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Estado de Minas

'Um pa�s grande n�o relega as For�as', afirma general que comandar� Minist�rio da Defesa

N�o ser�o os militares que ocupar�o o poder, mas um presidente e um vice eleitos, diz general


postado em 25/11/2018 07:00 / atualizado em 25/11/2018 07:58

(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A press)
(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A press)


Bras�lia –
Nas salas e corredores do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) reservadas aos integrantes do governo de transi��o h� uma inquieta��o t�pica das prele��es de partidas de futebol. “� como se estiv�ssemos no vesti�rio � espera de entrar em campo, mas j� estamos prontos”, afirma o general Fernando Azevedo e Silva, de 64 anos, escolhido pelo presidente eleito Jair Bolsonaro para comandar o Minist�rio da Defesa.

Respons�vel por coordenar as a��es das tr�s for�as na Esplanada, o oficial sabe o que o espera na pasta criada em junho de 1999 por Fernando Henrique Cardoso. “� um minist�rio estruturado, com projetos e programas bem definidos”, disse Azevedo e Silva, que, at� a semana retrasada, ocupava a vaga de assessor no gabinete do presidente do Supremo, Dias Toffoli.

Azevedo e Silva diz acreditar que o protagonismo de militares no governo Bolsonaro n�o apresenta qualquer risco de desgaste para as For�as Armadas. “N�o s�o os militares que est�o no poder. Tem um presidente e um vice-presidente que foram eleitos pelo povo”, diz. Confira os principais trechos da entrevista:

O cargo de ministro da Defesa estava prometido ao general Augusto Heleno, que agora vai para o GSI. Como se deu a troca?

O general Heleno dentro da nossa for�a � muito conceituado pela capacidade, pela intelig�ncia. Ele � meu padrinho de espada, me conhece desde o Col�gio Militar. Somos parceiros. Foi ele quem me entregou a espada, como o general mais velho. Ele veio assessorar o Bolsonaro, montaram aquele grupo aqui e foi se aproximando nos trabalhos. Foi designado para a Defesa pela capacidade e por ser bem-aceito pelas outras for�as. Mas o presidente foi vendo que seria muito importante a presen�a dele ao lado, diretamente. O GSI tem uma reuni�o di�ria �s 9h no Planalto. O contato com o presidente � maior. E na Defesa n�o, � um minist�rio totalmente organizado, tanto que talvez seja o �nico que n�o seja mexido, porque � totalmente organizado.

Quais os principais desafios em rela��o ao Minist�rio da Defesa?


O minist�rio em si � pequeno, enxuto. � mais para politicamente apoiar as for�as e seguir o que est� previsto, que � o norte que a gente n�o tinha. A partir de 2004, nossos principais regulamentos sa�ram, que foram a Pol�tica Nacional de Defesa, a Estrat�gia Nacional de Defesa e o livro Branco da Defesa. Isso deu um sentido normativo nas for�as do que fazer, como fazer e qual � a prioridade de cada for�a. Fora isso, os portf�lios, os programas e projetos de cada for�a s�o muito bem-feitos de acordo com a necessidade que o pa�s tem. Qualquer pa�s que quer ser grande e forte tem que ter uma For�a Armada adequada e forte.

A impress�o que a gente tem � que as For�as est�o aqu�m em termos de investimento.

Primeira coisa, n�o existe uma for�a isolada da outra. S�o opera��es conjuntas. Marinha, Ex�rcito e Aeron�utica. Um complementa o outro. Mas cada For�a tem o seu programa e projeto. Os principais, o Minist�rio da Defesa orienta, que eram aqueles projetos previstos no PAC antigo, agora no Avan�ar e vamos ver se ter� outra roupagem. Mas s�o aqueles estrat�gicos de cada For�a. O mundo est� em constante mudan�a tecnol�gica. Temos que olhar um pouco a ind�stria nacional de defesa, muito importante porque capacita. Tem ind�strias estrat�gicas. Mas temos um limitador, que � a quest�o or�ament�ria. Os projetos andam r�pido ou n�s temos que mudar o escopo ou o prazo deles de acordo com a inje��o or�ament�ria. E o pa�s em dificuldades, n�s tamb�m passamos por dificuldades. O limitador nosso � or�amento. � que n�o deve ser prioridade s� para as For�as Armadas. N�o deve. Tem sa�de, educa��o e agora a seguran�a p�blica, talvez como um discurso priorit�rio, mas qualquer pa�s grande que se preze na dimens�o do Brasil n�o pode relegar as For�as Armadas.

