
Eleito para o Senado com mais de tr�s milh�es de votos, o ex-governador do Cear� Cid Gomes (PDT) articula a cria��o de um bloco que, de in�cio, teria 17 dos 81 senadores, mas poder� unir siglas como Rede, PSB, PPS, PHS e PRB. Na C�mara, o PDT faz um movimento parecido com PSB e PCdoB.
O objetivo, segundo ele, � criar um bloco de oposi��o "program�tica" ao governo Jair Bolsonaro (PSL) que supere o recorte ideol�gico da centro-esquerda e aglutine setores do centro e da centro-direita.
"N�o � nem oposi��o sistem�tica nem situa��o autom�tica", disse o senador eleito em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
Segundo ele, se o PT, maior partido da oposi��o, quiser participar, ter� que fazer uma "revis�o" de sua postura hist�rica como oposi��o sistem�tica.
Cid elogiou Rodrigo Maia (DEM), que, conforme avalia, "inspira estabilidade" e sai na frente na disputa por mais um mandato na presid�ncia da C�mara. Ele descartou apoio neste momento a Renan Calheiros (MDB) para comandar o Senado e disse que seu conterr�neo Tasso Jereissati (PSDB) � um "excelente nome", mas n�o o �nico.
Como o senhor e o PDT v�o agir na oposi��o ao governo de Jair Bolsonaro?
A despeito das cr�ticas � equipe que est� sendo formada, nossa disposi��o � a de fazer uma oposi��o preocupada com a melhoria do Pa�s. Ent�o se aquilo que a gente entende como melhor para o Pa�s vier como proposta do governo, ter� nosso pronto apoio. E naquilo que a gente n�o concordar vamos procurar discordar construtivamente oferecendo alternativas e n�o simplesmente a velha tradi��o da oposi��o brasileira, quer seja PT ou PSDB, de apostar no quanto pior melhor. Torcemos para o Pa�s dar certo e queremos ajudar para que as coisas entrem nos eixos.
Com quais partidos voc�s pretendem se aliar na oposi��o?
Citar nomes seria restringir. Quem comungar desses mesmos ideais nossos que s�o, resumidamente, nem oposi��o sistem�tica nem situa��o autom�tica ser� bem-vindo, ser� bem-vindo em um esfor�o de atua��o conjunta. Para al�m disso estamos articulando blocos no Congresso. No Senado este bloco, de partida, teria o PDT, Rede, PSB, PPS, vamos conversar com o PHS e PRB podendo chegar a 17 (senadores) com mais um senador com quem estamos conversando.
Este bloco � para disputar espa�o na Mesa Diretora ou para fazer oposi��o?
Seria para ter uma postura mais repartida, discutida, no Senado. Al�m disso, este bloco conversar� com outros partidos com vistas � participa��o em comiss�es t�cnicas e na Mesa Diretora.
A oposi��o a Bolsonaro pode ter um recorte que n�o seja ideol�gico, que v� al�m da centro-esquerda?
N�o tenho d�vida disso. O comportamento vai e vem do Bolsonaro despertar� muitas preocupa��es na esquerda e na direita. Acho que foi o (Fernando) Collor quem disse que o governo dele deixaria a esquerda perplexa e a direita enfurecida. Os primeiros passos do Bolsonaro s�o muito parecidos com estes na dire��o da imponderabilidade. O que n�o quer dizer, repito, que esteja tudo errado. S� que quero dizer que ele tem tido um comportamento fora do eixo tradicional de esquerda e direita.,
Neste sentido � importante que o comando das Casas fique com nomes da pol�tica tradicional?
Eu n�o diria assim. Diria que dada a imponderabilidade de um governo � muito importante que o Legislativo inspire e atue no sentido de dar serenidade e estabilidade ao Estado no sentido amplo dos tr�s Poderes. Isso n�o quer dizer que seja algu�m da pol�tica tradicional.
Quais os nomes que o senhor defende para as presid�ncias da C�mara e do Senado?
Prefiro n�o citar nomes, mas h� na C�mara a possibilidade de reelei��o do Rodrigo Maia (DEM), o que n�o acontece no Senado. Ent�o � �bvio que ele � o nome que parte na frente. Ele est� neste espectro de centro, de partido que n�o � nem situa��o autom�tica, apesar de j� ter tr�s quadros escolhidos para o Minist�rio, nem oposi��o sistem�tica. Ele inspira estabilidade, at� porque foi essa a postura dele nos dois anos de governo ou desgoverno Temer.
E no Senado?
No Senado imagino que a gente primeiro componha o meio de campo com estas caracter�sticas que j� citei e que cada partido tamb�m se agrupe em blocos e apresente os nomes.
Renan Calheiros poderia cumprir este papel?
Sinceramente acho que neste momento, n�o. N�o quero fazer disso um movimento a favor de sicrano e contra fulano. At� encontrei com ele l� no Senado e disse que vai chegar muita intriga at� ele, mas pode ter certeza que n�o � essa a inten��o. O que n�s defendemos � um posicionamento da Casa e algu�m com experi�ncia.
Tasso Jereissati � uma op��o?
Vou repetir que isso n�o � um movimento em prol de pessoas, � de um posicionamento, embora seja claro que no final pessoas representar�o este posicionamento. O Tasso � um nome excelente, teria o perfil daquilo que se imagina para este lugar, mas certamente n�o � o �nico nome.
De que forma voc�s pretendem se relacionar com o PT?
Se o PT se afinar com essas ideias, n�o temos nada contra. Se o PT amadurecer e achar que � razo�vel sair da posi��o que lhe � hist�rica de fazer oposi��o sistem�tica, tudo bem, nada a opor.
O PT poderia fazer parte destes blocos?
Desde que fa�a uma revis�o, um mea-culpa do seu posicionamento hist�rico, que � de fazer oposi��o sistem�tica quando n�o s�o eles o governo.
Qual ser� o papel de Ciro neste pr�ximo per�odo?
O partido tem ratificado, j� est� marcando uma nova reuni�o para dezembro, o compromisso da atua��o e quer que o Ciro seja o protagonista dessa atua��o.
O senhor prev� um rearranjo partid�rio neste pr�ximo per�odo?
Na hora que voc� tem uma cl�usula de desempenho que faz com quem 10, 12 partidos n�o possam mais ter tempo de televis�o nem recurso do Fundo Partid�rio, isso por si s� j� � uma partida para um rearranjo partid�rio. Para al�m disso, acho que alguns partidos v�o passar por processos de discuss�o internos que poder�o levar a cis�es e, a partir disso, a outros arranjos partid�rios. Cito como exemplos o PSDB e o MDB. Acho que estes dois partidos v�o ter processos internos de disputa pelo comando e de posicionamento muito fortes que devem descambar para cis�es.