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Estado de Minas POL�TICA

Eduardo Bolsonaro, o 23� ministro


postado em 03/02/2019 13:47

Oficialmente, ele n�o ocupa nenhum cargo no governo nem faz parte da assessoria pessoal do presidente Jair Bolsonaro. Tampouco participou da equipe de transi��o. Ainda assim, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) assumiu um protagonismo inusitado na nova administra��o.

Terceiro dos cinco filhos do presidente e o ca�ula entre os tr�s que se fizeram na pol�tica � sombra do pai, Eduardo, de 34 anos, � o herdeiro que tem se mostrado mais � vontade at� agora no governo. Embora reeleito com quase 2 milh�es de votos, a maior vota��o j� obtida por um deputado federal, ele parece mais envolvido com o dia a dia do Executivo do que com as quest�es mais urgentes do Congresso, como as articula��es para forma��o de um bloco de apoio �s reformas, em especial a da Previd�ncia, considerada fundamental para o equil�brio das contas p�blicas.

Como uma esp�cie de 23.� ministro, com o cacife refor�ado pelos la�os familiares com Bolsonaro, Eduardo circula com desenvoltura nos corredores do poder, pontifica sobre as diretrizes do governo, faz contatos internacionais em nome do pai, � margem do Itamaraty, e foi o �nico parlamentar a acompanhar o presidente ao F�rum Econ�mico Mundial, em Davos, na Su��a. Nos bastidores, ele manobra como qualquer representante da "velha pol�tica", para emplacar nomes de seu relacionamento no primeiro e no segundo escal�es e interferir na redistribui��o de �rg�os entre minist�rios.

Ativista inflamado. Eduardo foi procurado pelo Estado para comentar a quest�o e outros temas abordados nesta reportagem, mas n�o retornou os contatos feitos via WhatsApp e celular. Seu assessor de imprensa chegou a responder �s mensagens que o jornal lhe enviou, mas n�o agendou a entrevista. As informa��es inclu�das aqui foram apuradas com cr�ticos e aliados de Eduardo, que convivem ou j� conviveram com ele, mas preferiram manter o anonimato.

Considerado o representante mais ideol�gico do cl�, ele teve participa��o ativa na nomea��o do ministro das Rela��es Exteriores, Ernesto Ara�jo, cuja indica��o foi atribu�da ao escritor e pensador Olavo de Carvalho, de quem � um fiel seguidor e a quem chama de "o maior fil�sofo brasileiro vivo".

Como ativista inflamado contra o que classifica de "marxismo cultural", presente, em sua vis�o, nas universidades, nas escolas, na m�dia e no mundo do entretenimento, ele teria se envolvido tamb�m, segundo quem acompanhou a forma��o da equipe de Bolsonaro, na nomea��o do ministro Ricardo V�lez Rodriguez, da Educa��o, outro integrante do governo indicado por Olavo.

Em sua cota pessoal, destacam-se as indica��es de Filipe G. Martins, assessor de Assuntos Internacionais da Presid�ncia, que o acompanha h� anos, e as da empres�ria Let�cia Catelani, sua ex-namorada, e do ex-assessor parlamentar M�rcio Coimbra, para diretorias da Ag�ncia Brasileira de Promo��o das Exporta��es (Apex), com sal�rios na faixa de R$ 40 mil. Antes, com o apoio de Ara�jo, ele j� havia convencido Bolsonaro a manter a Apex com o Itamaraty, contra a demanda do ministro Paulo Guedes, da Economia, que queria o �rg�o sob seu comando.

Convescote

A rela��o de Eduardo com a bancada do PSL - que deve chegar a 55 deputados e se igualar � do PT como a maior da C�mara, com a cassa��o do mandato de um parlamentar petista - foi marcada at� agora mais pelos "barracos" de que foi protagonista do que pelo empenho em organizar o trabalho dos correligion�rios, muitos dos quais s�o novatos no Legislativo.

Depois de cham�-los de "favelados" e afirmar que s� conseguiram se eleger por causa do pai, Eduardo se envolveu numa discuss�o acalorada no grupo dos parlamentares do PSL no WhatsApp. No bate-boca, que vazou para a imprensa, ele disse que a deputada Joice Hasselmann, eleita com mais de 1 milh�o de votos, � "sonsa" e tem "fama de louca". "N�o admito nem te dou liberdade para falar assim comigo. Ponha-se no seu lugar", retrucou Joice.

Numa outra frente, ao debochar de um convescote realizado por um grupo de parlamentares do PSL na China, em janeiro, foi confrontado pelo advogado Cl�ber Teixeira, chefe de gabinete do deputado Alexandre Frota, que participou da farra. "Se ele falar nesse tom no gabinete do Frota, quebro a cara dele", disse.

O ambiente ficou t�o carregada que Eduardo e seus aliados j� discutem a uni�o dos parlamentares do PSL considerados como "direita puro-sangue" e a poss�vel migra��o para outra legenda. Ao mesmo tempo, ele organizou uma peregrina��o de um grupo de deputados do partido para Richmond, na Virg�nia, nos Estados Unidos, onde vive Olavo de Carvalho, para receber uma esp�cie de "batismo ideol�gico".

