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Estado de Minas

Renan Calheiros atravessa esc�ndalos e � favorito para presidir Senado

Senador sobreviveu a todos os governos desde Collor e j� acena para Jair Bolsonaro


postado em 13/01/2019 06:00 / atualizado em 13/01/2019 07:39

Com 621,5 mil votos nas últimas eleições, emedebista foi um dos poucos que resistiram à onda de mudanças na política brasileira e se reelegeu(foto: Andressa Anholete/AFP )
Com 621,5 mil votos nas �ltimas elei��es, emedebista foi um dos poucos que resistiram � onda de mudan�as na pol�tica brasileira e se reelegeu (foto: Andressa Anholete/AFP )

O Brasil mudou muito nas �ltimas tr�s d�cadas, mas uma coisa � certa: Renan Calheiros (MDB), hoje senador por Alagoas, sempre esteve no centro do poder. Mesmo com o nome mergulhado em processos, entre eles da Opera��o Lava-Jato, Renan n�o s� conseguiu ser um dos poucos da sua gera��o a se salvar da onda de renova��o, reelegendo-se para o quarto mandato na Casa Legislativa. Agora, � cotado como favorito � presid�ncia do Senado, cargo que ocupou por quatro vezes, e acena aproxima��o com o governo de Jair Bolsonaro (PSL).


O cacique j� esteve ao lado de Fernando Collor de Mello (ent�o PRN), Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Luiz In�cio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT). Ironicamente, s� n�o manteve boa rela��o com Michel Temer, tamb�m do MDB. “Jamais se pode ser presidente de um poder sem conversar com o presidente da Rep�blica. Isso � elementar. A hora em que ele (Bolsonaro) me chamar, eu vou”, disse, em entrevista ao jornal O Globo na sexta-feira. No fim do ano, em artigo no seu site, escreveu que “quer ajudar o novo governo”, embora tenha apoiado a pr�-candidatura de Lula e feito campanha para Fernando Haddad (PT).


“� o modus do MDB, que aprendeu a racionalizar como se manter no poder, conseguindo identificar o ponto de pular do barco e o ponto de entrar no barco”, afirma o doutor em ci�ncias pol�ticas Ranulfo Paranhos, professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Desde que chegou ao Congresso Nacional, em 1982, quando eleito deputado federal por Alagoas, Renan sempre esteve no primeiro escal�o da pol�tica e vem depurando como poucos a habilidade de se manter nele, independentemente das circunst�ncias.


Nos bastidores, a conta � de que ele teria cerca de 50 votos dos 81 parlamentares. A decis�o do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, de manter a vota��o ao comando do Senado secreta foi comemorada por Renan. “A Constitui��o democr�tica n�o pode ser mudada na goela ou na canetada”, escreveu no Twitter. Juntos com Renan, est�o na disputa os senadores Major Ol�mpio (PSL), Simone Tebet (MDB-MS), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Davi Acolumbre (DEM-AP), Alvaro Dias (Podemos-PR) e Esperidi�o Amin (PP-SC).


ARTICULA��O
Embora n�o assuma a candidatura oficialmente, pois a defini��o do candidato pelo partido est� marcada para dia 31, Renan est� trabalhando em torno de seu nome � presid�ncia desde a reelei��o, em outubro, quando conquistou 621,5 mil votos, ficando com a segunda vaga ao Senado. Ele conseguiu se safar do ran�o dos eleitores em torno da “velha pol�tica” e se manter no cargo, diferentemente de v�rios de seus colegas, como Romero Juc� (MDB-RR), Edison Lob�o (MDB-MA) e Garibaldi Alves (MDB-RN).


A fa�anha foi alcan�ada apesar dos oito processos em tramita��o contra ele no STF e demais investiga��es que o mant�m no alvo da Justi�a, incluindo a Lava-Jato. “Existem duas estrat�gias b�sicas quando voc� tem muitos holofotes. Ou voc� procura as sombras e tenta n�o aparecer na m�dia, para que a Justi�a n�o se sinta na obriga��o veloz para dar uma resposta, ou voc� ocupa o centro do poder, para ajudar a fazer defesa. Renan optou pela estrat�gia n�mero 2”, diz Paranhos.


Apesar das den�ncias contra ele, Renan acabou beneficiado em Alagoas pelo fato de seu herdeiro biol�gico e pol�tico, o governador de Alagoas Renan Filho (MDB), que acabou se reelegendo para comandar o estado, ter feito uma gest�o sem grandes esc�ndalos. “Mesmo com a crise, ele conseguiu construir estradas, fazer pequenos reparos e acabou bem avaliado”, conta Paranhos. Tamb�m se valeu da boa penetra��o do MDB nas prefeituras de Alagoas. “Mais de 70% dos prefeitos apoiavam Renan e conseguiram dar uma base de sustenta��o. Renan tamb�m tem uma rela��o de camaradagem com as pessoas e � uma figura que, no trato pessoal, passa credibilidade”, ressalta.


PROCESSOS
Ao longo das d�cadas, Renan conseguiu pular de “barco em barco” e foi dos poucos caciques a n�o naufragar (veja linha do tempo). Tamb�m tem passado imune pelos processos dos quais foi alvo. O ex-deputado Eduardo Cunha, que presidiu a C�mara dos Deputados no mesmo per�odo, por exemplo, est� preso desde 2016 por causa da Lava-Jato.


