C�rmen: preconceito prevalece entre minorias; sofro preconceito por ser mulher

A ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Carmen L�cia falou nesta segunda-feira, 12, no Rio, sobre preconceito que sofreu ao longo da vida e carreira na �rea jur�dica por ser mulher. "O preconceito continua e o Direito n�o resolve. O que resolve � a sociedade sabendo do preconceito e sabendo como lidar com ele", afirmou, em semin�rio na Funda��o Get�lio Vargas (FGV). "Preconceito prevalece entre minorias; sofro preconceito por ser mulher", afirmou.

Na opini�o de C�rmen L�cia, uma das principais desigualdades no Brasil � a "retratada contra a mulher". Por isso, acredita ser importante a discuss�o do tema. "Essa � uma constru��o social da qual estamos distantes. N�o � com tempo que chegamos l�. � com esfor�o de cada brasileiro. N�o entrego a responsabilidade � sociedade por isso. Muitas vezes, nos acanhamos", afirmou.

Ela ainda lembrou que, como presidente do STF, visitou penitenci�rias e verificou que a situa��o das mulheres � muito mais dif�cil nessas situa��es do que a dos homens. "A fila de visita a mulheres n�o tem quase ningu�m porque muitas vezes os chefes daquelas fam�lias pro�bem at� mesmo as m�es de visitarem as filhas. Que sociedade teremos com essa falta de olhar? Que sociedade queremos ter para que a gente mude?", disse, ao acrescentar que o Direito tem que garantir �s mulheres "que elas sejam o que querem".

C�rmen L�cia ainda disse que os homens fazem as mulheres felizes, mas tamb�m d�o muitas tristezas. "Eu adoro os homens. Que declara��o infeliz... Gosto do ser humano em geral. Homens e mulheres podem se fazer felizes", acrescentou, ao ser perguntada por uma integrante da plateia sobre "depend�ncia afetiva" das mulheres em rela��o aos homens.

A milit�ncia de grupos como mulheres, negros e homossexuais tem sido atacada pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), e a equipe dele. O futuro ministro da Justi�a, S�rgio Moro, afirmou em entrevista a um canal de televis�o, neste domingo, 11, n�o ver em Bolsonaro tra�os de preconceito contra esses grupos.

Na palestra, a ex-presidente do STF ainda defendeu a ampla transpar�ncia das atividades dos membros de institui��es democr�ticas, sem informar, no entanto, a quais se referia. "O Brasil tem situa��o em que engole elefante e engasga com a formiga. O Brasil consegue ter um tribunal constitucional que julga em p�blico. Isso n�o � de menor import�ncia. Quisera eu que essa mesma discuss�o democr�tica estivesse em todas as inst�ncias democr�ticas no Brasil. Seria positivo para as minorias", disse.