Um relat�rio do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou movimenta��o at�pica de R$ 1,2 milh�o em uma conta no nome de um ex-assessor do deputado estadual e senador eleito Fl�vio Bolsonaro (PSL-RJ) - filho mais velho do presidente eleito Jair Bolsonaro - entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.
O documento, destaca o jornal O Estado de S. Paulo, foi anexado pelo Minist�rio P�blico Federal � investiga��o que deu origem � Opera��o Furna da On�a, realizada no m�s passado e que levou � pris�o dez deputados estaduais da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Fabr�cio Jos� Carlos de Queiroz foi exonerado do gabinete de Fl�vio Bolsonaro no dia 15 de outubro deste ano. Registrado como assessor parlamentar, Queiroz � tamb�m policial militar e, al�m de motorista, atuava como seguran�a do deputado.
O Coaf informou que foi comunicado das movimenta��es de Queiroz pelo banco porque elas s�o "incompat�veis com o patrim�nio, a atividade econ�mica ou ocupa��o profissional e a capacidade financeira" do ex-assessor parlamentar.
O relat�rio tamb�m cita que foram encontradas na conta transa��es envolvendo dinheiro em esp�cie, embora Queiroz exercesse uma atividade cuja "caracter�stica � a utiliza��o de outros instrumentos de transfer�ncia de recurso".
O nome de Queiroz consta da folha de pagamento da Alerj de setembro com sal�rio de R$ 8.517. Ele era lotado com cargo em comiss�o de Assessor Parlamentar III, s�mbolo CCDAL- 3, no gabinete de Fl�vio Bolsonaro. Conforme o relat�rio do Coaf, ele ainda acumulava rendimentos mensais de R$ 12,6 mil da Pol�cia Militar.
Funcion�rios
Nem Fl�vio Bolsonaro nem o seu ex-motorista foram alvo da opera��o que prendeu dez deputados fluminenses, deflagrada no dia 8 de novembro. O Minist�rio P�blico Federal investiga o envolvimento dos parlamentares estaduais em um esquema de pagamento de "mensalinho" na Assembleia.
Queiroz foi citado na investiga��o porque o Coaf mapeou, a pedido dos procuradores da Rep�blica, todos os funcion�rios e ex-servidores da Alerj citados em comunicados sobre transa��es financeiras suspeitas.
Para tra�ar um padr�o entre as movimenta��es financeiras, em parte utilizadas para pedir a pris�o de funcion�rios da Alerj, o Coaf organizou os dados em uma lista com 22 nomes. O motorista de Bolsonaro � o 20.� no documento de 422 p�ginas que re�ne informa��es sobre R$ 200 milh�es em transa��es realizadas em contas de funcion�rios da Alerj. Na conta em nome de Queiroz, o Coaf identificou a movimenta��o de R$ 1,2 milh�o no per�odo de 12 meses.
O Coaf � a unidade respons�vel por monitorar e receber todas as informa��es dos bancos sobre transa��es suspeitas ou at�picas. Pela lei, os bancos devem informar qualquer transa��o que n�o siga o padr�o do cliente. Quando a transa��o � em dinheiro, o banco informa sempre que o valor for igual ou superior a R$ 50 mil.
Michelle Bolsonaro
Uma das transa��es na conta de Queiroz citadas no relat�rio do Coaf � um cheque de R$ 24 mil destinado � futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro. A compensa��o do cheque em favor da mulher do presidente eleito, Jair Bolsonaro, aparece na lista sobre valores pagos pelo PM.
"Dentre eles constam como favorecidos a ex-secret�ria parlamentar e atual esposa de pessoa com foro por prerrogativa de fun��o - Michelle de Paula Firmo Reinaldo Bolsonaro, no valor de R$ 24 mil", diz o documento do Coaf.
Ao longo de um ano, o �rg�o tamb�m encontrou cerca de R$ 320 mil em saque na conta mantida pelo motorista do filho de Bolsonaro. Desse total, R$ 159 mil foi sacado numa ag�ncia banc�ria no pr�dio da Alerj, no centro do Rio. Tamb�m chamou a aten��o dos investigadores as transa��es realizadas entre Queiroz e outros funcion�rios da Assembleia. O documento lista todas as movimenta��es e seus destinat�rios ou remetentes.
Os t�cnicos do �rg�o tamb�m receberam informa��es sobre transa��es consideradas pelo �rg�o como suspeitas ap�s janeiro de 2017. Segundo o Coaf, entre fevereiro e abril do ano passado, o banco comunicou sobre dez transa��es "fracionadas" no valor total de R$ 49 mil que poderia configurar uma "poss�vel tentativa de burla aos controles".
"A conta teria apresentado aparente fracionamento nos saques em esp�cie, cujos valores est�o dilu�dos abaixo do limite di�rio. Foi considerado fator essencial para a comunica��o pela possibilidade de oculta��o de origem/destino dos portadores", afirma o relat�rio do Coaf.
Defesas
Procurado para se manifestar sobre o relat�rio do Coaf, o policial militar Fabr�cio Jos� Carlos de Queiroz respondeu que n�o sabe "nada sobre o assunto".
A chefia de gabinete de Fl�vio Bolsonaro afirmou que Queiroz trabalhou por mais de dez anos como seguran�a e motorista do deputado, "com quem construiu uma rela��o de amizade e confian�a".
A assessoria afirmou ainda que o filho mais velho do presidente eleito, Jair Bolsonaro, n�o tem "informa��o de qualquer fato que desabone" a conduta do ex-assessor parlamentar.
"No dia 16 de outubro de 2018, a pedido, ele foi exonerado do gabinete para tratar de sua passagem para a inatividade", informou o gabinete, por meio de nota.
Al�m de motorista e seguran�a, Queiroz era um dos principais assessores do deputado estadual e agora senador eleito Fl�vio Bolsonaro (PSL). Ele chegou a acompanhar o parlamentar em agendas de campanha do pai do deputado, o ent�o presidenci�vel Jair Bolsonaro.
Reserva
Fabr�cio de Queiroz era vinculado ao gabinete parlamentar de Fl�vio Bolsonaro com cargo em comiss�o de Assessor Parlamentar III, s�mbolo CCDAL - 3.
Ap�s a exonera��o de Queiroz da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), foi publicada, no �ltimo dia 21 de novembro, a transfer�ncia do ex-assessor para a reserva remunerada da Pol�cia Militar, como subtenente, ap�s 35 anos de servi�os prestados.
Procurada pela reportagem, a assessoria de Jair Bolsonaro n�o respondeu sobre o assunto, nem sobre o cheque no valor de R$ 24 mil que teria sido destinado a Michelle Bolsonaro. A futura primeira-dama n�o foi localizada. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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