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Estado de Minas

Cotado para Ministro da Educa��o pode ser barrado por bancada evang�lica

A educa��o foi um dos temas mais importantes da pauta sobre valores morais trazida por Jair Bolsonaro � elei��o presidencial


postado em 22/11/2018 08:01 / atualizado em 22/11/2018 08:13

Mozart Neves(foto: Alexandre Ondir/Divulgação)
Mozart Neves (foto: Alexandre Ondir/Divulga��o)

A escolha do diretor de Articula��o e Inova��o do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves Ramos, para comandar o Minist�rio da Educa��o de Jair Bolsonaro causou rea��o da bancada evang�lica, que defende projetos como o Escola sem Partido, e gerou um atrito no novo governo. Segundo fontes ouvidas pelo jornal O Estado de S. Paulo, o educador foi convidado e pretendia aceitar o cargo em um reuni�o marcada para a manh� desta quinta-feira, 22, com o presidente eleito, em Bras�lia. A not�cia foi dada com exclusividade pelo estadao.com.br. Algumas horas depois, no entanto, integrantes da Frente Parlamentar Evang�lica disseram que Mozart n�o tinha "afinidade ideol�gica" com o novo governo.

Parlamentares foram tr�s vezes ao gabinete de transi��o nesta quarta-feira, 21, para conversar com o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), sobre a indica��o de Mozart. Em uma delas, o assunto foi tratado diretamente com o presidente eleito. Eles manifestaram preocupa��o com um perfil classificado como de "vi�s ideol�gico da esquerda". Questionados se tinham alguma indica��o para a vaga, eles decidiram fazer uma reuni�o interna e voltar a conversar com a equipe de transi��o.

No in�cio da noite, o presidente eleito declarou em sua conta no Twitter que, "at� o presente momento, n�o existe nome definido para dirigir o Minist�rio da Educa��o". Pessoas pr�ximas a Bolsonaro disseram que, em fun��o da rea��o, ele j� estaria pensando em nomes alternativos - entre eles, o do deputado Izalci Lucas (PSDB-DF), autor de um dos projetos sobre o tema do Escola sem Partido.

"A bancada evang�lica n�o vai respaldar um ministro que n�o tenha afinidade ideol�gica. Dois temas cruciais para a bancada s�o o Escola sem Partido e a ideologia de g�nero", disse o deputado Ronaldo Nogueira (PTB-RS), ligado � Assembleia de Deus. Ele, no entanto, ressaltou que n�o se tratava de "veto ao nome", porque Mozart "� uma pessoa muito respeitada at� pelo hist�rico dele". Mas que ele n�o seria "feliz atuando como ministro sem convic��o a esses temas". O deputado S�stenes Cavalcante (DEM-RJ) foi mais enf�tico. "O Mozart � de esquerda, tem nosso veto", afirmou.

Procurado, Mozart n�o respondeu aos pedidos de entrevista. O Instituto Ayrton Senna afirmou em nota que n�o houve convite, mas confirmou que haveria uma "reuni�o t�cnica" nesta quinta entre ele e Bolsonaro.

T�cnico

Mozart, de 52 anos, � um dos nomes mais respeitados da educa��o no Pa�s, foi secret�rio estadual em Pernambuco e reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Sua indica��o para o cargo chegou a ser saudada por especialistas da �rea. Al�m de ter perfil t�cnico e moderado, ele � tido como bom articulador porque transita pelas �reas p�blica, privada, do terceiro setor e pela academia. Representantes de alas mais � esquerda na educa��o, apesar de o respeitarem por ser aberto ao di�logo, t�m diverg�ncias com Mozart e o consideram liberal.

A escolha inicial de seu nome se deu depois da aproxima��o de Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna, com o grupo de Bolsonaro. Antes mesmo da vit�ria do ent�o candidato do PSL, ela se encontrou com ele e levou Mozart junto. Viviane foi apresentada a Bolsonaro pela deputada federal eleita Joice Hasselmann (PSL). Depois disso, Bolsonaro telefonou para Viviane e pediu que ela o ajudasse com propostas para a educa��o.

