A nomea��o do juiz S�rgio Moro, um dos magistrados da Opera��o Lava-Jato, para o Minist�rio da Justi�a pelo presidente eleito Jair Bolsonaro, guarda distin��es importantes com os convites feitos pelo ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi a procuradores que participaram da Opera��o M�os Limpas. A avalia��o � a da economista Maria Cristina Pinotti, estudiosa dos dois casos.
"� preciso tomar um enorme cuidado nesse tipo de compara��o. N�o tem nada a ver uma coisa a outra porque o Berlusconi � um cara muito diferente do Bolsonaro", diz. "Estava envolvido em v�rias falcatruas e entrou para a pol�tica para escapar da cadeia. Tem que separar quem era o Bolsonaro e quem era o Berlusconi."
Outra diferen�a, diz Maria Cristina, � o quanto cada opera��o avan�ou nos seus respectivos pa�ses. Para a economista, a Lava-Jato alcan�ou resultados maiores e mais duradouros que a M�os Limpas. "Se voc� pegar os ataques que a Lava-Jato sofreu, at� agora a opera��o sobreviveu sem revezes", afirma. "Estamos muito � frente da It�lia."
A pesquisadora acredita que o pedido feito por Moro para ter carta branca no minist�rio e a abrang�ncia da "superpasta", que deve acolher, entre outros �rg�os, o Coaf, deve colaborar para que o combate � corrup��o passe da puni��o de casos j� existentes para a cria��o de mecanismos de controle para evitar novos esc�ndalos. Um deles � a rapidez na detec��o de lavagem de dinheiro.
"O Moro participou desse primeiro pilar (o da puni��o) e ao sair da Lava-Jato ele d� um passo al�m", afirma. "Temos que analisar como montar um sistema eficaz. Temos informa��es no Coaf que caem no vazio. Precisamos modernizar o combate � lavagem de dinheiro.
Maria Cristina n�o v� problemas na concentra��o de tantas atribui��es no novo ministro, bem como cr�ticas feitas por outros magistrados sobre a aus�ncia de uma "quarentena" na transi��o de Moro da magistratura para o Poder Executivo e faz um paralelo com o Plano Real. "Para promover uma mudan�a voc� tem que ter um "Plano Real" da corrup��o. Ali voc� tamb�m concentrou poderes", conclui.