O desgaste do senador eleito e atual deputado estadual Fl�vio Bolsonaro (PSL-RJ) n�o apenas respinga no futuro governo com a falta de explica��es sobre a movimenta��o at�pica de R$ 1,2 milh�o na conta de um ex-assessor como j� come�a a virar instrumento de press�o at� mesmo por potenciais aliados do Pal�cio do Planalto. Informados de que a oposi��o planeja coletar assinaturas, a fim de abrir uma CPI para tratar do assunto, integrantes do Centr�o cobram esclarecimentos do presidente eleito, Jair Bolsonaro, e de seu filho.
Em campanha pela reelei��o, o presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), entrou no circuito e, aproveitando o bom tr�nsito que tem com os oposicionistas, pediu a colegas do PT e do PCdoB que n�o estiquem a corda na briga pela comiss�o parlamentar de inqu�rito. Maia est� de olho no aval do PSL de Bolsonaro para ser reconduzido ao cargo. At� agora, por�m, o partido do presidente eleito n�o d� sinais de que v� apoi�-lo.
A cobran�a de aliados na dire��o da fam�lia Bolsonaro tem como pano de fundo insatisfa��es com a falta de espa�o no primeiro escal�o do governo. "Se esse epis�dio (da movimenta��o de R$ 1,2 milh�o) n�o ficar bem esclarecido durante o per�odo de recesso, a oposi��o chegar� em 2019 com um pedido de abertura de CPI", afirmou o deputado S�stenes Cavalcante (DEM-RJ). "N�o quero nada do governo e terei independ�ncia para votar, mas acho que tudo precisa ser bem explicado o quanto antes."
Disc�pulo do pastor Silas Malafaia e da frente evang�lica, S�stenes chegou a criticar, no in�cio deste m�s, a escolha de Damares Alves para o Minist�rio da Mulher, Fam�lia e Direitos Humanos. "Se antes parecia uma ingratid�o, agora fica claro que h� uma inten��o de afrontar o Magno Malta", reagiu ele na ocasi�o, ao defender o senador do PR que n�o foi reeleito e at� agora ficou fora da divis�o da Esplanada.
Interlocutores de Maia afirmam, nos bastidores, que a CPI s� sair� do papel se houver um ambiente de crise instalado ap�s a elei��o na C�mara e no Senado, em 1.� de fevereiro. Citam que, se o Planalto interferir na disputa e perder, sofrer� retalia��es. Al�m disso, se a lua de mel com o novo governo terminar antes do previsto, a CPI ser� sempre uma carta na manga.
Segundo escal�o
Embora Bolsonaro assegure que n�o vai vestir o figurino do toma l�, d� c�, articuladores pol�ticos da equipe j� come�am a dar mais aten��o a pedidos para cargos no segundo escal�o. O PR e o PSD, por exemplo, anunciaram apoio formal ao presidente eleito com a expectativa da ocupa��o de postos importantes. At� agora, no entanto, nada foi definido.
"H� um certo movimento de descontentamento e � preciso resolver isso urgente", admitiu o deputado Capit�o Augusto (PR-SP), aliado de Bolsonaro e pr�-candidato � presid�ncia da C�mara. "Acredito que o tend�o de Aquiles do futuro governo vai ser o relacionamento com o Congresso. Vejo isso com muita preocupa��o porque, no passado, quem tentou se distanciar n�o deu certo", completou ele, ao lembrar do impeachment dos ex-presidentes Dilma Rousseff e Fernando Collor.
Coordenador da Frente de Seguran�a P�blica, que abriga parlamentares da chamada bancada da bala, Capit�o Augusto afirmou que o Planalto ter� de contar com uma base forte no Congresso, se n�o quiser enfrentar problemas. Nos pr�ximos dias, ele pedir� uma audi�ncia com Bolsonaro e com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), para solicitar que o Minist�rio da Seguran�a P�blica n�o seja incorporado � pasta da Justi�a, como foi anunciado no m�s passado.
"O presidente j� voltou atr�s em muitas coisas e pode rever isso tamb�m", argumentou Capit�o Augusto, para quem o ex-juiz S�rgio Moro, futuro titular da Justi�a e da Seguran�a, ficar� "sobrecarregado" com tantas fun��es. "Da minha parte, a reivindica��o n�o tem nada a ver com cargos. A cria��o desse minist�rio foi uma luta de d�cadas e, se ele for para a Justi�a, acabar� ficando em segundo plano."
O deputado disse j� ter ouvido, nos corredores do Congresso, coment�rios de que parlamentares tentar�o levar Fl�vio Bolsonaro ao Conselho de �tica. "N�o h� d�vidas de que a oposi��o vai fazer de tudo para desestabilizar o governo, apostando no 'quanto pior, melhor'", previu o l�der da frente.
Para o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), enquanto os fatos n�o forem esclarecidos, haver� press�o sobre o governo. "At� agora, o Queiroz n�o deu uma �nica explica��o e, estranhamente, o Moro, que vai chefiar o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e a Pol�cia Federal, n�o demonstrou interesse em investigar", afirmou Zarattini, referindo-se a Fabr�cio de Queiroz, ex-assessor de Fl�vio.
'Alerta'
O Estado revelou que um relat�rio do Coaf identificou volume at�pico de recursos movimentados na conta de Queiroz, que � policial militar e trabalhou para Fl�vio durante mais de uma d�cada no gabinete dele, na Assembleia Legislativa do Rio. Na lista das transa��es financeiras foi descoberto um repasse de R$ 24 mil para a futura primeira-dama Michelle Bolsonaro.
"O epis�dio do Coaf � um alerta para os riscos do manejo pol�tico de informa��es financeiras pessoais. Espero que a transfer�ncia desse �rg�o do Minist�rio da Fazenda para o Minist�rio da Justi�a n�o seja para ampliar o uso pol�tico", provocou o deputado Orlando Silva (SP), l�der do PC do B na C�mara.
Bolsonaro comentou, nos �ltimos dias, que o filho anda "abatido". Nas redes sociais, Fl�vio disse que est� "angustiado" e procurando saber o que aconteceu. "N�o fiz nada de errado, sou o maior interessado em que tudo se esclare�a para ontem, mas n�o posso me pronunciar sobre algo que n�o sei o que �, envolvendo meu ex-assessor", escreveu ele, na quinta-feira, 13.
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