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Estado de Minas POL�TICA

USP vive temor de embates entre a esquerda e os bolsonaristas


postado em 12/11/2018 08:33 / atualizado em 12/11/2018 09:40

Em uma noite de v�spera de feriado, centenas de alunos e professores da USP se deslocavam pelo pr�dio em busca de uma sala grande suficiente para acomod�-los. O evento promovido pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ci�ncias Humanas (FFLCH) traria professores da casa para discutir o cen�rio pol�tico atual. Depois de entrarem e sa�rem quatro vezes de salas e audit�rios, as palestras foram transferidas para o v�o livre do pr�dio de Hist�ria, �nico espa�o onde caberia tanta gente.

"Muitos acham que podem nos amedrontar, mas ningu�m vai abrir m�o dessa profiss�o", gritava no microfone o professor da USP e cientista pol�tico Andr� Singer, que foi porta-voz do governo Lula. Os rostos desolados pelo resultado recente da elei��o presidencial procuravam esperan�a. "O papel das humanas � trabalhar o pensamento cr�tico e o clima n�o est� favor�vel para isso", comentava o professor da unidade Gustavo Venturi, na plateia.

A Faculdade de Filosofia foi um dos marcos da resist�ncia � Ditadura Militar. Desde ent�o, tem sido associada a um reduto de esquerda. Assim que foi declarada a vit�ria de Jair Bolsonaro, integrantes de grupos de direita da USP passaram a se organizar para, no dia seguinte, "marchar em dire��o � FFLCH". Os estudantes da unidade, por sua vez, rapidamente se juntaram para "combater os fascistas". A reitoria foi avisada, colocou a Pol�cia Militar para acompanhar ambos os protestos e n�o houve confronto.

"Eu nem vim � aula, de medo do que aconteceria. A FFLCH e outros cursos da �rea de humanas s�o o foco de resist�ncia e por isso s�o alvos", diz a estudante de Hist�ria. Nenhum dos alunos ouvidos pela reportagem quis que seu nome fosse publicado. "Foi um pre�mbulo do que pode acontecer nesses quatro anos", completa o colega.

Na mesma semana p�s elei��es, os alunos da Faculdade de Economia e Administra��o (FEA) se surpreenderam com a foto postada em redes sociais de colegas portando armas, vestidos com roupas militares e fazendo insultos a petistas. "Isso mancha a imagem da universidade, faz com que a gente seja visto como fascista e refor�a um estere�tipo que somos de direita", comenta um aluno de Administra��o de Empresas.

"� preciso entender que n�o existe um bloco homog�neo para esquerda ou para a direita na universidade, isso � estigma. Dependendo da �rea, h� uma tend�ncia, mas que muda de acordo com o contexto hist�rico", diz o professor de Hist�ria Medieval da USP, Flavio Campos.

Outro professor, f�sico, que n�o quis que seu nome fosse publicado, concorda. "� injusto achar que universidades s�o antros de comunistas, as pessoas t�m pensamento cr�tico." Para eles, essa ideia acaba aumentando os conflitos e desvalorizando o papel das institui��es. "O espa�o da universidade � o da pluralidade."

Verbas

Diante do quadro atual, professores e pesquisadores de �reas como g�nero e sexualidade se preocupam com a diminui��o de verbas para pesquisas. Ag�ncias federais s�o as grandes financiadoras da Ci�ncia no Pa�s. "O que nos assusta � a falta de conhecimento b�sico, reduzir g�nero a uma ideologia simplista. Pesquisamos situa��es de mulheres na sociedade, sexualidade, bullying", diz a professora de uma universidade p�blica do Rio, que pediu anonimato.

Os estudos de g�nero existem desde a d�cada de 70, s�o reconhecidos como uma �rea importante da sociologia e t�m crescido. Segundo outra pesquisadora, falar de g�nero na escola significa ensinar as crian�as a identificar uma viol�ncia sexual e respeitar umas as outras a despeito da diversidade. "N�o se combate a pedofilia jogando a discuss�o sobre sexualidade para debaixo do tapete", diz.

H� ainda temores de menos verbas para Humanas em geral e para a ci�ncia b�sica. "O governo eleito parece querer favorecer a pesquisa aplicada, que d� mais resultado", diz um aluno de doutorado em astronomia.


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