(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas POL�TICA

'Bolsonaro n�o tem um projeto para o Pa�s', afirma Luciano Huck

Para o apresentador, o presidente eleito n�o indica que vai dar prioridade a um programa de redu��o da desigualdade social


postado em 09/12/2018 14:07 / atualizado em 10/12/2018 11:38

O apresentador e empres�rio Luciano Huck diz n�o enxergar nas propostas do presidente eleito Jair Bolsonaro "um projeto de Pa�s". Embora afirme que Bolsonaro "n�o enganou ningu�m" durante a elei��o e defenda um voto de confian�a no futuro presidente, Huck cobra um plano de redu��o da desigualdade para o Pa�s "n�o ficar andando de lado para sempre".

O apresentador j� admitiu que n�o tem mais como sair da "caixinha" da pol�tica, onde entrou quando passou a ser cotado como um potencial "outsider" na disputa presidencial deste ano. Ap�s muitas especula��es, ele n�o aceitou entrar na arena eleitoral.

Nesta entrevista ao jornal O Estado de S�o Paulo, Huck admite que centro est� convergindo para um novo partido e comenta as acusa��es contra o senador A�cio Neves (PSDB) e o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva.O apresentador e empres�rio Luciano Huck diz n�o enxergar nas propostas do presidente eleito Jair Bolsonaro "um projeto de Pa�s". Embora afirme que Bolsonaro "n�o enganou ningu�m" durante a elei��o e defenda um voto de confian�a no futuro presidente, Huck cobra um plano de redu��o da desigualdade para o Pa�s "n�o ficar andando de lado para sempre".

O apresentador j� admitiu que n�o tem mais como sair da "caixinha" da pol�tica, onde entrou quando passou a ser cotado como um potencial "outsider" na disputa presidencial deste ano. Ap�s muitas especula��es, ele n�o aceitou entrar na arena eleitoral. Nesta entrevista ao Estado, Huck admite que centro est� convergindo para um novo partido e comenta as acusa��es contra o senador A�cio Neves (PSDB) e o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva.

Em entrevista recente ao ‘Estado’, voc� disse que n�o conseguiria mais voltar "para a caixinha que estava". Qual ser� seu pr�ximo passo na pol�tica? Vai se filiar a algum partido?

Minhas inten��es n�o mudaram. Minhas movimenta��es nesse �ltimo ano e meio nunca foram um projeto pol�tico, pessoal, uma coisa personalista no sentido de algo que eu estivesse fazendo ao meu favor. Desde o come�o foi uma convoca��o geracional. E eu acho que ela segue sendo assim. Estou h� 19 anos viajando o Pa�s muito intensamente - de todos os cantos e todos os recortes. Isso ningu�m tira de mim. Voc� pode fazer mestrado em Harvard, mas isso voc� n�o vai aprender. E o que me incomoda, h� algum tempo e de maneira bem franca, � a desigualdade que a gente tem no Pa�s. Ent�o se a gente n�o tiver um projeto claro e bem desenhado de redu��o de desigualdades esse Pa�s vai ficar andando de lado pra sempre. Acho super legal as iniciativas do terceiro setor e de filantropia. Por outro lado, s� quem vai ter o poder, de fato, de reduzir a desigualdade no Pa�s � o Estado. Quem toca o Estado � a pol�tica.

O tema da desigualdade passou ao largo na �ltima campanha...

Acho que ficou muito claro nessa elei��o que as pessoas estavam sedentas por coisas novas. Acho que o Bolsonaro � a cristaliza��o, a materializa��o desse inconformismo, dessa descren�a da pol�tica como um todo. M�rito dele. Est� eleito presidente. Mas eu n�o enxerguei na campanha como um todo, de todos os candidatos, e sigo n�o enxergando, um projeto de Pa�s. Eu n�o consigo ver. A gente fica discutindo aqui a fia��o e o encanamento, mas n�o as reformas estruturais necess�rias, que todos concordam, e que s�o necess�rias para o Pa�s n�o quebrar. Mas s�o discuss�es de calculista. N�o enxergo qual � o projeto de Pa�s. E nas agendas que dependem da cren�a pessoal do Bolsonaro, ele tamb�m n�o est� mentindo. A chancelaria, por exemplo, eu posso n�o concordar. A educa��o, que quando ele chegou a aventar o nome do Mozart (Neves Ramos), eu disse "caramba bicho!" eu vou festejar o Bolsonaro... Mas, n�o, ele foi para um caminho que � o que ele pensa.

