O futuro chanceler brasileiro, o embaixador Ernesto Fraga Ara�jo, de 51 anos, acredita que a mudan�a clim�tica � um dogma cient�fico influenciado por uma cultura marxista que quer atrapalhar o ocidente e favorecer a China. "Esse dogma vem servindo para justificar o aumento do poder regulador dos Estados sobre a economia e o poder das institui��es internacionais sobre os Estados nacionais e suas popula��es, bem como para sufocar o crescimento econ�mico nos pa�ses capitalistas democr�ticos e favorecer o crescimento da China".
A tese publicada em seu blog, o Metapol�tica 17, no �ltimo dia 12 de outubro, revela a avers�o � esquerda do futuro ministro das Rela��es Exteriores. Em ensaios e artigos, Ernesto Ara�jo coloca a China como um inimigo do desenvolvimento do Ocidente. Ele afirma que o "globalismo" tem entre seus projetos "transferir o poder econ�mico" do Ocidente para o Pa�s asi�tico e que esse movimento era algo que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estaria tentando evitar.
O "globalismo", diz o futuro chanceler, "surgiu quando algu�m entendeu que o consumismo era o melhor caminho para o comunismo" e a ideia de um mundo onde n�o haveria fronteiras para o com�rcio e o investimento avan�ou para um mundo no qual os pa�ses n�o t�m mais identidade. "� a globaliza��o econ�mica que passou a ser pilotada pelo marxismo cultural".
O futuro chanceler afirma que o "marxismo cultural" estaria transformando os seres humanos em uma "pa�oca male�vel" incapaz de assumir um papel social ou ter ideias "que n�o sejam os chav�es politicamente corretos veiculados na m�dia". Esse processo estaria enfraquecendo o Ocidente n�o do ponto de vista econ�mico ou militar, mas do ponto de vista da identidade, do "esp�rito". Por isso, ele afirma que o "globalismo" � "anti-humano" e "anticrist�o".
Em artigo publicado na revista do Instituto de Pesquisas de Rela��es Internacionais (Ipri), ele sustenta que Trump � um raro l�der que identificou o processo de decad�ncia do Ocidente e decidiu reagir. � nesse contexto que Trump estaria travando sua guerra contra a China.
A China, diz ele num post, est� at� hoje sob um sistema de domina��o "disfar�ado de pragmatismo e abertura econ�mica". Em outro post, ele menciona o mao�smo. "Haddad � o poste de Lula. Lula � o poste de Maduro, atual gestor do projeto bolivariano. Maduro � o poste de Ch�vez. Ch�vez era o poste do Socialismo do S�culo XXI de Laclau. Laclau e todo o marxismo disfar�ado de p�s-marxismo � o poste do mao�smo. O mao�smo � o poste do inferno. Bela linha de transmiss�o", escreveu. Ernesto Laclau era um te�rico pol�tico argentino identificado como "p�s-marxista" que viveu entre 1935 e 2014.
No artigo, Ara�jo diz que, al�m de uma pol�tica externa, o Brasil precisa de uma metapol�tica externa, "para que possamos situar-nos e atuar naquele plano cultural-espiritual em que, muito mais do que no plano do com�rcio ou da estrat�gia pol�tico-militar, est�o-se definindo os destinos do mundo."
O quanto das ideias de Ara�jo ser� transferido para a pr�tica da pol�tica externa brasileira ainda n�o se sabe. A sua escolha n�o foi propriamente uma surpresa no Itamaraty, j� que ele era cotado h� v�rias semanas para o cargo. Mas avaliava-se que, pelo fato de ser um diplomata rec�m-promovido a embaixador, ele deveria perder o posto para algum colega mais experiente e ocupar alguma outra posi��o na equipe do presidente eleito.
A ruptura dessa l�gica causou mal-estar e preocupa��o. Por�m, os diplomatas s�o treinados para seguir instru��es com um rigor semelhante ao dos militares. At� para proteger a institui��o, o sentimento predominante � o de "dar uma for�a" ao jovem chanceler.
Procurado, Ara�jo n�o se manifestou. As assessorias do Itamaraty e da equipe de transi��o informaram que, por ora, ele n�o conceder� entrevistas. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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