O ministro das Rela��es Exteriores, Ernesto Ara�jo, deu posse nesta quinta-feira, 3, ao embaixador Ot�vio Brandelli no posto n�mero dois da pasta, o de secret�rio-geral. Trata-se do cargo mais elevado da casa, que � exclusivo dos diplomatas de carreira.
Em seu discurso, Ara�jo fez uma analogia: o presidente da Rep�blica seria o arquiteto, o ministro, o engenheiro e o secret�rio-geral, o "mestre de obras" na constru��o de uma nova pol�tica externa para o Brasil. Ele frisou que sua gest�o n�o se limitar� a administrar a pasta, e sim "construir algo". Brandelli, por sua vez, abriu seu discurso agradecendo sua "promo��o" a mestre de obras.
A brincadeira foi um dos momentos de exposi��o de uma amizade que os dois deixaram clara. Ara�jo contou que eles se tornaram amigos quando serviram em Bruxelas, nos anos 1990. "Olho para o Ot�vio e sei o que ele est� pensando, qual � o trocadilho", disse o ministro, sorrindo. Brandelli confirmou, dizendo que a comunica��o entre ambos � praticamente "telep�tica". Em sua fala, ele chamou o chanceler de "Ernesto" o tempo todo.
Ga�cho como Brandelli, Ara�jo terminou seu discurso dizendo que ser� necess�rio abrir uma exce��o ao lema proclamado pelo presidente Jair Bolsonaro em sua posse, que a bandeira verde-amarela jamais ser� pintada de vermelho. "Exceto se for do Inter."
O posto de secret�rio-geral do Itamaraty, informou Brandelli, acaba de completar 100 anos. Ele contou que foi pesquisar qual era, originalmente, a atribui��o do posto. E constatou que era "dedicar-se � tradi��o" do minist�rio. Essa tradi��o, disse ele, � formada pelo esp�rito p�blico, a dedica��o, o gosto pelos desafios intelectuais e a busca pela excel�ncia. "N�o � apego cego ao passado ou justificativa v� para o imobilismo", afirmou.
Respons�vel pela administra��o da m�quina do Itamaraty, Brandelli afirmou que dar� "aten��o priorit�ria" a um problema que aflige o corpo diplom�tico: o fluxo de carreira. Brandelli admitiu que esse problema "aflige" seus colegas e prometeu mudan�as para "preservar a capacidade do minist�rio de recrutar e manter os melhores quadros do Brasil."
Hoje, o Itamaraty convive com um incha�o nos n�veis hier�rquicos mais baixos, gerado pelo grande n�mero de contrata��es feitas durante a gest�o de Celso Amorim no governo de Luiz In�cio Lula da Silva (2003-2010). Em alguns anos, foram contratados por meio de concurso at� 200 diplomatas em um �nico ano. Atualmente, o fluxo � de 30 pessoas por ano. Os funcion�rios que ingressaram no per�odo de Amorim convivem com a falta de perspectiva de ascens�o na carreira. A hierarquia da pasta tem um formato de "funil", e n�o h� espa�o para promover todos.
Numa refer�ncia ao discurso de Ara�jo feito na v�spera, ele disse que a busca do conhecimento e da verdade passa pelo reconhecimento das dificuldades no servi�o exterior. Ele prometeu valorizar n�o s� os diplomatas, mas tamb�m os demais funcion�rios que atuam no Itamaraty. Citou como exemplo os funcion�rios terceirizados da lanchonete, que ele viu almo�ando sentados no ch�o. "Acho indigno."
At� agora, Brandelli ocupava o posto de diretor do Departamento do Mercosul, que passou por uma transforma��o no governo de Michel Temer (2016-2018). A suspens�o da Venezuela foi, segundo afirmou, "um dos momentos mais instigantes" de sua carreira diplom�tica. O pa�s foi suspenso n�o por romper com os princ�pios democr�ticos, mas por n�o haver cumprido compromissos para sua ades�o. "Foi pura pol�tica e puro direito internacional", comentou, cumprimentando o ex-ministro Aloysio Nunes, presente � cerim�nia.
Brandelli ocupou, durante quatro anos, a presid�ncia do Instituto Brasileiro de Propriedade Industrial (Inpi), entre 2013 e 2017. Ele contou que especializou-se no tema no in�cio da carreira. Foi convidado v�rias vezes para presidir a institui��o, mas s� "caiu em tenta��o" no oitavo convite.
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POL�TICA
Ernesto Ara�jo d� posse a Ot�vio Brandelli na Secretaria-Geral do Itamaraty
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