isso n�o tem nada a ver com o processo do ex-presidente Lula. Ele foi condenado e preso porque ele cometeu um crime e n�o tem nada a ver com as elei��es”, afirmou. Essa foi a primeira vez que o juiz falou com a imprensa sobre seu cargo como ministro. A coletiva foi realizada naJusti�a Federal, em Curitiba (PR).
Ainda de acordo com Moro, as especula��es de que as condena��es dadas por ele ao petista acabaram chegaram ao seu conhecimento, mas, ao avaliar a situa��o considerou que sua inten��o de combate � corrup��o, discutida com Bolsonaro, deveria ser o norte. “N�o posso pautar minha vida com base numa fantasia ou em um �libi falso de persegui��o pol�tica”, afirmou.
Sobre o pacote de medidas contra a corrup��o que pretende anunciar, ele disse que ele ser� discutido com o Congresso Nacional. "A nossa tentativa � que propostas gerem um ciclo virtuoso para retomar padr�es mais normais", disse.
Convite para o minist�rio
O juiz disse ainda que n�o teve qualquer contato com o presidente eleito para tratar da indica��o antes do encontro na resid�ncia de Bolsonaro, em um condom�nio de luxo na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Ele revelou que a primeira tratativa sobre o tema foi feita pelo futuro ministro da economia, Paulo Guedes, que o procurou dias antes do 2º turno. “Este ano fui procurado por Paulo guedes no dia 23 que me perguntou se era do meu interesse compor o governo”, afirmou.
Na coletiva, Moro tamb�m explicou a confus�o que, em 2017, n�o reconheceu Bolsonaro em aeroporto e que o fato foi explorado politicamente por advers�rios do agora presidente eleito. "Liguei depois para pedir desculpas", disse.
Moro disse, ent�o, que no encontro de 1º de novembro conversou mais longamente com o presidente eleito. "(Bolsonaro) Me pareceu uma pessoa bastante ponderada. Eu disse a ele que para integrar governo tem de ter certa converg�ncia. Ainda que n�o haja concord�ncia absoluta de ideias entre n�s, h� a possibilidade de um meio-termo", afirmou.
Posse de armas
Sobre a quest�o da posse de armas, medida defendida por Jair Bolsonaro, S�rgio Moro disse que a medida pode resultar em efeitos que n�o seriam interessantes. “Uma flexibiliza��o excessiva pode ser utilizada como armamento para organiza��es criminosas”, afirmou.
Contudo, ele disse que essa foi uma proposta de campanha de Bolsonaro e que deve ser avaliada. “Conversei a respeito com o presidente eleito e existe uma plataforma na qual ele se elegeu que prega a flexibiliza��o da posse de armas. Ent�o, dentro dessa plataforma eleitoral, parece que seria inconsistente agir de maneira contr�rio”, declarou.
Modelo Lava-Jato
S�rgio Moro ainda disse na conversa com os jornalistas que o modelo que deve adotar na condu��o da pasta e para viabilizar seus objetivos de combate � corrup��o e o crime organizado � o mesmo adotado na opera��o que lhe deu notoriedade. “A ideia � replicar no minist�rio as for�as-tarefas adotadas na Lava-Jato”, afirmou.
Ele ainda admitiu que pretende chamar nomes que integraram as investiga��es para integrar o quadro t�cnico do Minist�rio da Justi�a. E recha�ou a possibilidade de haver persegui��o pol�tica em sua gest�o na pasta. "� um pouco estranho dizer isso, mas n�o existe a menor chance de usar o minist�rio para persegui��o pol�tica", considerou.
Crimes de �dio
Ele diz ainda que crimes de �dio s�o "intoler�veis" e que devem ser tratados prioritariamente sobre as pol�cias nos estados, mas declarou que, caso necess�rio, a Pol�cia Federal (PF) pode atuar em casos espec�ficos.
Sobre o caso da vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, o juiz n�o quis se aprofundar. Ele alegou que n�o conhece detalhes sobre o caso e por isso n�o trataria do assunto especificamente, mas defendeu apura��o e pena aos envolvidos.