Dois anos depois de deixar a pris�o em Curitiba e cinco dias antes de ver 38 im�veis leiloados pela Justi�a, Nelma Kodama diz achar a venda dos apartamentos "injusta", mas que n�o guarda ressentimentos da Opera��o Lava Jato. Uma das primeiras presas na opera��o, a ex-doleira deseja ainda "boa sorte" ao ex-juiz federal S�rgio Moro, que a condenou a 18 anos de pris�o, no Minist�rio da Justi�a e traz ainda sugest�es de nomes de Curitiba para ele compor sua equipe na Esplanada. Delegado M�rcio Anselmo, respons�vel pela sua pris�o, � um deles.
A ex-doleira classifica como "extremamente competentes" Erika Marena, indicada para coordenar o Departamento de Recupera��o de Ativos e Coopera��o Jur�dica Internacional, e Luciano Flores, que assume o comando da PF no Paran�. De quebra, apresenta suas sugest�es.
"Acho que ele (Moro) deveria convocar o M�rcio Anselmo, que tem uma expertise muito grande, principalmente em crime financeiro e � uma pessoa que admiro muito. Fica a sugest�o." Anselmo foi delegado da PF respons�vel por iniciar as investiga��es da Lava Jato e pela pris�o de Nelma. Outra "sugest�o" da ex-detenta � Newton Ishii, o "japon�s da Federal", que aposentou neste ano. "Ele � magn�fico".
Conhecida pelo epis�dio em que cantou "Amada amante", de Roberto Carlos, na CPI da Petrobras, quando questionada sobre seu relacionamento com o doleiro Alberto Yousseff, Nelma ficou presa de mar�o de 2014 a junho de 2016, quando fechou acordo de dela��o premiada com os procuradores da Lava Jato.
Os h�spedes de um hotel em Jaguar�, na zona oeste de S�o Paulo, talvez n�o saibam, mas podem estar em um quarto de propriedade de Nelma Kodama. A Justi�a determinou o leil�o na pr�xima segunda-feira, dia 10, das 38 unidades que pertencem � ex-doleira, condenada por lavagem de dinheiro, organiza��o criminosa, evas�o de divisas e corrup��o ativa.
O valor de cada quarto � de R$ 152 mil - bem menor que os 200 mil euros (mais de R$ 850 mil em valores atualizados) que Nelma levava na calcinha quando foi presa pela Pol�cia Federal, no aeroporto de Guarulhos, tentando deixar o Pa�s, em 2014.
"No meu cora��o, acho que � injusti�a", lamenta Nelma a respeito do leil�o dos apartamentos. "Eu queria as unidades para a minha sobreviv�ncia, para ter uma renda. No final da minha vida, eu doo", afirmou. Hoje ela cumpre pena em regime semiaberto diferenciado, no qual usa tornozeleira eletr�nica.
"Ningu�m assaltou, como, por exemplo, ex-governadores do Rio de Janeiro fizeram com a sa�de p�blica. N�o acumulei R$ 100 milh�es, R$ 200 milh�es tirando dinheiro de merenda, seguran�a p�blica. Todos os dias eu levantava e ia trabalhar".
A renda de Nelma vem hoje de sua empresa, em que atua como "personal advisor", e faz consultoria de finan�as pessoais e empresariais, gest�o de carreira e consultoria de imagem.
Os advogados da ex-doleira chegaram a recorrer da venda dos im�veis no Supremo Tribunal Federal (STF), mas o pedido foi negado pelo ministro Edson Fachin. At� o fim da semana, pretendem entrar com um novo recurso na Corte.
A defesa pede que passem a valer os termos da primeira dela��o de Nelma, fechada com a Pol�cia Federal - em que ela poderia ficar com os apartamentos do pr�dio no Jaguar� e com o apartamento em que vive.
Por causa do imbr�glio entre PF e Minist�rio P�blico, a doleira fez um segundo acordo, em que os im�veis seriam leiloados, mas posteriormente, o Supremo decidiu que a PF tamb�m poderia fechar acordos de colabora��o.
O valor inicial dos apartamentos, cobrado na primeira etapa do leil�o, nesta ter�a-feira, 4, era de R$ 190 mil. Mas como apenas uma unidade foi vendida - para um morador de Bras�lia -, os outros podem ser arrematados por R$ 152 mil no site do leiloeiro, na pr�xima segunda-feira. As unidades do apartamento tampouco ser�o suas primeiras: em 2015, um Porsche branco de Nelma foi a leil�o, pelo valor de R$ 200 mil.