Na semana passada, houve um novo encontro em que estavam presentes Viviane, Mozart, o economista do Ayrton Senna, Ricardo Paes de Barros, e Priscila Cruz, do Todos pela Educa��o. Eles apresentaram a Lorenzoni e � Joice um cen�rio da educa��o brasileira e disseram que � preciso focar as iniciativas da pasta em alfabetizar todas as crian�as de 8 anos e valorizar o professor. Apesar de n�o terem sido feitas cr�ticas diretas ao Escola sem Partido, o grupo deixou claro que o novo governo n�o deveria ficar marcado pela "persegui��o de professores".

Oposi��o

Em entrevista ao Estado na semana passada, ao ser perguntada sobre o Escola sem Partido, Viviane disse que o novo governo precisa substituir pautas que "n�o impactam a aprendizagem pelas que impactam". Mozart, por ter um perfil pouco afeito a pol�micas, n�o tem se pronunciado sobre o projeto. Mas o Estado ouviu diversas pessoas pr�ximas a ele e todas foram categ�ricas em dizer que Mozart n�o aprova medidas que poderiam impedir a liberdade do professor. Em audi�ncia na C�mara dos Deputados em 2015, ele chegou a dizer que era contra o projeto que estava sendo discutido na Casa.

Mozart � formado em engenharia qu�mica, foi professor da UFPE e presidente do Movimento Todos pela Educa��o. Priscila, que ocupa hoje o cargo na entidade, diz que ele "� um dos melhores nomes no Pa�s para assumir o MEC". "Ele tem capacidade t�cnica para conseguir combater o principal problema da educa��o brasileira, que � crise de aprendizagem."

O ex-ministro da Educa��o no governo Dilma Rousseff Renato Janine Ribeiro afirmou que Mozart conhece bem a educa��o, tanto superior quanto b�sica. "Ele sabe da necessidade de fortalecer a forma��o de professores, para garantir que todos os alunos tenham uma boa escolaridade."

Mozart n�o � vinculado a nenhum partido e, por isso, transita bem pela esquerda e pela direita. Foi secret�rio no governo de Jarbas Vasconcelos (MDB) e tem boas rela��es inclusive com Fernando Haddad (PT), candidato derrotado por Bolsonaro nas elei��es. No entanto, discordaram quando Mozart publicou estudo falando de um "apag�o" de professores na �rea de ci�ncias no Pa�s. Haddad era o ministro da Educa��o na �poca e n�o gostou da cr�tica.

Foi na gest�o de Mozart em Pernambuco, entre 2003 e 2006, que o Estado come�ou o projeto de ensino integral nas escolas de ensino m�dio, refer�ncia no Pa�s. Os pernambucanos t�m hoje alguns dos melhores resultados em avalia��es nacionais. "Ele tem um perfil de ideias liberais", diz o presidente da Confedera��o Nacional dos Trabalhadores em Educa��o (CNTE), Heleno Ara�jo, que era dirigente do sindicato dos professores de Pernambuco na �poca. Ara�jo critica o fato de Mozart ter permitido parcerias de escolas com a iniciativa privada.

'Bandeiras' dificultam escolha


A educa��o foi um dos temas mais importantes da pauta sobre valores morais trazida por Jair Bolsonaro � elei��o presidencial. O presidente eleito defendeu fortemente o projeto Escola sem Partido, que determina que professores n�o podem discutir pol�tica, sexualidade ou g�nero nas escolas. Essa posi��o - criticada por boa parte da comunidade educacional - dificultou a escolha do futuro ministro da pasta porque Bolsonaro tamb�m queria um nome t�cnico.

Desde que foi eleito, diversos nomes foram cotados para o cargo. A atual presidente do Instituto de Pesquisas e Estudos Educacionais (Inep), Maria In�s Fini, foi um dos mais fortes. Apesar de estar ligada a gest�es do PSDB, ela chegou a fazer campanha para Bolsonaro e � pr�xima de militares. No entanto, logo depois do Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem), seu nome foi descartado.

O primeiro nome que circulou como prov�vel ministro foi o do ex-funcion�rio da FGVargas Stavros Xanthopoylos. Ele � especialista em educa��o a dist�ncia, pol�tica que foi mencionada no programa de governo de Bolsonaro como solu��o para escolas rurais.

O Escola sem Partido est� atualmente em discuss�o em comiss�o especial da C�mara. H� tr�s semanas, deputados de esquerda impedem a vota��o. Se ele for aprovado segue ainda para vota��o no plen�rio.


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