Como conta quem convive com o cl�, Eduardo n�o � t�o pr�ximo do pai quanto seu irm�o Carlos, o segundo mais velho do trio, vereador do PSL no Rio de Janeiro e respons�vel pela bem-sucedida campanha de Bolsonaro nas redes sociais. Mas tamb�m n�o � t�o distante quanto Fl�vio, o primog�nito, eleito senador pelo Rio tamb�m pelo PSL. Fl�vio, que j� era o mais independente, afastou-se ainda mais do pai e dos irm�os com a divulga��o do chamado Caso Queiroz, no qual um ex-assessor seu � investigado por movimenta��es financeiras at�picas em sua conta banc�ria.

"Saia justa"

Talvez, Eduardo tamb�m n�o tenha a mesma influ�ncia de Carlos junto ao presidente, como se diz, e seja o que mais problemas costuma criar para o pai - ao menos at� o surgimento do Caso Queiroz. Por suas declara��es controversas, Eduardo j� levou v�rios pitos de Bolsonaro, nos quais ele desautorizava o "garoto" em p�blico.

Foi o que aconteceu quando falou sobre uma poss�vel rejei��o da reforma da Previd�ncia pelo Congresso. Ou quando criou uma "saia justa" para Bolsonaro na campanha, com a divulga��o de um v�deo em que dizia que bastavam "um jipe, um cabo e um soldado" para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF).

Nada isso, por�m, parece abalar a rela��o de Eduardo com o pai ou constrang�-lo em seus movimentos. Ao contr�rio. Na situa��o de filho do presidente, referendada por um resultado excepcional nas urnas, Eduardo parece convencido de que tem a for�a e est� blindado em sua atua��o de ministro sem pasta.

Ambicioso, ele pode estar se preparando para voos mais altos. Questionado por uma jornalista sobre seu desejo de suceder o pai em 2022, durante uma viagem ao Chile em dezembro, Eduardo respondeu: "N�o estou trabalhando para daqui a quatro anos ser presidente do Brasil. Mas, se as coisas correrem naturalmente, por que n�o?".

Contradi��o entre o discurso e a realidade
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) defende a moraliza��o da administra��o p�blica, mas nem sempre se mostra disposto a abandonar privil�gios que, se n�o s�o ilegais, simbolizam o sistema de benesses em vigor no Pa�s, que ele tanto critica.

Embora tenha morado com o pai em seu primeiro mandato, de 2015 a 2018, Eduardo recebeu aux�lio-moradia, de R$ 4,3 mil por m�s. Al�m disso, apesar de ter se reeleito e de j� ter moradia na cidade, ele embolsou no final de 2018 R$ 33,7 mil em aux�lio-mudan�a pago pela C�mara.

Por suas publica��es truculentas nas redes sociais, nas quais tem milh�es de seguidores, e por suas propostas pol�micas, Eduardo j� foi chamado de pitbull do cl�. Ele pr�prio afirma, por�m, amparado pelo pai, que o verdadeiro pitbull da fam�lia � seu irm�o Carlos, vereador no Rio de Janeiro.

Aqueles que tiveram ou tem contato com Eduardo dizem que, pessoalmente, ele n�o lembra nem de longe o ativista aguerrido que mostra ser em seus discursos e na internet. � at� dif�cil acreditar, mas, segundo eles, Eduardo � gentil e n�o costuma partir para o confronto direto com seus interlocutores.

Formado em Direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 2008, ele passou num concurso para escriv�o da Pol�cia Federal e atuou na cidade de Guajar�-Mirim, em Rond�nia, na fronteira com a Bol�via, no Aeroporto de Guarulhos, em S�o Paulo, e na capital paulista, at� se eleger deputado pela primeira vez pelo PSC, em 2014.

Semente liberal

Em 2016 e 2017, ele cursou a p�s-gradua��o em Escola Austr�aca, de orienta��o ultraliberal, no Instituto Mises Brasil, levado pela empres�ria Let�cia Catelani, que assumiu em janeiro uma diretoria da Ag�ncia Brasileira de Promo��o de Exporta��es (Apex), por indica��o dele.

Provavelmente, foi Eduardo quem plantou a semente do liberalismo em Bolsonaro, abrindo espa�o para ele se aliar a Paulo Guedes, hoje ministro da Economia. Mas, apesar de se dizer um defensor do livre mercado, ele segue a m�xima do fil�sofo Olavo de Carvalho de que a quest�o mais relevante � a cultural e n�o a econ�mica.

Surfista do tipo "menino do Rio", que j� pegou onda no Hava� e em Bali, na Indon�sia, Eduardo aproveitou a realiza��o da C�pula Conservadora das Am�ricas, em dezembro, em Foz do Igua�u, para pedir, de joelhos, diante da plateia, sua noiva, a psic�loga Helo�sa Wolf, em casamento. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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