Ap�s a nomea��o do deputado federal eleito Major Vitor Hugo (PSL-GO) para liderar o governo na C�mara dos Deputados, o jornal O Estado de S. Paulo ouviu dois cientistas pol�ticos para entender quais as poss�veis consequ�ncias pol�ticas do parlamentar.
Mestre em Opera��es Militares pela Escola de Aperfei�oamento de Oficiais do Ex�rcito e bacharel em Ci�ncias Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras, Vitor Hugo estava na Consultoria Legislativa da C�mara, na �rea de seguran�a p�blica e defesa nacional. Ele foi aluno dos generais - e atuais ministros - Augusto Heleno (Gabinete de Seguran�a Institucional) e Carlos Alberto Santos Cruz (Secretaria de Governo), na escola de cadetes.
Eleito para seu primeiro mandato na Casa com 31.190 votos, o parlamentar afirmou ao Estad�o/Broadcast que deseja estabelecer uma nova rela��o entre o Legislativo e o Executivo e pretende envolver os parlamentares na elabora��o das propostas do governo, antes mesmo que sejam encaminhadas ao Congresso. "Vamos envolver o m�ximo de pessoas durante a elabora��o das propostas para que j� se considere o componente pol�tico na elabora��o das propostas", afirmou.
Sobre o fim do chamado "toma l�, d� c�", o deputado eleito afirma que o desafio � do Brasil inteiro. "Como � o Pa�s inteiro que tem �nsia por isso, a gente imagina que, embora seja desafiador, existe uma predisposi��o de todos, inclusive dos parlamentares", disse ele, que vai liderar uma bancada de 52 deputados, a segunda maior da C�mara, atr�s apenas do PT, com 56.
Ao site BR18, do Grupo Estado, Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual presidente da C�mara, afirmou que considera o deputado uma "pessoa preparada". Confira abaixo a avalia��o de dois cientistas pol�ticos sobre o assunto. Primeiro, as respostas de Roberto Romano, fil�sofo e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e, depois, de Humberto Dantas, doutor em ci�ncia pol�tica e pesquisador da Funda��o Get�lio Vargas e da Uninove.
O que significa a nomea��o de um deputado federal que n�o tem experi�ncia pr�via na Casa?
Roberto Romano: � um erro frequentemente cometido por governantes e partidos com inclina��o autorit�ria. Um exemplo � esquerda � a ex-presidente Dilma Rousseff, que nomeou como chefe da Casa Civil pessoas que n�o tinham habilidade no trato com seus pares no Congresso Nacional. Isso ajudou a piorar a sua situa��o. Em rela��o a essa indica��o, � preciso lembrar que o Congresso Nacional n�o � como as For�as Armadas, n�o funciona na base de ordens dadas e recebidas.
Humberto Dantas: Me parece um risco que o governo Bolsonaro corre sob o discurso de uma nova forma de tratar o Congresso. A falta de habilidade do l�der do governo � algo sens�vel. Por outro lado, um l�der inexperiente pode representar o fortalecimento de outros agentes, como o pr�prio presidente da C�mara, que provavelmente ser� Rodrigo Maia, que tenta a reelei��o. Bolsonaro e Maia andaram se aproximando nos �ltimos dias, o PSL anunciou apoio a ele. Ent�o, pode fortalecer a figura do articulador do governo.
Quais as consequ�ncias dessa escolha?
Roberto Romano: Esse pol�tico vai ter de aprender muito rapidamente a tratar com a realidade nova que vai enfrentar, ou trar� mais problemas para o governo do que solu��es. Pode trazer embara�os para o governo junto ao Congresso. E esse aprendizado intensivo � muito dif�cil. Para um cargo como esse, � preciso muita diplomacia, persuas�o, carisma e tamb�m escrut�nio. E, al�m de tudo, lideran�a para liderar pessoas com a mesma fun��o que ele. Ser� preciso conhecer profundamente os projetos apresentados e os interesses contradit�rios no plen�rio.
Humberto Dantas: Entendo que seja apenas a quest�o da inexperi�ncia. N�o vejo problema em ser militar, est� tudo dentro do esperado, estranho seria se fosse um ativista de uma ONG. Mas acredito que a escolha faz parte de uma negocia��o maior e envolve trocas que, de uma forma ou de outra, ser�o feitas.
Como a C�mara dos Deputados deve reagir a essa nomea��o?
Roberto Romano: � aquela conhecida t�tica de "levar com a barriga". Resistir sem dar muita evid�ncia de que est� resistindo. E sobre isso temos uma longu�ssima tradi��o de relacionamento entre os presidentes e o Congresso. S�o in�meros projetos de lei que pouco a pouco foram sendo engavetados, distorcidos, de modo que n�o haja um choque violento e os alvos do Executivo n�o sejam cumpridos integralmente. Al�m disso, se por um acaso ele n�o cumprir bem sua fun��o, vem o processo de "fritamento". Embora chegue at� esse cargo importante, ele pode ser "frito" tanto pelo Executivo quanto pelos pr�prios cargos. V�rios pol�ticos da onda vitoriosa est�o de olho num cargo como esse.
Humberto Dantas: As figuras mais experientes da C�mara sabem bem que a escolha faz parte de algo maior. Ningu�m ali nasceu ontem. H� uma probabilidade de ele ser engolido pelas agendas, pelo modo de trabalhar da Casa, ou estamos diante do desvendar de um grande novo l�der. Mas, sem desmerecer a figura, a C�mara � muito complexa para um marinheiro de primeira viagem liderar um governo. Al�m disso, precisamos ver qual o perfil de comunica��o desse deputado para ele n�o cometer nenhum tipo de equ�voco que possa colocar o governo em maus len��is ou trazer desconfortos. � preciso avaliar se ele ser� um soldado do governo ou um general das redes sociais.
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