Em 2007, Renan chegou a renunciar � presid�ncia do Senado para evitar a cassa��o do mandato. Primeiro, foi acusado de ter despesas pagas por lobista da construtora Mendes J�nior, que bancava as contas de relacionamento extraconjugal do senador. Depois, de comprar r�dios e um jornal de Alagoas em nome de laranjas.


Em 2016, foi temporariamente afastado da presid�ncia do Senado pelo STF por causa do processo relacionado ao caso extraconjungal, no qual acabou absolvido no ano passado. Em um dos processos envolvendo o senador, a Lava-Jato apontou envolvimento de Renan com o recebimento de mais de R$ 1 milh�o em propina no esquema da Guerra dos Portos, al�m de lavagem de dinheiro.


O senador tamb�m esteve em meio a pol�micas que envolvem empresas-fantasma, uso de avi�o da For�a A�rea Brasileira (FAB) para ir a festas e outras tantas j� arquivadas. Mesmo depois das den�ncias, conseguiu se reeleger mais duas vezes presidente do Senado e agora, no in�cio de seu quarto mandato, volta a ser tratado como forte candidato ao comando da Casa legislativa, onde pode completar 32 anos de atividade parlamentar.

 

Linha do Tempo
Renan Calheiros – Um highlander da pol�tica brasileira

1978
Aos 23 anos, � eleito deputado estadual em Alagoas pelo MDB, partido de oposi��o ao regime militar. Era opositor do prefeito de Macei�, Fernando Collor, a quem se referia como “prefeito sem cheiro de voto e de povo” e “pr�ncipe herdeiro da corrup��o”.

1989
Jefferson Pinheiro/CB/D.A Press – 14/1/1990
Deputado federal e filiado ao PRN, Renan assume a assessoria da campanha do ent�o candidato � Presid�ncia Fernando Collor de Melo (PRN), eleito com 42,7% dos votos.

1990
Renan era l�der de governo na C�mara e foi um dos que anunciaram o Plano Collor, reforma econ�mica para controlar o aumento da infla��o que confiscou as poupan�as.

1992
Depois de perder a elei��o ao governo de Alagoas e romper com Collor, Renan se torna um dos articuladores do impeachment, acusando o tesoureiro Paulo C�sar Farias de criar “governo paralelo”. Desde ent�o, voltaram a se aliar e a romper novamente, agora, quando Collor entrou na disputa pelo governo de Alagoas, concorrendo com Renanzinho.

1994
No governo Itamar Franco (1992-1994), o pol�tico assumiu cargo de confian�a na Petrobras e atuou mais nos bastidores, at� retomar o protagonismo no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

1998
Ent�o senador pelo PMDB, Renan toma posse como ministro da Justi�a do governo Fernando Henrique Cardoso (FHC).

2002
Jos� Cruz/ABR – 26/4/16
Nas elei��es de 2022, passa a ser aliado do presidente Luiz In�cio Lula da Silva. Nos governos do PT, o alagoano, natural de Murici, presidiu o Senado por quatro vezes.

2007
Renan renuncia � presid�ncia do Senado para evitar a cassa��o. Ele foi acusado de ser s�cio, por meio de laranjas, de duas r�dios e um jornal de Alagoas e tamb�m de ter despesas de “relacionamento extraconjugal” pagas por um lobista da Mendes J�nior.

2013
Retorna � presid�ncia do Senado para cumprir seu quarto mandato como presidente.

2015
Um delator da Opera��o Lava-Jato afirma, em mar�o, que Renan recebeu propina em contratos da Petrobras. Rela��o com a presidente Dilma fica estremecida, mas, em agosto, o senador prop�e a Agenda Brasil, s�rie de medidas para tirar o pa�s da crise.

2016
No comando do Senado, Renan vota pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT). Entretanto, contribuiu para que senadores rejeitassem a inabilita��o da ex-presidente, que manteve o direito de assumir cargos p�blicos depois do afastamento. Em dezembro, ele � denunciado por corrup��o e lavagem de dinheiro na Opera��o Lava-Jato. Ele teria recebido propina no esquema conhecido como “Guerra dos Portos”. No mesmo m�s, o STF o afasta da presid�ncia do Senado. A decis�o � revista em plen�rio e ele se mant�m no cargo, mas sai da linha sucess�ria do Pal�cio do Planalto.

2017
Renan foi condenado por “enriquecimento il�cito” e “vantagem patrimonial” pela 14ª Vara Federal de Bras�lia. Caso se relaciona ao pagamento de pens�o em um relacionamento extraconjugal. Ele consegue absolvi��o no ano seguinte.

2018
Com 621,5 mil votos, o senador � reeleito em outubro para seu quarto mandato. Ele ficou com a segunda vaga � Casa Legislativa, atr�s de Rodrigo Cunha (PSDB), que teve 895,7 mil votos. Em novembro, nas investiga��es da Opera��o Lava-Jato, a Pol�cia Federal aponta que 3 milh�es de d�lares em contas na Su��a estariam ligadas a Renan.

 


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