N�o enxerga um projeto de Pa�s no futuro governo Bolsonaro?

A gente vive em uma democracia. Ele ganhou a elei��o. A elei��o est� ganha. Ele vai fazer o governo dele com as coisas que ele acredita. Eu acho de verdade que, nesse momento, n�o � para fazer oposi��o. Eu acho que a gente tem que dar um voto de confian�a para quem ganhou. A beleza da democracia � que a vota��o � individual, mas a responsabilidade pelo resultado � coletiva. Ele ganhou a elei��o legitimamente. N�o � hora de fazer oposi��o. � hora de ter di�logo, � hora de conversar. N�o acho que o Bolsonaro enganou ningu�m. Ele est� fazendo exatamente o que falou que ele ia fazer. A equipe econ�mica � uma equipe extremamente competente, liberal, com uma cabe�a boa, comprometida e com nomes muito bons, come�ando pelo Paulo (Guedes) de quem eu tenho muito respeito e gosto.

Mas voc� v� no Bolsonaro um projeto de Pa�s?

Eu acho que n�o. E n�o estou falando isso como uma coisa negativa. Acho que ele n�o teve nem tempo. Ele ganhou a elei��o agarrado no cangote, com 7 segundos de televis�o, sem dinheiro... Ganhou na ra�a e na marra. Eu n�o acho que ele tenha um projeto de Pa�s, mas as pautas com as quais ele ganhou a elei��o, ele vai poder atuar. O S�rgio Moro, de quem eu gosto e tenho muito respeito, acho que ele tem v�rias fun��es nesse governo. Primeiro, para quem colocava em xeque a democracia, sob o ponto de vista das coisas que o Bolsonaro disse no passado... o S�rgio Moro � um legalista. Quando voc� p�e um legalista como ministro da Justi�a com o poder que ele tem, est� claro que as leis ser�o seguidas. E do outro lado, uma agenda liberal na economia que ele pode fazer virar realidade. Precisa de uma agenda eficiente por um lado, mas ela tem que ser afetiva. Se voc� n�o tiver uma agenda social muito focada, com prioridades claras, o Pa�s vai continuar sendo desigual. A redu��o de desigualdade � um problema enorme e de solu��o complexa. Precisa ser prioridade, mas acho que n�o vai ser nesse caso.

Em pautas como flexibilizar o estatuto de desarmamento, Escola sem Partido e meio ambiente, h� risco de retrocesso?

Vejo risco de retrocesso. Na educa��o, vejo. A evolu��o que a gente teve nos �ltimos 20 anos no Brasil chegou em um n�vel t�o bacana que voc� pega todos que estudam a educa��o hoje est� tudo meio em um consenso, os discursos est�o meio parecidos. Todo mundo sabe os nossos problemas. O nosso problema hoje � o de subir o sarrafo da qualidade. Hoje em dia � qualificar e avaliar professor, � combater evas�o escolar, � voc� fazer alfabetiza��o no tempo correto, � voc� transformar a escola no epicentro da cidade e da sociedade. Est� todo mundo nesse caminho. Agora, a cabe�a que o Bolsonaro colocou ali... Para mim, discutir escola sem partido agora � uma bobagem t�o grande.

Como tem lidado com o Fla-Flu da pol�tica?

