
Bras�lia – O presidente eleito, Jair Bolsonaro, anunciou ontem, como de costume, pelo Twitter, o nome que faltava para compor a Esplanada dos Minist�rios a partir de 2019. O advogado e administrador Ricardo de Aquino Salles, do partido Novo, ser� o ministro do Meio Ambiente. Com a nomea��o, o futuro chefe de Estado fecha o governo com 22 pastas — sete a mais do que havia proposto durante a campanha eleitoral, quando prometeu enxugar a m�quina p�blica para apenas 15.
Um dos criadores do movimento Endireita Brasil e filiado ao partido Novo, Salles concorreu neste ano a deputado federal pela sigla, mas n�o conseguiu se eleger. Durante a campanha, inclusive, chegou a ser repreendido pela legenda, ap�s sugerir o uso de armas contra o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) em uma publica��o nas redes sociais.A legenda disse n�o concordar com o teor das postagens dele. O Estado de Minas procurou o Novo para comentar a nomea��o do advogado. Contudo, a sigla preferiu n�o falar, mas ressaltou n�o ter sido uma indica��o feita pela pr�pria legenda.
Ricardo Salles disse que seu papel � frente da Pasta ser� defender o meio ambiente e respeitar o setor produtivo. Para Bolsonaro, o minist�rio precisa se aproximar dos ruralistas. O presidente eleito j� defendeu acabar com o que chama “ind�stria de multas” no Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) e no ICMbio (Instituto Chico Mendes de Conserva��o da Biodiversidade). “Defender o meio ambiente e ao mesmo tempo respeitar todos os setores produtivos do Brasil � o que sintetiza muito nosso sentimento”, disse Ricardo Salles, ap�s ser confirmado para o cargo. Hoje, ele ir� a Bras�lia para come�ar a trabalhar na equipe de transi��o do governo eleito.
Desde a vit�ria de Bolsonaro nas urnas, o Minist�rio do Meio Ambiente foi alvo de pol�micas. O presidente eleito afirmou que juntaria a pasta com a Agricultura, mas decidiu mant�-las independentes ap�s repercuss�o negativa entre pesquisadores, ambientalistas e, inclusive, ruralistas. Mesmo com a desist�ncia, Bolsonaro declarou que a pessoa escolhida para comandar a pasta ambiental deveria estar alinhada com as premissas da deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS), indicada pela bancada ruralista para o minist�rio da Agricultura.
Avalia��o
O analista pol�tico Creomar de Souza, professor da Universidade Cat�lica de Bras�lia, aponta que as pol�micas sobre a montagem do primeiro escal�o funcionar�o como um teste para saber se os nomes s�o os ideais para ocupar a Esplanada. Para o especialista, todo in�cio de governo passa por processos de acomoda��o de for�as pol�ticas. No caso de Bolsonaro, a reviravolta ocorre porque o PSL era um partido nanico e se tornar� um dos mais fortes do Congresso. “Ele cresceu muito, ent�o, � preciso ajustar algumas quest�es, porque j� � poss�vel ver conflitos dentro da pr�pria base da legenda. Inclusive porque alguns pol�ticos n�o se sentem contemplados por essa pol�tica de indica��o do Bolsonaro”, explica.
Segundo Souza, Bolsonaro conseguiu manter a linha na qual se prontificou em assumir de liberal na economia e conservador nos costumes. Todos os secret�rios e subsecret�rios do time econ�mico t�m o mesmo perfil da Universidade de Chicago, com pautas ultraliberais. Por outro lado, nomes que v�o chefiar pastas sociais seguem uma din�mica conservadora, como a pastora Damares Alves, no minist�rio dos Direitos Humanos, e Ricardo V�lez-Rodr�guez, na Educa��o. O �ltimo, inclusive, fez declara��es incisivas contra a ideologia de g�nero e a favor dos “valores tradicionais da sociedade, que tange � preserva��o da vida, da fam�lia, da religi�o, da cidadania, em soma, do patriotismo”.
