
Al�m do deputado estadual e senador eleito Fl�vio Bolsonaro (PSL-RJ), citado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) por ter recebido R$ 96 mil de forma fracionada entre junho e julho de 2017, as movimenta��es financeiras de outros 21 deputados e seis ex-deputados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) foram citadas em comunica��es do �rg�o por apresentarem atipicidades.
Os nomes dos 27 pol�ticos est�o em um relat�rio produzido pelo Coaf e enviado ao Minist�rio P�blico Federal em junho do ano passado, seis meses depois de os t�cnicos do conselho produzirem a lista sobre as movimenta��es suspeitas de funcion�rios da Alerj, entre eles, Fabr�cio de Queiroz, ex-assessor de Fl�vio Bolsonaro.
Neste domingo, dia 20, o jornal O Globo disse que, al�m do R$ 1,2 milh�o revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo em dezembro, o Coaf identificou outras movimenta��es na conta de Queiroz. No total, o ex-assessor de Fl�vio movimentou R$ 7 milh�es em tr�s anos.
O filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL) n�o � citado no relat�rio de 128 p�ginas a que o Estado teve acesso sobre os 27 pol�ticos com passagem na Alerj. O documento em que ele aparece foi enviado ao Minist�rio P�blico do Estado do Rio de Janeiro em dezembro de 2018.
As movimenta��es financeiras dos parlamentares foram anexadas aos autos da Opera��o Furna da On�a, que, em novembro do ano passado, prendeu sete deputados estaduais suspeitos de receber propina; outros tr�s tiveram os pedidos de pris�o feitos, mas j� estavam detidos. Nove dos dez alvos da opera��o s�o citados no documento produzido pelo Coaf.
Quem lidera a lista se considerado o valor das movimenta��es citadas pelo Coaf � o ex-presidente da Alerj Jorge Picciani (MDB). Preso da Opera��o Cadeia Velha, em novembro de 2017, e tamb�m alvo da Furna da On�a, o emedebista, diz o Coaf, est� atrelado a comunica��es de opera��es financeiras no valor de R$ 478 milh�es. A quantia alcan�a esse valor pois abarca as transa��es de empresas de sua fam�lia que atuam no setor de minera��o e pecu�ria.
Dep�sitos
Se consideradas apenas as transa��es suspeitas em suas contas correntes, o valor movimentado por Picciani foi de R$ 26 milh�es. O documento do Coaf relata casos de fragmenta��o de dep�sitos em esp�cie similares aos que levaram o �rg�o a produzir um relat�rio sobre Fl�vio Bolsonaro.
Para o Coaf, em alguns casos, a fragmenta��o � feita para tentar dissimular o valor total da transa��o. Assim que dep�sitos em s�rie s�o identificados, os bancos s�o obrigados a comunicar ao �rg�o de controle essas atipicidades.
No caso de Fl�vio, por exemplo, o Coaf identificou dep�sitos seriados em cinco dias entre junho e julho de 2017. Em uma das datas, em 13 de julho, foram feitos 15 dep�sitos na conta do senador eleito em um intervalo de 6 minutos no mesmo caixa.
Suspeita
A ex-deputada Andreia Busatto (PDT) e seu marido, Carlos Busatto (MDB), prefeito de Itagua�, tamb�m est�o no topo da lista do Coaf. Segundo o conselho, o casal foi citado em comunica��es de movimenta��o suspeita no total de R$ 81 milh�es, entre 2011 e 2016. No relat�rio, o �rg�o cita que os dois s�o investigados pelo Minist�rio P�blico Federal por suspeita de irregularidades "no �mbito do Prosub (Programa de Desenvolvimento de Submarinos) a partir da contrata��o da construtora Odebrecht da Construtora Lytor�nea da qual o prefeito seria s�cio oculto".
Em nome da ex-deputada constam movimenta��es suspeitas no valor de R$ 27,7 milh�es. A primeira comunica��o foi em 2013 e diz respeito � compra de tr�s im�veis no valor de R$ 980 mil. A segunda foi por causa da movimenta��o de R$ 23,9 milh�es entre 2011 e 2013 em uma conta no Banco do Brasil de Mangaratiba (RJ). "Em an�lise da movimenta��o dos titulares foi percebida a disparidade quando comparada � capacidade financeira em cadastro", diz o Coaf.
Carnaval
Pelo menos duas escolas de samba do Rio, Beija-flor e Mangueira, s�o citadas em transa��es suspeitas ligadas a deputados e ex-deputados da Alerj. Presidente da Mangueira, o deputado Chiquinho da Mangueira (PSC) � mencionado em duas comunica��es de opera��es at�picas, que somam R$ 32,6 milh�es.
Da Beija-Flor aparecem o ex-deputado Farid Abr�o (R$ 3,7 milh�es), irm�o do patrono da escola, Aniz Abrah�o David, e seu filho, o tamb�m ex-deputado Ricardo Abr�o (R$ 14,4 milh�es), atual presidente da escola de samba.
Deputados negam irregularidades
O Estado procurou todos os deputados e ex-deputados citados na reportagem. O deputado M�rcio Pacheco disse que recebeu "come indigna��o" as informa��es sobre o relat�rio do Coaf. Afirmou que "jamais movimentou em sua conta algo perto da quantia mencionada, o que pode ser comprovado em seus extratos banc�rios".
Os ex-deputados Farid Abr�o e Ricardo Abr�o disseram que exercem "atividade empresarial paralela � pol�tica" e que "todo o dinheiro que entrou ou saiu da conta tem origem l�cita". Quanto � movimenta��o vinculada � conta da escola de samba Beija-Flor, afirmaram que "� comum o saque de quantidade elevada de dinheiro para o pagamento de pessoal, prestadores de servi�os e fornecedores".
O casal Andreia e Carlos Busatto informou que n�o foi notificado oficialmente sobre o relat�rio e s� vai se manifestar ap�s ter acesso ao documento. Os deputados Luiz Martins, Marcos Abrah�o e Pedro Augusto disseram que n�o comentariam.
Procurados por telefone e e-mail, os deputados Jorge Picciani, Marcos Muller, Marcelo Sim�o, Marcia Jeovani e Coronel Jairo n�o responderam aos questionamentos da reportagem do jornal paulista.
Os parlamentares Iranildo Campos, Chiquinho da Mangueira, Dr. Deodalto, Daniele Guerreiro, Christino �ureo e �tila Nunes e a defesa de Edson Albertassi tamb�m n�o responderam aos contatos da reportagem. A assessoria do deputado Jo�o Peixoto informou que o parlamentar e sua equipe est�o "em recesso".
Atual prefeito de S�o Gon�alo, o ex-deputado Jos� Luiz Nanci foi contatado por meio de seu gabinete e de sua assessoria de comunica��o, mas n�o foi localizado. Os deputados Rafael Picciani e Thiago Pampolha e a defesa do deputado Paulo Melo, que est� preso, tamb�m n�o foram localizados, assim como o suplente Milton Rangel e os ex-deputados e hoje prefeitos Waguinho e Rog�rio Lisboa.