Tem que ter meio tom. Mas o meio tom n�o tem que ser um partido pol�tico, do tipo temos que fazer um partido de centro...Eu realmente n�o t� nessa p�gina. � muito mais f�cil eu ficar na televis�o fazendo o meu programa e ganhando o meu dinheiro do que estar aqui falando desses assuntos com voc�. Isso aqui � exatamente fora da minha zona de conforto. O que est� acontecendo comigo � que eu n�o quero me politizar porque eu n�o quero ser pol�tico. Eu quero ser um cidad�o atuante que, de fato, vai contribuir para um novo ciclo para o Pa�s - trazendo gente, curando gente, trazendo ideias, rodando o mundo, encontrando solu��es. Eu quero rodar o Brasil e poder criar um �m� potente para atrair gente afim de fazer diferente. As lideran�as, naturalmente, v�o aparecer. Dentro desse contexto, que n�o � simples, eu n�o estou preocupando se � de direita ou de esquerda. Eu quero ver as boas ideias. No final das contas � sobre como a gente melhora a vida das pessoas, como a gente reduz desigualdade, como que a gente melhora a quest�o das favelas, como a gente distribui renda, como a gente inclui a dona Maria Inaj�, uma analfabeta funcional com 6 filhos, para al�m do Bolsa Fam�lia, como � que os filhos dela podem ter um futuro... A discuss�o de como a gente pode ter um Pa�s menos desigual... e n�o quer dizer que o rico tem que ficar mais pobre, n�o, eu s� quero que quem esteja embaixo tenha um n�vel de dec�ncia pelo menos . Eu vou chutar com as duas pernas, acho que tem boas cabe�as dos dois lados. Eu n�o estou muito preocupado em tomar um lado n�o. O meu lado � o lado que faz bem para o Pa�s, que faz bem para todo mundo. Eu sou capaz de criticar o que eu n�o concordo na agenda do Bolsonaro e capaz de apoiar as coisas que acho que s�o positivas para o Pa�s.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse recentemente que � preciso criar um ‘centro radical’; pol�ticos como o Paulo Hartung t�m liderado conversas...Esse � o seu campo pol�tico?

Tenho conversado muito com o Paulo. E eu acho que o que ele fez no Esp�rito Santo � uma refer�ncia importante de gest�o p�blica para o Brasil. O Hartung tem essa caracter�stica de n�o levantar bandeiras e de querer juntar gente boa. O presidente Fernando Henrique, como sempre, � algu�m muito l�cido. Acho que essa reorganiza��o partid�ria vai ser necess�ria, por causa da cl�usula de barreira, por causa de uma s�rie de coisas que est�o acontecendo. Eu acho que o centro vai sim se organizar...

Em um novo partido?

Eu acho que sim. Est� convergindo pra isso. Os dois maiores ativos que os partidos pequenos tinham para sobreviver era tempo de televis�o e Fundo Partid�rio. Eles perderam.

Os partidos tradicionais fracassaram?

Eu acho que sim. Tem um ciclo partid�rio que acabou. Voc� v� pela renova��o. O partido do presidente que at� ontem era um partido pequeno, hoje tem 52 deputados. Voc� tem o PT, merecidamente, que perdeu sua relev�ncia. O PSDB n�o soube dar poder as suas novas lideran�as e se colocar de um jeito atuante e reto nas discuss�es dos �ltimos anos...

Mant�m rela��es com A�cio Neves?

N�o falei mais com o A�cio desde que as acusa��es que recaem sobre ele vieram � tona. N�o me orgulho, nem celebro isso, mas julguei que era o melhor a fazer neste momento. Ao longo das �ltimas d�cadas ele teve um papel inegavelmente relevante na pol�tica brasileira, no Congresso, em Minas e no Brasil, a ponto de ter tido mais de 50 milh�es de votos nas elei��es de 2014. No �mbito pessoal, tamb�m estivemos pr�ximos. Por isso e por desconhecer e sequer imaginar, fiquei bastante surpreso e decepcionado com os fatos que vieram � tona. Agora cabe a ele provar sua inoc�ncia e ao tempo cicatrizar as feridas. Apanhei muito publicamente por erros que nada t�m a ver comigo.

Como voc� v� a pris�o do ex-presidente Lula e todo o processo que envolve ele e o PT?

Eu fico muito triste em ver uma figura como o Lula, que teve a relev�ncia mundial do Lula, que teve uma agenda social ativa e que se materializou em v�rios projetos que melhoraram a vida das pessoas, preso. Mas t� claro, tamb�m, por outro lado, que ele n�o est� preso por acaso. Ele est� preso por provas muito relevantes e contundentes do que o PT n�o s� aparelhou o Estado como criou uma rede de corrup��o para sustentar um projeto pol�tico em que muita gente enriqueceu. N�o sei se foi o caso do ex-presidente, mas muita gente. Ficou claro que o PT instalou uma quadrilha que assaltou os cofres p�blicos, que assaltou o er�rio. Os fins n�o justificam os meios. Por mais que o PT tenha tido uma agenda social com um olhar importante, isso n�o significa que voc� possa roubar o Estado.