O senhor acha que com o novo presidente existe a possibilidade de um aumento desse or�amento?


N�o digo de um aumento de or�amento, porque vamos ver quais ser�o as medidas econ�micas e o resultado efetivo delas, mas digo que a compreens�o tende a ser maior dos assuntos das For�as Armadas porque o presidente eleito e o vice t�m a nossa origem. Tem um n�cleo militar que est� ajudando, de que fa�o parte.

Na �rea militar, tem coisas que se n�o forem feitas no tempo certo acabam se perdendo. Lembro-me do avi�o KC…

A estrat�gia nacional de defesa definiu como prioridade com as for�as aqueles programas estrat�gicos. Na For�a A�rea, a parte aeroespacial. A Marinha na parte nuclear e de submarinos, e o Ex�rcito na parte da cibern�tica. Ent�o, ela fatiou esses tr�s principais temas entre as for�as. Fora os projetos estrat�gicos de cada um. Voc�s citaram o KC-390. A Marinha tem o submarino dela, o Ex�rcito tem o Sisfron (Sistema de Monitoramento de Fronteiras) que � important�ssimo. A demanda em rela��o a faixa de fronteira � muito grande. N�o adianta colocar soldados de m�os dadas na faixa de fronteira de 17.000km que n�o ter� efetivo que d� conta. N�o � esse o jeito. O jeito � a tecnologia que existe � disposi��o, que est� no programa do Sisfron, que � um projeto muito bom que vai dar uma capacidade de vigil�ncia e monitoramento na faixa de fronteira. Mas ele est� com atraso.

Em compara��o com as outras fronteiras da Am�rica do Sul, podemos dizer que o nosso sistema de controle � maior?

No nosso sistema � muito mais dif�cil pelo tamanho. N�o d� para comparar uma faixa de fronteira com os outros. � muita coisa. Na Amaz�nia, os rios n�o delimitam a faixa de fronteiras, s�o penetrantes. S�o verdadeiras estradas para dentro do Brasil. Da� voc� vai chegando para o Centro-Oeste e para o Sul, v�m as linhas secas. Ent�o � uma situa��o dif�cil a nossa fronteira. Mas batem muito nesse neg�cio de entrada pela faixa de fronteira. Por�m, uma das maiores apreens�es de armas ocorreu no aeroporto do Gale�o, um lote vindo de Miami, dentro de aparelhos de ar-condicionado. A fronteira n�o � ali.

Especialistas nessa �rea criticam o fato de o Minist�rio da Defesa agora ser ocupado por um civil. O que o senhor acha dessa pol�mica?

N�o acho que seja relevante. Tem que ser algu�m da cota do presidente, da confian�a dele. Se levar um civil com muita bagagem pol�tica tem a vantagem de ele ter muito contato pol�tico. Se levar um de origem militar, voc� tem certeza que ele tem pleno conhecimento da atividade militar, o que � uma vantagem. Ent�o, � um jogo. No meu caso, tenho experi�ncia em outros poderes. Eu tive trato com o Judici�rio, com o Executivo. Tenho certeza que sou de plena confian�a e lealdade do presidente, por conhecimento anterior.

No come�o da carreira pol�tica de Bolsonaro havia uma certa resist�ncia do Ex�rcito quanto a ele...

Foi diminuindo e acabou. Ele era parlamentar, tinha ideias que combinavam com as nossas. Todas as demandas nossas eram tamb�m demandas da base parlamentar dele. Havia converg�ncia. Previd�ncia, estatuto do desarmamento e outras discuss�es menores que afetam ou ajudam as For�as Armadas. E o gabinete dele era especializado nisso a�.

