O pecuarista Jos� Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, afirmou nesta quarta-feira, 14, que n�o pagou "nem um real" pela reforma do s�tio Santa B�rbara, em Atibaia. Em depoimento � ju�za federal Gabriela Hardt, sucessora de S�rgio Moro nas a��es penais da Lava Jato em Curitiba, Bumlai reafirmou a tese apresentada por outros delatores que o s�tio seria uma "surpresa" de Marisa para o ex-presidente.
Bumlai � r�u por lavagem de dinheiro na Lava Jato e acusado de repassar R$ 150 mil em propina do Grupo Schain, por meio da reforma do s�tio que posteriormente foi assumida pelas empreiteiras Odebrecht e OAS.
O pecuarista afirmou que ouviu sobre o s�tio de Atibaia pela primeira vez durante um encontro com a fam�lia Lula e Jacob Bittar no Pal�cio da Alvorada, em agosto de 2010. � �poca, Bittar, amigo de Lula e fundador do PT, afirmou que "procurava na internet um s�tio para comprar onde ele e a fam�lia do presidente pudessem desfrutar ap�s sa�da (de Lula) da Presid�ncia".
"Ela (Marisa) me procurou e me perguntou se eu tinha pedreiros para arrumar um muro que estava por cair e algumas amplia��es que ela queria fazer", afirmou Bumlai.
Segundo ele, a ex-primeira-dama, morta em fevereiro de 2017, queria expandir o s�tio para abrigar o acervo presidencial de Lula e afirmou que obra seria "surpresa" para o presidente.
O pecuarista disse que agendou um encontro no s�tio entre ele, Marisa Let�cia, Fernando Bittar - filho de Jacob Bittar e propriet�rio formal do s�tio -, o engenheiro Reinaldo Bertin, s�cio de Bumlai, e o engenheiro Emerson Cardoso Leite, que iria trabalhar na reforma.
"Naquele momento n�o se discutiu pagamento nem custo, pois n�o sabia o que iria fazer. Se foi discutido depois, eu n�o participei", afirmou. "N�o paguei nem um real".
Bumlai afirmou � ju�za Gabriela Hardt que n�o se envolveu mais na reforma do im�vel e que soube apenas que a obra mudaria de m�os ap�s liga��o de Rog�rio Aur�lio, ex-assessor de Lula. "O Aur�lio me ligou dizendo: 'O pessoal que voc� indicou, n�s vamos estar dispensando. Vamos botar uma firma maior para fazer (a reforma), pois temos pressa'", relatou o pecuarista.
Na semana passada, o empres�rio da Odebrecht e delator Alexandrino Alencar afirmou que foi abordado por Marisa Let�cia, que havia reclamado da demora na entrega do s�tio por parte de Bumlai, prevista para at� o fim do mandato de Lula, em dezembro de 2010.
O encontro entre os dois teria ocorrido na antessala da Presid�ncia, no Pal�cio do Planalto, no in�cio daquele m�s e, poucos dias depois, a Odebrecht assumiria a reforma e entregaria o s�tio em janeiro de 2011.
Defesa
O advogado Cristiano Zanin Martins, defensor de Lula, divulgou a seguinte nota:
"Depoimento de Lula mostra arbitrariedade da acusa��o
O ex-presidente Lula rebateu ponto a ponto as infundadas acusa��es do Minist�rio P�blico em seu depoimento, refor�ando que durante o seu governo foram tomadas in�meras provid�ncias voltadas ao combate � corrup��o e ao controle da gest�o p�blica e que nenhum ato de corrup��o ocorrido na Petrobras foi detectado e levado ao seu conhecimento.
Embora o Minist�rio P�blico Federal tenha distribu�do a a��o penal � Lava Jato de Curitiba sob a afirma��o de que 9 contratos espec�ficos da Petrobras e subsidi�rias teriam gerado vantagens indevidas, nenhuma pergunta foi dirigida a Lula pelos Procuradores da Rep�blica presentes � audi�ncia. A situa��o confirma que a refer�ncia a tais contratos da Petrobras na den�ncia foi um reprov�vel pretexto criado pela Lava Jato para submeter Lula a processos arbitr�rios perante a Justi�a Federal de Curitiba. O Supremo Tribunal Federal j� definiu que somente os casos em que haja clara e comprovada vincula��o com desvios na Petrobras podem ser direcionados � 13�. Vara Federal de Curitiba (Inq. 4.130/QO).
Lula tamb�m apresentou em seu depoimento a perplexidade de estar sendo acusado pelo recebimento de reformas em um s�tio situado em Atibaia que, em verdade, n�o t�m qualquer v�nculo com a Petrobras e que pertence de fato e de direito � fam�lia Bittar, conforme farta documenta��o constante no processo.
O depoimento prestado pelo ex-Presidente Lula tamb�m refor�ou sua indigna��o por estar preso sem ter cometido qualquer crime e por estar sofrendo uma persegui��o judicial por motiva��o pol�tica materializada em diversas acusa��es ofensivas e despropositadas para algu�m que governou atendendo exclusivamente aos interesses do Pa�s.
Cristiano Zanin Martins"
POL�TICA