Qual a avalia��o sobre o resultados dos movimentos de renova��o � qual � o passo seguinte?

No Renova a gente fez uma boa reflex�o p�s-elei��o. A gente teve 120 candidaturas no final e elegemos 17 (deputados e senadores). Passada a elei��o, a gente viu que tinha uma gama grande de deputados que chegariam pela primeira vez no Congresso, que n�o sabem como aquilo funciona...Fizemos uma parceria com o Insper para fazer um curso de conhecimento parlamentar. A gente abriu 70 vagas, n�o teve nenhum deputado que a gente ligou que n�o topou. Esse curso vai ser a primeira vez que voc� vai ter deputados eleitos indo para uma sala de aula antes de ir para o Congresso. O papel do Renova: a gente elegeu deputados aliados super alinhados com Bolsonaro e at� lideran�as ind�genas. A forma��o da lideran�a independente da sua ideologia e algo super rico. As lideran�as naturalmente v�o aparecer. O Renova vai ter um papel importante na elei��o municipal daqui dois anos. Vai ser importante essa bancada da renova��o. A gente articulou uma bancada parlamentar de GovTech, que � liderada pelo deputado (Marcelo) Calero (ex-ministro da Cultura), j� com 10, 12 deputados...E essa frente parlamentar essa disposta a contribuir com a agenda que a gente curou. O Agora! que foi um movimento muito horizontal, a gente t� mudando um pouco o enfoque dele para que ele seja um Hub de boas pr�ticas, o lugar que a gente possa fazer a constru��o dessa agenda de pa�s.

E em rela��o a Joaquim Barbosa e Marina Silva...

Eu n�o estive com o Joaquim. Eu gosto muito do Joaquim.Tive boas conversas com ele ao longo da vida, mas n�o tive com o Joaquim no p�s-elei��o. Mas � um nome que tem que estar. Quem est� pr�ximo do Agora! com a gente � o Arm�nio (Fraga), (Paulo) Hartung... Alguns nomes que eu gosto e est�o se aproximando, mas que v�o funcionar como conselho consultivo. A Marina foi pra mim, a pessoa f�sica, foi um presente que a vida me deu nesse per�odo eleitoral. � uma mulher muito correta, muito elegante, muito altru�sta, com convic��es modernas. A Marina tem um papel importante no Brasil como um todo. Agora, acho que ela n�o acredita muito em partido. At� que a rede n�o se estruturou como o partido, era uma rede de gente que pensava parecido...Agora, o Roberto Freire est� de volta sentado no PPS disposto a reorganizar, a mudar de nome...O Roberto, o PPS foi, sem d�vida, o partido que mais se abriu para os movimentos c�vicos de renova��o. Ele entendeu que ali o PPS beberia de novos ares.Os movimenos c�vicos tem que respeitar o Roberto nesse sentido, que entendeu e se abriu para a renova��o.

Est� preparado para daqui a quatro anos ser indagado sobre uma candidatura � Presid�ncia?

Vai ter um projeto de Pa�s desenhado. Tenho certeza que lideran�as que v�o aparecer...

Mas agora todas as suas opini�es ser�o vistas do ponto de vista da pol�tica...

Eu sou muito curioso. Acho que a televis�o que eu fa�o foi apontar solu��es para o Brasil. Quando voc� come�a a pensar pol�ticas p�blicas � algo muito desafiador. Eu realmente quero tentar contribuir da maneira mais intensa poss�vel que eu puder. Para que quando a gente tiver 70 anos, a gente possa olhar para o lado e ver um Pa�s menos desigual. E essa contribui��o � um ciclo de aprendizado intenso que eu estou me propondo, dedicando tempo de ouvir, ler, trocar ideia, descobrir, encontrar gente, curar gente...Tem tanta gente competente afim de contribuir e que tem sido um aprendizado muito grande.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)