Os pr�prios militares consideram que um dos momentos mais efetivos das For�as Armadas foi no governo Lula. O senhor concorda com isso?

O governo Lula, especialmente no primeiro mandato, teve crescimento econ�mico mundial que o Brasil acompanhou. Foi um per�odo bom para a gente em termos de material, de equipamentos. Os outros n�o foram ruins, mas no contexto, todos os presidentes sempre respeitaram as For�as Armadas.

Mas com o protagonismo deste momento, n�o h� um risco de desgaste caso o governo Bolsonaro venha a falhar?

Essa � a pergunta de que mais gosto. N�o vejo as coisas assim. N�o s�o os militares que est�o no poder. Tem um presidente e um vice-presidente que foram eleitos pelo povo. A origem deles que � militar. Eles est�o consignados pelo voto. Eles representam a popula��o brasileira. A maioria da popula��o que depositou os votos. O que vamos fazer nesse governo � o que foi feito nos outros. O pessoal da ativa estar� voltado para a atividade-fim, pela Constitui��o, pelas leis infraconstitucionais, pelos regulamentos nossos, assim como tivemos nos outros per�odos. Acho que o nosso papel est� muito bem definido e o dos governantes est� definido pelo regime democr�tico.

Mas para a popula��o essa imagem n�o est� colada?

Est� colada pela origem militar do capit�o. Isso � bom para a gente. Tem uma grande confiabilidade nas For�as. O que n�s fizemos nos �ltimos tempos pelo Brasil, pela popula��o. Estamos distribuindo �gua no Nordeste h� 18 anos. Come�ou como uma emerg�ncia. Estamos em Roraima, estamos no Rio de Janeiro. Ajudamos at� na Olimp�ada, nas greves dos caminhoneiros, na greve do Esp�rito Santo.

O resultado das urnas � reflexo desse trabalho?

Eu acho que pode ser. Reflexo do grau de confiabilidade. E nisso teve origem. Eu n�o vou tratar, nessa linha de racioc�nio, que ele � capit�o e eu general. N�o. A partir do dia primeiro ele � o comandante supremo das For�as Armadas. Vou prestar minha contin�ncia, as sauda��es regulamentares ao presidente supremo das For�as Armadas que foi eleito.

Mas nos �ltimos anos alguns oficiais, incluindo o pr�prio vice, Mour�o, fizeram discursos e falaram at� mesmo de  interven��o militar...

Tivemos dois impeachments. A regra democr�tica em rela��o ao impeachment foi cumprida do in�cio ao fim. Teve o afastamento, teve o julgamento final, e n�s n�o nos envolvemos nisso. Eu lembro porque na �poca eu era assessor do comandante do Ex�rcito. Ele usava o termo legitimidade e integridade. Ent�o, isso significa que vamos seguir a Constitui��o. Pronto e acabou. Outros da reserva eu n�o sei.

O comandante Villas Boas disse em entrevista recente que Bolsonaro n�o � a volta dos militares, mas h� risco de politiza��o dos quart�is..

Eu n�o vejo esse risco. A gente est� h� muito tempo voltado para a nossa atividade-fim. Eu fui comandante militar do Leste, dos paraquedistas, eu n�o tinha tempo para fazer mais nada. Copa do Mundo, Olimp�ada, Esp�rito Santo, indo para l� e voltando. O tempo todo isso a�. A gente estava em treinamento, se preparando. Eu acho que a pol�tica n�o est� e n�o vai entrar nos quart�is.

O senhor avalia como acertada a cria��o do Minist�rio da Defesa?

O Minist�rio da Defesa era um caminho natural. Passou uma duas grandes coisas do Minist�rio da Defesa. Uma � que define quem � o representante pol�tico das For�as Armadas. Deu uma verticaliza��o nisso a�. Outra grande coisa foi ter o poder, j� que o ministro est� em cima, de obrigar uma integra��o mais efetiva.

