
L�der da igreja Assembleia de Deus Vit�ria em Cristo, o pastor Silas Malafaia, de 60 anos, acredita que a guinada � direita do Pa�s, com Jair Bolsonaro (PSL) na Presid�ncia e um Congresso mais conservador, ir� possibilitar que pautas como a Escola sem Partido, a redu��o da maioridade penal e a manuten��o da criminaliza��o do aborto (esta, hoje na esfera do Supremo Tribunal Federal) prosperem na C�mara dos Deputados e no Senado.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ele disse, no entanto, que as maiores preocupa��es dos brasileiros crist�os, evang�licos e cat�licos, n�o est�o na chamada "agenda moral", que esteve em evid�ncia no per�odo eleitoral. S�o as quest�es econ�mica e social, como o desemprego, a corrup��o e a necessidade de fazer o Brasil crescer.
Para Malafaia - que conhece Bolsonaro h� 12 anos e fez campanha a seu favor na internet, alegando que ele tem "defeitos e limita��es", mas apresenta uma "vida limpa" - anuncia-se um extenso per�odo da direita no poder. "A guinada � direita vai ser longa."
O senhor acredita que com Bolsonaro no Planalto a "agenda moral" defendida pelos pol�ticos evang�licos vai prosperar?
Ele foi eleito pelo discurso de combate � corrup��o e ao crime organizado, para enxugar a m�quina. As prioridades s�o emprego, viol�ncia, desburocratiza��o. N�o � a agenda religiosa. N�o � preciso for�ar a barra, vai acontecer naturalmente. Essas pautas de defesa da fam�lia passam pelo Congresso. A bancada evang�lica e da seguran�a p�blica aumentaram. Se nessa legislatura que est� acabando n�o conseguiram derrubar nada, vai ser agora? Nem � necess�ria a interven��o do Bolsonaro no sentido direto. Agora, ele � o que ele fala, e tem poder de veto.
Dessas pautas, quais considera as mais urgentes?
N�o tem demanda imediatista. Endurecer em rela��o � corrup��o, baixar a maioridade penal, aprovar o (projeto) Escola sem Partido (que, em linhas gerais, prop�e neutralidade na educa��o e uma s�rie de restri��es a professores quando abordarem assuntos relacionados � pol�tica, religi�o ou ideologias). � o que interessa. Por que a esquerda est� pulando com o Escola sem Partido? Porque est� controlando as escolas ideologicamente. S� tem o lado da esquerda. Mas os evang�licos n�o est�o preocupados com a agenda de costumes. O evang�lico tamb�m est� desempregado, toma tiro no assalto, est� desesperado.
Acredita que a descriminaliza��o do aborto ir� para o Congresso?
� uma vergonha o Judici�rio querer legislar, uma afronta � sociedade aprovarem aborto na caneta. Esta � a quest�o que mais defendemos. Se o (ministro Lu�s Roberto) Barroso continuar falando as asneiras que j� falou, eu tenho que rir. O direito � vida � a m�e de todos os direitos. Se o STF cumprir seu papel de guardi�o da Constitui��o, quem vai decidir � o Parlamento, que expressa a vontade do povo. A� n�o vai dar nem para o cheiro.
O senhor defende a maioridade penal aos 15 anos, antes at� da idade proposta pelo Bolsonaro.
A molecada est� de fuzil M82, que fura parede. Tem que aprender que se cometer crime, vai preso. Um cara de 17 anos, que faz filho, n�o pode ser responsabilizado criminalmente? Os verdadeiros vagabundos botam nas costas deles.
Qual foi o peso do eleitorado evang�lico para Bolsonaro?
Os evang�licos se sentem representados por ele. Ele � cat�lico e a maioria no Brasil � crist�. Eu disse em mar�o que teria 80% do voto evang�lico. A guinada � direita vai ser longa. Bolsonaro est� com uma gana de acertar danada, me disse: 'Se eu errar, aquela esquerda miser�vel vai voltar'. O Brasil estaria perdido. A grande virtude dele vai ser mudar a mentalidade do 'meu pir�o primeiro'. Vamos entrar num ciclo de prosperidade. Ele vai trazer tecnologia de Israel para irrigar o Nordeste e, se conseguir, vai roubar o �ltimo reduto do PT. Israel exporta US$ 2 bilh�es com agricultura, um paisinho daquele, menor do que o Sergipe. Ele tem que ser um l�der com vontade, amor � p�tria, e n�o se deixar levar pelas armadilhas do poder, porque o poder corrompe.
O senhor pediu votos para Bolsonaro mesmo tendo se desentendido com ele e declarado que ele n�o tem capacidade para ser presidente.
Se eu n�o tivesse mudado de ideia, n�o teria apoiado. O povo brasileiro h� um ano e meio n�o achava que ele tinha capacidade, vai ver a pesquisa como era. Ningu�m acreditava nele. Eu posso discordar de uma pessoa, e eu discordo muito dele. N�o sou est�pido. A unanimidade � burra. Todas as vezes que tentaram fazer crocodilagem com o Bolsonaro, chamaram de estuprador, eu botei para quebrar em defesa dele. Quando fizeram sacanagem comigo, ele demorou para se manifestar. Depois me ligou, cinco dias depois, e eu respondi 'agora n�o preciso de voc�'. Fiquei invocado, � natural do ser humano. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.