Quais os desafios da pasta? Que outros aspectos o senhor citaria?

A grande tarefa � tentar dar oxig�nio aos programas e projetos estrat�gicos das tr�s For�as.

Qual ser� a marca do governo Bolsonaro?

Eu o acompanhei durante as elei��es e tenho acompanhado agora mais de perto. A mesma pessoa que eu conheci no tempo de militar, como deputado, e agora, ele n�o mudou nada. Ele � muito aut�ntico. Eu acho que isso � uma vantagem. Ele � uma pessoa que a gente enxerga o que ele �. Ele � aquilo. E foi eleito por conta disso. A popula��o identificou que ele fala o que pensa, e o que vai tentar fazer. � isso que eu escuto tamb�m. Mas vamos ver, ainda n�o come�ou. Estamos no vesti�rio, prontos para entrar.

O protagonismo de integrantes do Ex�rcito no governo n�o gera inc�modo para as outras for�as?

N�o. De maneira alguma. As For�as, atualmente, est�o preocupadas com as suas pr�prias tarefas. Ent�o, ningu�m est� colocando dentro da Marinha algu�m que n�o seja marinheiro. Ningu�m est� colocando dentro da For�a A�rea algu�m que n�o seja integrante da for�a a�rea. E nem no Ex�rcito. Ent�o, as For�as est�o preservadas em sua ess�ncia. O vice-presidente foi eleito dentro da chapa. N�o tem ningu�m na �rea de sa�de que seja indicado pela sa�de, agora da educa��o. S�o �reas priorit�rias. Na Defesa ser um militar, no GSI, eles est�o vocacionados para essa �rea. 

Por que muita gente chegou � conclus�o de que a situa��o da seguran�a no Brasil n�o tem jeito?

Acho que tem jeito sim. E agora entrou no debate nacional a seguran�a p�blica. Isso j� � um grande passo. Ficou ruim e foi cobrado pela popula��o. Aquele que queria ser eleito e n�o abordou o problema de seguran�a p�blica do seu estado n�o foi eleito. Ent�o, a educa��o sa�de e seguran�a p�blica entraram na pauta. Agora, em 1º de fevereiro, o Legislativo come�a a funcionar, as comiss�es v�o ter que discutir intensamente esse assunto. Essa � uma prova do pr�prio Judici�rio. Criou um grupo de trabalho pra ver aonde a Justi�a pode apoiar na parte de seguran�a p�blica.

Uma das bandeiras do presidente eleito � o combate � corrup��o. Por que chegamos a essa situa��o e o que vai ser feito efetivamente para que o Brasil volte a trilhar um caminho mais certo?

A corrup��o � uma coisa que est� sendo combatida. Voc� v� desde aqueles esc�ndalos, dos an�es do or�amento, dos Correios, agora a Lava-Jato. Acho que nunca o Judici�rio enfrentou ou definiu tanto esses problemas. N�o faltam exemplos para serem citados. Acho que est� no caminho certo. O futuro ministro da Justi�a (Moro) deu muito exemplo em rela��o a isso. Ele � refer�ncia. Os outros �rg�os do Judici�rio n�o se furtaram a isso. O Minist�rio P�blico tamb�m n�o. Eles enfrentaram e chegou at� o Supremo Tribunal Federal (STF). � aproveitar essas experi�ncias desse atual governo e implementar mais essas medidas. Mas que est� sendo combatida a corrup��o, est�. � s� olhar as pris�es feitas.

O senhor tem experi�ncia no Judici�rio e no Legislativo. Quais s�o as caracter�sticas desses dois poderes que a maior parte das pessoas n�o conhece?

Para mim foi uma experi�ncia muito boa trabalhar tanto no Legislativo como no Judici�rio. O ministro Toffoli cita uma frase que diz o seguinte: “O Legislativo � o que tem que olhar para o futuro, o Executivo para o presente e o Judici�rio tem de rever o que foi feito no passado para que n�o se repita no presente e no futuro. Como se diz: “A democracia pode ser pior do que todos os regimes, exceto todos os outros.


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